A arte expõe, esclarece,
ilumina e é por isso que todo poeta pode enxergar nuances, cores e formas até
mesmo na mais profunda escuridão presente em qualquer intimidade de submundos
subjetivos que por alguma razão tocam-lhe na flor da sua pele escura e tão
amiga do sol. E aí é quando mais comove fazendo com que uma expressão singular
transborde da própria incontinência que torrencia e derruba todas as barreiras
por amor.
Ser poeta é
definitivamente um repente de poder ver na escuridão de qualquer submundo onde
a esperança e a graça tenha se ausentado pelo excesso de apego ou de egoísmos
quase sempre disfarçados por retóricas utilitaristas e capazes de iludir tão
somente aqueles tantos que jamais puderam aprender a lógica básica da vida e a
história do seu povo e do seu lugar que também é a sua própria história.
Afinal, há poesia em tudo
que pulsa como a vida assim como há poetas que cantam, que tocam instrumentos
harmônicos ou melódicos, que pintam e bordam, que desenham e que dançam no
embalo da música que persiste. Musa!
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Quem nunca sentiu dor
enquanto o seu corpo crescia e tudo mudava estava distraído demais para
perceber que estamos sempre em transformação. Aprender dói porque nos faz
crescer e essa transformação nos lança rumo àquilo que ainda desconhecemos. E
isso pode ser assustador mesmo quando é necessário prosseguir...
A verdade é que não há
outro caminho para quem deseja despertar consciência senão ousar rumo ao novo.
Provavelmente possa ser esse o fenômeno que nos torne cada vez mais plenos,
justos, livres e, por conseguinte, felizes. Parece mesmo que quanto mais nos
autoconhecermos, mais conhecimento teremos agora.
E curiosamente a
recíproca é verdadeira, uma vez que um fenômeno provoca o outro e vice-versa
intensamente! Suspeito que por isso a solitude agrade tanto aos inquietos por
dentro que se permitem transbordar na arte que nesse caso, é uma poesia
singular, desinteressada e que ousa sem dó escolher não se adequar a nada já
posto a priori como convenção; mesmo respeitando e conhecendo bem as formas.
Afinal, a poesia na sua
própria etimologia é uma desobediência necessária e tem quase tudo a ver com a
coragem de ser e expressar um mundo próprio através de um panorama doado
necessariamente apenas aos olhos daquelas e daqueles dispostos a ler e sentir
muito do seu próprio jeito. Musa!
*Prof. Dr. Pablo Eugenio
Mendes
Filósofo. Escritor.
Musicista. Filósofo Clínico.
Uberlândia/MG
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