Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2021

A relação EU-TU em Gadamer - na relação terapêutica da Filosofia Clínica*

RESUMO : a relação hermenêutica entre eu e tu em Gadamer, em sua obra Verdade e Método coloca a ética como fundamento primeiro e último dessa relação. Com vistas a uma nova ordem mundial hermenêutica, através do diálogo, da escuta, do direito e da voz do outro, tanto para conflitos geopolíticos como para uma relação cotidiana entre pessoas, Gadamer determina alguns critérios para um diálogo de abertura onde as partes: eu e tu, têm responsabilidades éticas nessa dialética. Na apresentação dessa relação ética hermenêutica gadameriana, vamos deliberar que o lugar ou espaço dessa relação ideal que ele coloca, não é na política ou em outra área mais ampla, mas é possível dentro de uma outra relação, uma relação terapêutica, porém não a psicanálise, mas a filosofia clínica, por ela apresentar e defender veementemente a singularidade. KEYWORDS : Gadamer – hermenêutica – ética - filosofia clínica – dialética -singularidade. INTRODUÇÃO : Na obra Verdade e Método Gadamer fala na relação eu

Depoimentos compartilhados***

Na correria do dia a dia, quase todo mundo já tentou controlar o tempo e sentiu em algum momento que não estava cumprindo como gostaria todos os papéis existenciais, seja o de filha, mãe, executiva, líder e tantos outros que assumimos ao longo da vida. Tudo isso causa uma ansiedade em nós e a pandemia aguçou ainda mais esse sentimento, não é mesmo?   Em uma época da minha vida eu vivi isso, um atropelo existencial que refletiu forte em mim. Sei o quanto é frustrante esse sentimento de que você se dedicou tanto no trabalho, mas no fim do dia percebeu que só encheu esse pote e os demais papéis de sua vida ficaram meio vazios. O que me ajudou a centralizar e enxergar tudo para me organizar melhor foi a Filosofia Clínica. Para quem não sabe, a Filosofia Clínica tem uma abordagem terapêutica e usa os conhecimentos filosóficos na prática. Um dos princípios fundamentais dela é a singularidade, em que cada pessoa é única e tem sua EP (Estrutura de Pensamento). Esse método pode ser aplicado

Recortes do cotidiano*

  "O rosto do silêncio é o olhar que se percebe através dele. São muitas as mensagens à espera das representações de não-dizer. Natureza de difícil acesso em seus contornos mutantes. Costuma deixar pistas nos sussurros contidos por entre os espaços da intencionalidade. Lá onde o indizível se contém em enigmas de silenciar. (...) Lugar para relação da liberdade reflexiva com uma sublime aptidão criadora. Espaço para reorganização do mundo. Tempo de seguir os vôos e mergulhos com esses fenômenos de aparência desestruturada. Um vislumbre para a intuição de originalidades contidas entre o ser e o nada da condição humana. Contradição em curso na negação que os afirma. Aparente vazio onde a inspiração inscreve suas ideias e delírios em forma de traço. Onde o ser se objetiva além da palavra. Interseção das ausentes realidades com o silencioso abandono das horas. As expressividades do silêncio podem elaborar palavras de ordem para a invasão dos seus espaços internos. Momentos de autotra

O ângulo das perplexidades*

Um dia desses avistei uma crítica, daquelas que você fica pensando sobre a representação de onde partiu. A pessoa disse assim: “nome estranho esse: Filosofia Clínica, não me soa bem”. A partir daí, surgiram algumas  notas sobre esse lugar de onde se diz o que se diz, ainda quando se acredita saber o que se conhece.       O preceito socrático: “Só sei que nada sei”, oferece uma deixa aprendiz para conviver com a dialética das originalidades. Elas possuem uma fonte singular de rituais e dialetos, inacessíveis a um contato de superfície. Sua expressão costuma ter um sentido obtuso, a uma leitura distanciada de sua origem.       Um ponto de vista excepcional aprecia ser inesperado. Cabe ao sujeito se deslocar para ser protagonista com a desmedida de toda medida; mesmo assim, sua tez de caráter incompreendido, continua a desconstruir convicções. Uma descrição dessa natureza precursora, parece escolher a quem revelar sua ótica. Não bastam as medalhas, condecorações, títulos, para justifi

Lançamento - online - da obra: Introdução à Filosofia Clínica de Miguel Ângelo Caruzo

 

É amanhã! Bem vindos!!

