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Mostrando postagens de junho, 2023

Revista da Casa da Filosofia Clínica Inverno 2023 - Ed. 05

  Revista da Casa da Filosofia Clínica Inverno 2023 CLIQUE PARA LER A edição de inverno convida para uma relação com o saber e o sabor da introspecção reflexiva, na companhia do chocolate quente, chimarrão, café recém passado, em sua poltrona e leituras preferidas. Desejamos boas leituras no aconchego de onde você estiver. CLIQUE PARA LER

Pessoas & Cidades*

Como se conhece uma cidade? Existem vários métodos. Alguns turistas preferem aquelas excursões onde visitam cinco países em dez dias. Entram em um ônibus confortável com ar refrigerado, guia local, cafezinho a bordo e fazem um city tour de três horas. Tiram fotos, selfies, compram lembrancinhas nos principais pontos turísticos e postam em suas redes sociais. Outros optam por permanecer mais tempo na cidade, visitam parques, museus, restaurantes, conversam com pessoas. Dependendo da duração da estadia, aprendem a se locomover de metrô ou ônibus, fazem compras em lugares mais baratos, alimentam-se em restaurantes não turísticos, não erram tantos caminhos e até mesmo formam amizades genuínas com cidadãos locais. Começam a ter intimidade com a cidade, salvando-se do isolamento dos forasteiros. Mesmo assim, ainda falta muito para se conhecer uma cidade. Sua história, projetos para o futuro, rede elétrica, viária, pluvial, educacional, religiosa, financeira, sistema de saúde, governantes

Âncoras*

'Navegar é preciso; viver não é preciso'              (Fernando Pessoa)   Navegar e viver costumam ser desafios ao sabor dos ventos e das marés, como uma flecha lançada ao vento, sem rumo nem piedade, sem desculpas, sem destino, talvez só aquele que obstinadamente julgamos traçar. Não há garantias e pode não haver volta... e a cada movimento, entropicamente, detonamos o estoque de energia que nos foi reservado, sem nos darmos conta de que alguma coisa se esvaiu, de que algo precioso transmutou. Sabemos que emergimos do ventre e que vamos findar no ocaso da existência. O rio que corre entre essas duas margens, que por alguma razão somos impelidos a saltar, é que costuma fazer a diferença. Navegar é tão preciso quanto viver e viver é tão impreciso quanto navegar... uns se debatem sem alcançar suas ilhas distantes; outros buscam âncoras que os salvem daquilo que nem mesmo suspeitam, pois para ter qualquer migalha de conhecimento, virtude, experiência, ainda é preciso insisti

Filosofia Clínica e Discurso Existencial*

É com alegria e gratidão que compartilhamos o exemplar de n. 12 da prestigiada revista SÍLEX. Uma publicação da UARM - Universidad Antonio Ruiz de Montoya em Lima/Peru.  Nessa edição temos um texto intitulado: "Filosofia Clínica e discurso existencial", de autoria do Filósofo Clínico Hélio Strassburger. Para leitura do artigo na íntegra, clique no link abaixo:   Vista de Filosofia clínica e discurso existencial (uarm.edu.pe)   *Márcia Ribeiro Baroni Diretora da Casa da Filosofia Clínica

Viés cognitivo nas interpretações*

  “Despertos, eles dormem”               Heráclito   Como seres de cognição temos muito mais chances de errar o alvo do conhecimento/verdade do que acertar. É por isso que temos que ter um pouco mais de consciência de nosso aparato cognitivo e como ele, em linhas gerais, funciona. E, ainda assim, estaremos muito mais perto do erro do que do acerto cognitivo. E, por isso, além desse conhecimento geral sobre como funcionamos cognitivamente, temos que ter sistemas de revisão de crenças, juízos, conceitos etc. Ou seja, se queremos acertar em algo minimamente temos que trabalhar muito para isso. É por isso que a palavra conhecimento e verdade em filosofia é um mérito, um alcance cognitivo superior. No mais das vezes, no nosso dia a dia ficamos muito longe do conhecimento ou da verdade que a filosofia procura estudar. Mas isso não é problema, pois mesmo assim damos conta de nossas vidas e conseguimos, no mais das vezes, resolver nossas questões práticas da vida. O problema aparece qu

