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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

Startups da alma*

  “Dedicatória: Me ame, ame meu guarda-chuva.” James Joyce   Nota significativa para quem se sente feliz no seu canto, para quem tem um refúgio para a alma, para suas incongruentes manias de viver, de poder se sentir bem num canto, mesmo que seja na parte mínima de um lugar pequeno chamado casa. Um lugar que se transforma em espaço infinito, onde se pode sentir a liberdade de estar só. A tarde que esfria, o sol recolhe o calor externo, sozinho se pode vislumbrar a solidão do seu lado mais poético, às vezes assusta o instante em que aparece na casa do seu Ser. Parecendo filme, livro, uma viagem que se torna tão real que já não distingue se um dia saiu de seu canto do pensar sobre algo, ou se realmente existe base para conectar a leitura de um livro, a audição de uma música com o filme que está na memória e foi assistido há um tempo, e se tudo isso faz parte da realidade ou é mera participação do voo do inconsciente que se lança para diante do corpo. E se tudo isso era só um lu

Humanidade encapsulada*

Vocês já se depararam com profissionais que, de tão padronizadamente mergulhados no papel que representam, se pasteurizam tanto a ponto de encapsularem sua humanidade?! Há muito os tenho encontrado, nas mais diversas áreas. Percebo-os muito próximos, invadindo territórios esquecidos, não cultivados, abandonados. O assombroso é que o mercado não só ainda anseia como replica esses perfis, não raro fruto de linha de montagens do tipo: transforme-se em oito passos e seja você o sucesso! Sucesso que se traduz comumente no endosso do mesmo, ainda que travestido de diferente. Por um certo momento eu de fato pensei que essa Pandemia fosse suavizar o arrogante rompante de tudo conhecer e dominar. De reduzir visões de mundo ao enquadramento de nossos gostos e preferências, hermeticamente vedados e selados como se verdade fossem. A mais pura e absoluta. O resto é resto e que se dane, melhor ignorar… Nesse abissal individualismo o outro é aceito como igual, desde que reitere caminhos e não

Diagnósticos: qual o problema com eles ?*

Diagnósticos são uma forma de conhecimento que pretende considerar a realidade ou um grupo de particulares da realidade como comuns, uniformes, comensuráveis. Tenta, com isso, desconsiderar ou minimizar a mutabilidade, a indeterminação de um grupo de particulares. Em termos de filosofia, seria o conceito universal. Neste sentido, é uma ideia ou noção que pode ser partilhada por vários particulares. Portanto, o universal está separado da coisa particular, é, portanto, seu padrão ou critério de avaliação de correção ou de valor ou de “normalidade”, e, ao mesmo, tempo “participa” de cada particular dando a este sua essência ou natureza. Está fora de cada particular, mas define ele. Na medicina um diagnóstico dá ao particular, um coração, por exemplo, uma noção do que é a doença e qual os procedimentos que devem ser realizados para curar este órgão. Em termos de qualquer atividade corporal ou práticas corporais “corretivas”, o diagnóstico serve como uma aproximação do caso particular,

Era uma vez...*

  "As vezes, eu acredito em seis coisas impossíveis antes do café da manhã" (Alice no País das Maravilhas, Tim Burton, 2010) As singularidades adentram os espaços terapêuticos das mais improváveis formas. Alguns chegam indecisos sobre o porquê de estarem ali, afinal nem sempre existe obviedade; outros talvez não saibam que seja uma porta para descobertas tão incômodas quanto difíceis. Existe a probabilidade de que um turbilhão os perpasse, podendo arremessá-los até a mais insana possibilidade de ser. Na verdade, percorrer caminhos de encontros pode ser tão inusitado quanto permanecer inerte no estado catatônico em que a normalidade desavisada costuma nos mergulhar. Cada um tem sua estrada, suas histórias na bagagem, que muitas vezes arrastam melancólicos ou sem vontade, desgostosos do que mais desejam. Na verdade, as histórias se misturam em potes, cujo fundo nem sempre é visível. Falas entrecortadas de peculiaridades trazem à tona que um dia fui assim... há muito tempo n

Anotações e reflexões de um Filósofo Clínico*

Somos inesquecíveis nas memórias de outras pessoas, até mesmo das ingratas! Somos inesquecíveis porque não dá para sairmos ilesos de nenhum relacionamento. E a nossa presença em memórias alheias sempre assume forma e caráter conforme o próprio espelho condicionado na envergadura existencial de cada um... É o próprio alcance singular que define, dita, direciona e conclui, pois cada pessoa com a qual convivemos carrega consigo em algum lugar das suas memórias, um retrato nosso modelado muito fielmente ao seu próprio tamanho moral. Por isso, todo e qualquer apego é uma perdição necessária somente enquanto durar as cegueiras das ilusões persistentes na cabeça e no coração de quem ainda não aprendeu a amar. Musa!                                                ************ Talvez uma das grandes delícias da maturidade consista na descoberta de que sempre ocupamos um espaço na vida das pessoas com as quais nos relacionamos. E que a duração, a qualidade e o tamanho desse espaço sempre de

Anotações e reflexões de um Filósofo Clínico*

Ontem pediram-me que indicasse livros para ajudar professores a ensinar melhor.  Não pude fazer essa indicação. Na verdade, sugeri o caminho contrário: em vez de um livro para que se ensine bem, propus que se vá a cada aluno. * * * O segredo do ensino não está num livro: está na própria relação entre o professor e o estudante. Cada estudante é diferente: tem uma história de vida única, dispõe de seus afetos de modo particular, aprende da sua própria maneira. Por isso, cada relação professor-estudante é singular. O bom professor é aquele que utiliza a sua sensibilidade, a sua experiência e o seu conhecimento para estabelecer uma aliança de confiança com cada aluno - para que cada um deles mostre-lhe o que melhor funciona consigo. Isto é: antes de ensinar a matéria, o bom professor investe seu tempo e sua atenção para aprender como funciona o processo cognitivo de cada criança sob seus cuidados. * * * Cada pessoa aprende de sua própria maneira; a técnica didática que func

El instante aprendiz***

*Traducción:   Prof. Dra. Arantxa Serantes Al esbozar apuntes sobre una lógica de la locura, un envés del absurdo se desvela en astillas de múltiples caras. Frontera donde la normalidad se reconoce en sus paradojas. Una de las características de la expresividad delirante es ensimismarse en desacuerdo con el mundo alrededor. Crea dialectos de difícil acceso para proteger sus versiones de mayor intimidad. El papel de la Filosofía Clínica en la intersección con la crisis inmediata también es presentación indeterminada en un proceso caracterizado por la exageración de la manifestación del que comparte. Un no saber vehicula provisionales verdades en el compartir deconstructivo de las sesiones. Representaciones existenciales difusas se alternan en narrativas del tiempo de la persona. El lenguaje de la locura se constituye en un conjunto de convivencias estúpidas. El punto de partida es la extraordinaria lengua de la persona estructurada en alguna forma caótica.   Ernst Cassirer refie

Filosofia Clínica e Discurso Existencial*

  É com alegria e gratidão que compartilhamos o exemplar de n. 12 da prestigiada revista SÍLEX. Uma publicação da UARM - Universidad Antonio Ruiz de Montoya em Lima/Peru.   Nessa edição temos um texto intitulado: "Filosofia Clínica e discurso existencial", de autoria do Filósofo Clínico Hélio Strassburger. Para leitura do artigo na íntegra, clique no link abaixo:    Vista de Filosofia clínica e discurso existencial (uarm.edu.pe)   *Márcia Ribeiro Baroni Diretora da Casa da Filosofia Clínica

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