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As respostas na singularidade*

Os filósofos clínicos não têm respostas para as questões apresentadas a eles até que conheçam a pessoa a ser ajudada. Não há fórmulas gerais, respostas estatísticas ou soluções padronizadas. O auxílio e a compreensão são viabilizados através da escuta atenta, paciente e aprofundada ao longo das sessões.

É na história de vida experienciada e relatada pelo partilhante onde as respostas se encontram. A pessoa, seu mundo, sua constituição e seu modo de lidar em sua existência são as bases de trabalho terapêutico da clínica filosófica.

O mundo da pessoa não é dado ou identificado objetivamente. Por meio dos exames categoriais, o terapeuta identifica o mundo vivido pelo partilhante: suas relações com pessoas e coisas, suas circunstâncias, sua experiência subjetiva da temporalidade, como se dá sua vivência em diversos lugares etc., relatados por ela mesma.

Através da montagem da estrutura de pensamento, o filósofo identifica os elementos constituintes da pessoa, aquilo que habita sua alma, seus conflitos, sonhos, dores, amores, verdades, valores, lembranças etc.

Os chamados submodos revelam os meios pelos quais cada partilhante viabiliza quem ela é ou está sendo, como lida interna e externamente com as coisas, pessoas, situações das mais diversas naturezas.

Há um método a ser utilizado. Um método que permite a percepção de cada singularidade. Os manuais da filosofia clínica são indicações de procedimentos com o intento de compreensão o universo particular, único, de cada ser humano.

Se há uma afirmação universal proposta pela filosofia clínica, ela consiste na afirmação de que todo ser humano é singular, independente das estatísticas, das padronizações, das antropologias ou de quaisquer outras imposições generalizantes.

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo   

Filósofo. Escritor. Professor. Filósofo Clínico.

Teresópolis/RJ

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