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Mostrando postagens de maio, 2023

Notas para uma psicopolítica alternativa***

1. La ambivalencia de nuestra coyuntura psicosomática se encarna en la porosidad de una crisis anímica colectiva: el deterioro emocional de nuestras vidas precarias, agravado durante la pandemia, viene operando a su vez como punto de partida de “nuevos activismos psicopolíticos” y de iniciativas de “salud mental desde abajo”. Hoy el problema político es si delegamos la gestión de la crisis en el estado, la industria farmacéutica y el lenguaje progresista de las políticas desde arriba; o por el contrario, podemos resignificar y reapropiarnos de la crisis anímica desde abajo, redirigiendo las dinámicas de investigación y politización colectiva contra las causas estructurales del sistema productor de malestares. Animado por estos desafíos, releo dos libros antagónicos: Psicopolitica de Byung Chul Han (Herder) y Una lectura feminista de la deuda de Verónica Gago y Luci Cavallero (Tinta Limón). Leo de forma fragmentaria y dispersa, pero las resonancias militantes movilizan cierto deseo

O que é ser saudável ?****

Se existisse isso de ser saudável e talvez a pessoa dissesse sempre aquilo mesmo que pensa, trabalharia em algo que tem a ver com ela, teria amizades por afinidade, faria amor com quem ama. Existisse mesmo a pessoa saudável e Deus estaria com ela, os pássaros viriam ter com ela nas janelas e as janelas se abririam para o mundo. As crianças teriam escola e cresceriam com esperança - que não seria mais uma utopia. Os velhos seriam então apenas velhos e os adolescentes teriam a descarga adequada para seus dez mil hormônios. Haveria ainda solidão, tristeza, medo, ansiedade, é claro, e por que não ? Mas apenas às vezes, e seriam desejáveis porque ensinariam. A pessoa ficaria triste porque ocasionalmente isso é parte da vida, mas não estaria costumeiramente triste. Existisse a pessoa de fato saudável e eu não precisaria escrever este artigo, não teríamos livros de auto-ajuda nem de hetero-ajuda, as escolas de psicologia virariam respeitáveis museus e os médicos tratariam de consertar s

Paradoxo das sincronias – Nunca se está sincronizado totalmente com o mundo*

“Mas sem a integração da crueldade pela vida, também não haveria vida.”                                          Edgar Morin   Recolher a dor, deixar o tempo tomar conta do instante vivido, deixar de ir ao encontro do que anos atrás se fazia presente, quando a memória podia ser a guardiã. Nesta viagem de agora não estar nem no início e já temer o fim abrupto do mal que surge no horizonte: estrondos e explosões. O tempo que não foge do corpo, está colado nas paredes da alma, invisível é parte de todo o universo. Um breve esquecimento, o tempo que te salva é o mesmo que passa sem retorno programado. É como ter o controle da memória sem mesmo saber o caminho certo por onde ela anda esse tempo todo. Reprogramar a vida, autoanálise, pensar que os encontros sempre foram parte importante da formação da pequena história de cada corpo. Aqui estou. Reflito sobre a capacidade de encarar a vida sem perder os fios que ligam a memória ao tempo. Se o passado é feito de portas que se fecham, a

Expressividade*

Não! Não renuncio à vida. Não vou seguir atirando na sarjeta cada sagrado segundo desta breve viagem, nas mãos da racionalidade, civismo e bom senso excessivos... O que de selvagem me restou travestiu-se na fôrma da ignomínia.    Todavia, o fogo que arde no âmago das profundezas da vera essência, derrete as tolices formais e devolve a verdade imprecisa, pura, inocente. E só assim há coerência; o que não há no medo, nem na medida. O que não há na causa, nem no efeito. O que não há no tempo, nem no espaço. Coisas essas, que somente existem na opressão em que nos afogamos por nossos próprios meios. E tampouco neste asqueroso âmbito temos qualquer mérito ou recompensa. Escravidão, escravidão! Cegueira, cegueira, coletiva cegueira!!! Se liberdade não há, que ao menos não haja o grilhão. Gênero? Instituições? Moral? Formação? Modelos de aparência e conduta? A quantas chaves mais deveríamos nos trancafiar num cotidiano oco, padrão, robótico, mecânico, eletrônico, com o controle remoto

