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Anotações e reflexões de um Filósofo Clínico*

O meu filho me perguntou qual é o objetivo da vida.

Levei uns minutos para lhe responder. Essa pergunta é tremendamente séria.

Finalmente, disse ao meu filho que o objetivo da vida é descobrir o que melhor fazemos aqui no mundo, e fazer isso cada vez melhor.

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Isto é: ao descobrirmos as nossas potências, podemos agir para realizá-las. Assim, fazendo o que fazemos melhor, podemos ocupar o nosso lugar na ordem da existência - o que nos harmoniza com o Cosmos e nos conduz pela estrada da eudaimonia.

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O critério dos ganhos financeiros não pode ser a medida do sucesso de ninguém. Afinal, todos conhecemos pessoas milionárias que levam uma vida miserável - e pessoas de vida simples, mas feliz. Sucesso não é o mesmo que dinheiro: é bem outra coisa.

Somente posso julgar o sucesso de uma pessoa a partir do critério da auto-realização - isto é: a pessoa bem-sucedida é aquela que encontra a realização da sua existência no trabalho que se propõe a fazer, seja intelectual, artístico, técnico ou prático; é aquela que exerce as atividades para as quais tem talento e vocação, e ama o que faz.

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Entendo que um dos papéis mais importantes dos pais seja o de descobrir as aptidões dos seus filhos. Assim, os pais podem incentivá-los, de diferentes maneiras, nos caminhos possíveis da sua auto-realização. E a auto-realização é um caminho que precisa partir de dentro: é um caminho diferente para cada pessoa.

É por isso que não nos importamos com o diploma que um dia o João vai obter, se é que vai querer obter diploma.

Para nós, o que importa é que ele faça algo que lhe dê realização e sustento. Seja como músico, como médico ou como jardineiro.

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Viemos do pó e ao pó retornaremos. A vida é o que fazemos no breve instante entre a poeira e a poeira. 

*Prof. Dr. Gustavo Bertoche

Filósofo. Escritor. Musicista. Professor. Tradutor. Filósofo Clínico.

Teresópolis/RJ

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