                              Apresentação: Há pouco mais de dez anos, conhecia uma proposta terapêutica única chamada filosofia clínica. Em poucas semanas, iniciava meus estudos no curso de formação. Hoje, após ter me tornado filósofo clínico, trabalhando como terapeuta e formador, da etapa teórica até a supervisão de estágios, lanço um livro: a Introdução à filosofia clínica. Trata-se do fruto de estudos teóricos, da prática de consultório e do aprendizado contínuo de quem se dedica também a formar novos filósofos clínicos.   O leitor dessa obra vai se deparar com uma proposta ousada e despretensiosa. A ousadia fica por conta de sintetizar um método terapêutico cujo conteúdo de cada capítulo poderia preencher volumes enciclopédicos inteiros sem esgotar sua profundidade. Mas, por ser uma síntese, não houve a pretensão de abarcar as minúcias de tão vasto tema. Ao mesmo tempo, a proposta também busca alcançar um público amplo para tornar conhecida essa jovem área com seus pouco mais

Anotações e reflexões de um Filósofo Clínico*

O meu filho me perguntou qual é o objetivo da vida. Levei uns minutos para lhe responder. Essa pergunta é tremendamente séria. Finalmente, disse ao meu filho que o objetivo da vida é descobrir o que melhor fazemos aqui no mundo, e fazer isso cada vez melhor. * * * Isto é: ao descobrirmos as nossas potências, podemos agir para realizá-las. Assim, fazendo o que fazemos melhor, podemos ocupar o nosso lugar na ordem da existência - o que nos harmoniza com o Cosmos e nos conduz pela estrada da eudaimonia. * * * O critério dos ganhos financeiros não pode ser a medida do sucesso de ninguém. Afinal, todos conhecemos pessoas milionárias que levam uma vida miserável - e pessoas de vida simples, mas feliz. Sucesso não é o mesmo que dinheiro: é bem outra coisa. Somente posso julgar o sucesso de uma pessoa a partir do critério da auto-realização - isto é: a pessoa bem-sucedida é aquela que encontra a realização da sua existência no trabalho que se propõe a fazer, seja intelectual, art

Espelhos da Vida*

“Aquilo que chamamos de fato pode muito bem ser um véu tecido pela linguagem para ocultar da mente a realidade.”                                           George Steiner        Ver o sol refletido na água é poder ver tudo o que há no abismo entre as linguagens, a melhor forma de não perder a tradição da fala e o poder da leitura após observarmos que o céu não tem dono, apenas espectadores. Existem os que frequentam a vida, assim como os que vivem a vida intensamente. Os dois tipos são apenas espectadores da cosmológica definição poética existencial sobre a vida. A prova é estar vivo. De repente os conceitos, como um jogo de cartas, passam de mão em mão, olhos em olhos, pensamentos, sentidos, tudo no mesmo tempo. A sincronia é atonal, o som não é único, o estar vivo é o movimento do não verbal com os sentidos e a mente. O sintomático está diante da certeza de que o fim é um céu infinito, também podemos pensar que o fim esbarra logo ali, na primeira esquina, no primeiro susto, na

Bom dia! Vai acontecer!

  Apresentação: Há pouco mais de dez anos, conhecia uma proposta terapêutica única chamada filosofia clínica. Em poucas semanas, iniciava meus estudos no curso de formação. Hoje, após ter me tornado filósofo clínico, trabalhando como terapeuta e formador, da etapa teórica até a supervisão de estágios, lanço um livro: a Introdução à filosofia clínica. Trata-se do fruto de estudos teóricos, da prática de consultório e do aprendizado contínuo de quem se dedica também a formar novos filósofos clínicos. O leitor dessa obra vai se deparar com uma proposta ousada e despretensiosa. A ousadia fica por conta de sintetizar um método terapêutico cujo conteúdo de cada capítulo poderia preencher volumes enciclopédicos inteiros sem esgotar sua profundidade. Mas, por ser uma síntese, não houve a pretensão de abarcar as minúcias de tão vasto tema. Ao mesmo tempo, a proposta também busca alcançar um público amplo para tornar conhecida essa jovem área com seus pouco mais de vinte e seis anos desde quando

A Medicina e os remédios*

Querido leitor, que você esteja bem. Hipócrates, filósofo grego, foi membro de uma família que, durante várias gerações, praticara a ciência da saúde, por isso é considerado o pai da medicina moderna. Inclusive, é atribuída a ele a frase “que seu remédio seja o seu alimento e que seu alimento seja seu remédio”. Quando falamos em remédio, você que lê este artigo, provavelmente deve ter lembrado daqueles que compramos nas farmácias. Mas remédio não é só isso. Algumas pessoas, ao passar na casa da mãe e sentem aquele cheirinho de bolacha, de pão que vem do forno a lenha, este cheiro pode ser um saudoso remédio. Já para outras, o simples fato de ouvirem uma música que tem a ver com sua historicidade, pode estar se remediando. Sim! Se estas músicas entram em seus corações acalmando, então se transformou num remédio. Tem um conhecido meu que sente aquele cheiro adocicado do estrume de gado e logo faz um deslocamento à gostosa infância rural, hoje vivenciada na selva de pedra. Aquele ch

Um novo paradigma terapêutico

 