Polifilosofia, Lógica do terceiro incluso e Filosofia Clínica***

  A Filosofia Clínica é uma filosofia vazia de filosofia: é uma filosofia negativa, é uma não-filosofia, porque é total acolhimento. Ela nada impõe: ela recebe e acolhe as outras filosofias, inclusive as incompatíveis e contraditórias. A sua lógica geral somente pode ser uma lógica na qual as contradições sejam bem-vindas.  Bachelard sugere que nenhuma filosofia corresponde à totalidade do mundo: seria necessária a criação de uma polifilosofia, de uma filosofia aberta de segunda ordem, na qual todas as filosofias – mesmo as filosofias contraditórias, mesmo as filosofias incompatíveis – tivessem um lugar. Essa polifilosofia é, propriamente, uma filosofia vazia de filosofia; ela é pura forma, é uma filosofia de segunda ordem, uma metafilosofia. Essa filosofia de segunda ordem, essa filosofia polifilosófica, evidentemente não pode existir segundo as normas da lógica clássica. Afinal, a lógica clássica não suporta as contradições e as incompatibilidades. Ela exige uma lógica do terceir

Clínica e teatro*

Rolando dados de Semiose Onde oralidade e escrita silenciam, o corpo grita! O repertório que angariamos em nossa trajetória existencial nos auxilia a qualificar nossas interseções, sejam pessoais ou profissionais. Quando essa bagagem brota de uma trajetória analisada, meio caminho andado... Percepcionar a nós mesmos, navegando espacialidades, pode nos colocar tanto diante de jardins secretos vicejantes quanto diante de terrenos baldios espinhosos. Passado o assombro inicial, ambos guardam lições preciosas a partilhar e sinalizam autogenias capazes de dirimir embates internos. E com isso, suavizar e/ou eliminar choques externos. Talvez quanto mais parturientes de nós mesmos sejamos, mais habilitados para acolher e dialogar com outros estejamos. Sócrates, com a maiêutica, e Platão, com a dialética, que o digam! A maiêutica (arte de parir a alma) nos leva além, nos aproxima do cerne da questão, nos coloca diante do novo enquanto arquétipo. Mas como dar a luz sem a dilatação necess

El instante aprendiz***

*Traducción:  Prof. Dra. Arantxa Serantes Al esbozar apuntes sobre una lógica de la locura, un envés del absurdo se desvela en astillas de múltiples caras. Frontera donde la normalidad se reconoce en sus paradojas. Una de las características de la expresividad delirante es ensimismarse en desacuerdo con el mundo alrededor. Crea dialectos de difícil acceso para proteger sus versiones de mayor intimidad. El papel de la Filosofía Clínica en la intersección con la crisis inmediata también es presentación indeterminada en un proceso caracterizado por la exageración de la manifestación del que comparte. Un no saber vehicula provisionales verdades en el compartir deconstructivo de las sesiones. Representaciones existenciales difusas se alternan en narrativas del tiempo de la persona. El lenguaje de la locura se constituye en un conjunto de convivencias estúpidas. El punto de partida es la extraordinaria lengua de la persona estructurada en alguna forma caótica.   Ernst Cassirer refier