Maria sim, vai com as outras não*

  É encantador ver a força da mulher atual. Do modernismo à contemporaneidade, essa batalha pelo direito de ser livre e feliz, é espetacular. Sou meio paradona, pacifista, um pouco avestruz e de verdade, me perdoem, prefiro ficar de fora das lutas, dessas lutas que se evidenciam por causas e ideias. Não me queiram mal. Admiro e faço minha parte na torcida e orações pelas conquistas que mulheres de fibra e, para alguns, diferentes de mim, buscam em nome do respeito que todas merecemos. Todo movimento dá em transformação. Tenho visto lutas de todos os tipos em favor da liberdade de expressão, do direito de igualdade no trabalho e na vida, quanto à proteção e defesa nos casos de violência, para uma maternidade mais bem exercida, parto natural garantido e tantos outros atos lindos direcionados a formas de como a mulher pode viver melhor, depois de tantos séculos onde era vista como símbolo de inferioridade e tudo o que a ela se relacionava. Fico feliz por quem arregaça as mangas de for

Buscas e singularidades existenciais***

  Nas primaveras de 2007, 2008, 2009 e 2010, após centenas de sessões, entendemos que já era chegado o momento de partir, cada um para uma direção própria e singular, intencionada para não mais proporcionar encontros terapêuticos presenciais. A partilhante em questão, uma profissional bem-sucedida da Engenharia da Computação e especializada em Inteligência Artificial, não satisfeita com o diagnóstico de autismo que veio somente aos 35 anos, iniciou uma busca que ela mesma nominou de “autoconhecimento versão 2.0”. Ela tirava as suas férias sempre nas primaveras, hospedava-se num hotel da cidade de Porto Alegre/RS e desde o primeiro dia dessa estação comparecia pontualmente às nossas sessões sempre previstas para ocorrerem das 7:30 às 8:45h no nosso consultório itinerante situado no parque da Redenção. Como regra, trabalhávamos de segunda a sábado, fizesse chuva, fizesse sol, e, como exceção, aos domingos, ela escolhera comparecer ao parque sempre sozinha para fazer o mesmo trajeto fil

Um olhar para a singularidade*

Pensar a singularidade é um exercício de ver que “A vida insinua-se de um jeito único na subjetividade de cada pessoa, lugar privilegiado para decifrar os enigmas da natureza (...)”, os enigmas de sua própria natureza, da natureza das coisas e do mundo. Aí, no fenômeno da singularidade, há espaço para o “exótico aparecimento”, quem sabe por esses caminhos possamos acessar alguma identidade, alguma integridade sobre quem somos, um pouco mais leves das bagagens impostas. Há quem busque comparações e generalizações ao longo da vida, há quem se adapte bem a esse modo de ser e ver as coisas, de ler o mundo através de termos gerais. Há quem se sinta completa ou parcialmente preso por essas tipologias, classificações e diagnósticos e, no entanto, careça de um outro tipo de olhar, o singular, ainda ofuscado, escondido em algum recanto seu ou do mundo, e sabe que algo em si fica sem espaço para transbordar diante de uma sociedade viciada em padrões, muitas vezes camuflados em discursos sobr

Opiniões de idiotas cultos e ignorantes*

  Embora os conhecimentos humanos sejam fragmentos da totalidade de sua existência, não significa que quem é versado em um conhecimento, possa dar opiniões sobre todo o resto com a mesma convicção. Algumas pessoas reivindicam a especialização em suas áreas devido ao tempo de formação necessário para tal construção de conhecimento para falar sobre seus temas, mas pensam que todos os assuntos que se encontram em “conversas de boteco” possam ser abordadas por todos da mesma maneira. Temas como política e religião são os que mais aparecem nesses pretensos conhecimentos de domínio público. Não se estuda esses fenômenos, porém fala-se como se todos soubessem exatamente o que é. Além disso, ainda há aqueles que se tornam “especialistas” quando são famosos como atores, youtubers, blogueiros, jornalistas (leitores de tele pronto), músicos, entre outros. Estes são usados com frequência como discurso de autoridade, não pela verdade do que apresentam, mas pela consonância que seus discursos tê

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