As respostas na singularidade*

Os filósofos clínicos não têm respostas para as questões apresentadas a eles até que conheçam a pessoa a ser ajudada. Não há fórmulas gerais, respostas estatísticas ou soluções padronizadas. O auxílio e a compreensão são viabilizados através da escuta atenta, paciente e aprofundada ao longo das sessões. É na história de vida experienciada e relatada pelo partilhante onde as respostas se encontram. A pessoa, seu mundo, sua constituição e seu modo de lidar em sua existência são as bases de trabalho terapêutico da clínica filosófica. O mundo da pessoa não é dado ou identificado objetivamente. Por meio dos exames categoriais, o terapeuta identifica o mundo vivido pelo partilhante: suas relações com pessoas e coisas, suas circunstâncias, sua experiência subjetiva da temporalidade, como se dá sua vivência em diversos lugares etc., relatados por ela mesma. Através da montagem da estrutura de pensamento, o filósofo identifica os elementos constituintes da pessoa, aquilo que habita sua al

Super-heróis do cotidiano*

Se você só vê gente viva e já acha que está de bom tamanho; se o mais próximo que chegou de um gnomo ou fada foi através de desenhos animados; e se até considera viagem astral uma ideia bem bolada, mas prefere apreciá-la em relatos alheios, esta crônica é pra você. Pra você que, assim como eu, também é uma pessoa comum. Ou seja: nunca viu espírito, não tem o dom da clarividência, não faz ideia de como se hipnotiza alguém e também não consegue ir muito além do ascendente nas interpretações de mapa astral.  Somos pessoas comuns, com nossas limitações, mas também com potencialidades e é sobre elas que quero falar. Muito embora não consigamos acessar esses níveis mais sutis da existência, nós, seres humanos comuns, também temos poderes. Super poderes, pra falar a verdade! Cito quatro, primordialmente: autoconhecimento, autogoverno, auto-superação e auto-esquecimento.   Autoconhecimento é olhar com honestidade e franqueza pra si mesmo, analisando virtudes e qualidades, mas também fragil

Acontecendo na Casa da Filosofia Clínica online

 

Foto olhar*

  Olhar do poeta seduzido Pela imagem vibrante, Faz brotar palavras canto.   Nem expirar e inspirar, no Congelar instante eterno. Fresta de indomável belo, Pintura divina no espaço Mágico de existir, Deixa florecer o Ser.   Será Deus extasiado com sua obra?   Ou Ele se revelando A   Si-Mesmo?   Por aqui vejo o que me olha. Congelo a imagem, Deixo brotar palavras frágeis Impotentes expressividade Da filigrana luz de Deus.   Me vem Pessoa cantando Em meus ouvidos: “Se Deus é as flores, as árvores E o luar… Para que o chamar de Deus”.   Passei a nominá-lo sem vergonha. Em cada detalhe o celebro, Com toda beatice do envelhecer. E, o Amo e contemplo em sua Farta beleza.     Meus olhos se fazem oração. Registro a foto olhar em meu coração sempre Apaixonado pelo puro Instante do viver.   (tomando Sol no quintal - quem disse que Deus não nos fala? basta olhar ver.) *Dra. Rosângela Rossi Psicoterapeuta. Escritor

Poéticas do Indizível*

  (...) Graças as sombras, a região intermediária que separa o homem e o mundo é uma região plena, de uma plenitude de densidade ligeira. Essa região intermediária amortece a dialética do ser e do não ser".  Gaston Bachelard                                                         Uma crença muito antiga aprecia atualizar-se desse enigmático hoje que um dia foi amanhã. Poderia ser o pretérito imperfeito de uma busca ou aquele quase nada onde tudo acontece. Atualização de um dialeto nem sempre dizível, a se alimentar nas fontes inenarráveis, nos paradoxos, nas desleituras criativas.   Seu visar inédito sugere desvãos ao mundo que se queria definitivo. Costuma ser abrigo do acaso na versão do avesso das coisas. Ao referir o encantamento das pequenas devoções, parece traduzir esse texto interminável, por onde a vida escoa seus segredos. Realiza um esboço sobre as tentativas de decifrar um mundo que é mistério por natureza.   A característica de ser imprevisível seria insuportáve

Para saber mais e melhor

 

Fragmentos Filosóficos Clínicos*

  "Na expressividade ainda não cooptada pelos rituais conhecidos, suas deixas, sobras ou deslizes incitam a interrogação para outras verdades. Fonte de matéria-prima às incertezas recém-decaídas das convicções. Seu anúncio de nitidez inesperada se oferece na escassez de um porém. Sua irrealidade ainda sem fundamentação não desmerece paradoxos, ao contrário, os fortalece com sua existência sutil."  Helio Strassburger.  Pérolas Imperfeitas - Apontamentos sobre as lógicas do improvável . Ed. Sulina. Porto Alegre/RS. 2012 "A folha em branco à espera do traço rememora o que se cala nas afirmações. O sujeito assim descrito refere, no chão de suas vertigens, uma estética dos excessivos roteiros. Interseção onde temor e tremor transbordam expressividades de anúncio. Sua errância descreve peripécias ilegíveis ao dado literal, sua sobrevida acontece nos contornos e margens do mundo conhecível. Ao cogitar uma ideia, insinua a embriaguez de ser nada, faz-se entrelinhas na quimer

Visitas