O primeiro passo para compreender a Filosofia Clínica*

O título ideal para um texto desse tipo sobre filosofia clínica, deveria ser: Abordagem do que não é possível ser abordado, guia para um texto que não deveria ser escrito. Controverso, não? Mas, nas linhas seguintes, explicitaremos o porquê que um título assim seria justificável. Para esclarecer nossa proposta, vamos nos remeter a Sócrates (469 a.C. – 399 a. C.) um ateniense que mudou o foco da filosofia Ocidental. Longe de nos determos em longas linhas acerca da história da filosofia, abordaremos apenas alguns traços desse pensador para servir ao fio condutor de nossa reflexão. Antes de Sócrates, havia pensadores denominados filósofos da natureza, ou seja, suas reflexões estavam voltadas para o todo, o cosmos, a ordem, a origem de tudo o que é. Depois desses pensadores, surge Sócrates inaugurando o pensamento mais antropológico. Ele não escreveu nada, tudo o que sabemos dele foi escrito por seus seguidores, como Platão, ou por opositores, como Aristófanes. Platão nos mostra que

A literatura como matéria-prima*

  A cultura literária é condição indispensável para a aproximação com a Filosofia. É fácil entender o porquê: o leitor de bons livros vive várias vidas em sua vida; assim, pode intuir o que há de universal na experiência humana possível, a partir de uma pluralidade de experiências humanas, no curto tempo de sua existência. É esse o sentido da bela fórmula do filósofo espanhol Fernando Savater: “a Literatura multiplica a alma”. * * * A deficiência literária na Filosofia produz um pensamento pueril: produz a Filosofia de visão míope e fôlego curto, a Filosofia dos horrendos congressos de pós-graduandos e dos irrelevantes “papers” - o túmulo do espírito. * * * A Literatura, a Grande Literatura, é a matéria-prima de que se constitui todo o pensamento que vale a pena ser pensado. * * * Amigos, não basta saber ler para compreender um texto. Para absorvê-lo mais ou menos inteiramente, é preciso conhecer o campo de sentidos em que foi escrito. Isto é: o domínio da língua não se

Críticas*

“Há apenas uma maneira de não receber críticas: não faça nada, não diga nada, não seja nada”.   Esta é uma frase que ouvi há muito tempo e que está na internet com diferentes nomes de autores, então prefiro não colocar nenhum. Mas o que interessa aqui para mim é que isso se torna mais verdadeiro hoje nos dias das mídias sociais e do enxame de pessoas com “coisas a dizer” na internet. A gama de informações aumentou vertiginosamente, mas a capacidade de se colocar aberto a críticas ou ao diálogo não acompanhou esse crescimento. Na era da subjetivação da personalidade, do acesso e exposição pessoal de cada vírgula pensada, a gama de opiniões e “verdades” assola nosso entorno em qualquer lugar que nos conectamos. Hoje não é somente as grandes mídias de televisão, jornal ou rádio que dão opinião e contam “verdades” ou fatos, mas qualquer um da rua, que cruzamos no dia a dia. As comunidades “tribais” cresceram vertiginosamente o que favoreceu aparecerem do ostracismo ou da margem a q

Edital para a edição de inverno da revista da Casa da Filosofia Clínica*

  Olá! Para acessar o edital: CLIQUE AQUI Envie seu texto até o dia 21/05 para a edição de inverno,  que estará disponível em julho/2023. Coordenação

Leituras clínicas*

“O ponto de vista Partilhante, ao se deixar acessar pelos termos agendados, reivindica um leitor de raridades. O fenômeno terapia aproxima papéis existenciais da clínica com a arqueologia. Sua estética cuidadora, a descobrir e proteger inéditos, mescla saberes para acolher as linguagens da singularidade.”                                                Hélio Strassburger                              O trecho citado está na obra “ A palavra fora de si ”. Ed. Multifoco/RJ. 2017, do professor Hélio e especificamente no texto dedicado “As linguagens da terapia”. Aqui é essencial dar-se conta de que o veículo que nos faz percorrer caminhos dentro do espaço clínico é a linguagem, e nesse sentido, é papel do cuidador dar espaço de passagem e fornecer proteção às cenas que se revelam sessão após sessão, acolhendo o conteúdo. Durante esses 5 anos de clínica, atendi algumas mulheres (sim, hoje falarei delas). Sou grata pela confiança que depositam no processo clínico, sei dos meus limites de

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