“Aquilo que chamamos de fato pode muito bem ser um véu tecido pela linguagem para ocultar da mente a realidade.”
George Steiner
Ver o sol refletido na
água é poder ver tudo o que há no abismo entre as linguagens, a melhor forma de
não perder a tradição da fala e o poder da leitura após observarmos que o céu
não tem dono, apenas espectadores. Existem os que frequentam a vida, assim como
os que vivem a vida intensamente.
Os dois tipos são apenas
espectadores da cosmológica definição poética existencial sobre a vida. A prova
é estar vivo. De repente os conceitos, como um jogo de cartas, passam de mão em
mão, olhos em olhos, pensamentos, sentidos, tudo no mesmo tempo. A sincronia é
atonal, o som não é único, o estar vivo é o movimento do não verbal com os
sentidos e a mente.
O sintomático está diante
da certeza de que o fim é um céu infinito, também podemos pensar que o fim
esbarra logo ali, na primeira esquina, no primeiro susto, na primeira ação, na
violência cometida pelos que querem ter o controle de tudo, dos que usam as
forças espirituais para cercarem-se da certeza que só a força é que pode
mantê-los. Estamos diante disso.
A verdade toma forma
diversa, atribuído o conhecimento histórico ao ato de compreensão, é uma
maneira de usar bem ou mal na mesma proporção de viver longe de tudo o que está
no acontecido.
Diante do absoluto do
medo, da linguagem mais abstrata ao mais tosco e vil imperativo que é dar
sentido ao mal como sendo ele a única possibilidade de salvar vidas em nome de
um só desejo, tal qual o conquistador enlouquecido por sua falta de sensibilidade
se orgulha de sua razão do bem melhor, que é nada mais que uma seletiva forma
de dizer o que serve, o que deve ser excluído.
O exílio está dentro de todos, só que para
alguns estar perdido na própria falta de conseguir o controle é como estar sem
a dimensão do tempo, sem poder olhar o que nunca conseguiu ver. De fato
estávamos no excesso do cansaço, o esgotamento era sintoma de erro, o sujeito
estava suprimido por sua luta diária de chegar cada vez mais longe. Para nada.
Agora mesmo disse para
meu melhor interlocutor que a mim basta o silêncio, ouvir a natureza, ao fundo
uma música e águas que possam espelhar o céu. A infinitude morre na distopia,
li ou pensei. É o que não quero.
*Prof. Dr. Luis Antonio Paim Gomes
Filósofo. Escritor.
Editor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
Comentários
Postar um comentário