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Anotações e reflexões de um Filósofo Clínico*

Somos inesquecíveis nas memórias de outras pessoas, até mesmo das ingratas! Somos inesquecíveis porque não dá para sairmos ilesos de nenhum relacionamento. E a nossa presença em memórias alheias sempre assume forma e caráter conforme o próprio espelho condicionado na envergadura existencial de cada um...

É o próprio alcance singular que define, dita, direciona e conclui, pois cada pessoa com a qual convivemos carrega consigo em algum lugar das suas memórias, um retrato nosso modelado muito fielmente ao seu próprio tamanho moral. Por isso, todo e qualquer apego é uma perdição necessária somente enquanto durar as cegueiras das ilusões persistentes na cabeça e no coração de quem ainda não aprendeu a amar. Musa!

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Talvez uma das grandes delícias da maturidade consista na descoberta de que sempre ocupamos um espaço na vida das pessoas com as quais nos relacionamos. E que a duração, a qualidade e o tamanho desse espaço sempre dependerá das escolhas feitas dentro da jurisdição existencial de cada uma das partes envolvidas e que em algum momento se comoveram de maneira única, singular. E uma vez que possamos finalmente compreender essa questão tão singela e saborosa, provavelmente o melhor a fazer seja mesmo aceitar que nós só precisamos é aprender a deixar fluir tanto a nossa jornada quanto a jornada do outro, sem cobranças ingratas ou expectativas frustrantes.

E vale muito mesmo é o que deixamos no outro e o que recebemos em troca, pois a vida sempre flui e na medida em que vamos existindo em tantos lugares e momentos, vai se tornado cada vez mais interessante perceber que não há problema algum no fato de que muitas pessoas que acreditávamos durar até mesmo para sempre, irão partir enquanto outras, de maneiras inesperadas chegarão para ficar o tempo devido e com tanta intensidade ao ponto de nos causar uma grata e surpreendente sensação de que o tempo parou num agora inesquecível mesmo sem parar jamais...

E não raro, me persiste a impressão de que assim como num espelho, esse fenômeno também ocorra em mundos alheios e que sempre me provocam a convicção de que importa demais nutrir um bem querer e uma tremenda gratidão por tudo de bom que as relações vão nos deixando... Musa!

*Prof. Dr. Pablo Mendes

Filósofo. Musicista. Escritor. Mestre e Doutor em Filosofia. Filósofo Clínico. Em 2019 o Conselho da Casa da Filosofia Clínica lhe conferiu o título de “Doutor Honoris Causa”.

Uberlândia/MG 

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