Existem duas maneiras de começar a tecer o comentário sobre a obra de Hélio Strassburger: a primeira é descrever um pouco do que é o livro, do que ele trata, quais as referências que alcança para trazer de volta ao texto; a segunda é falar do autor que é sua própria obra, a construção do pensamento pela compreensão do que se pensa.
Isso não é pouca coisa, é a grandiosidade e a humildade de quem se propõe a fazer a reflexão sobre o elo entre a abstração e a construção diária do pensamento com olhar crítico e quase, por que não, terapêutico.
Dedico-me a fazer este breviário do autor, que vive a filosofia clínica como se vivesse se alimentando da arte, da música, das letras, do voo intelectual. E esta obra é contemplada com uma leitura maravilhosamente casada, entre o que se pensa e o que se sente, através das gravuras de Márcia Baroni.
Escutar é tarefa do filósofo clínico, mas Strassburger é um exímio ouvinte de sua vida, de suas viagens filosóficas, dos voos entre imagens e a textura, as linguagens que o fascinam a ponto de compreender que a lógica por vezes é apenas a protagonista das razões. Digo que todo pensamento percorre esses caminhos, entre o aprender, o viver, o eterno compreender da vida, a hermenêutica dos entendimentos.
Nele está o lado vivencial da terapia, no lugar de si, estar diante do outro na perspectiva de pensar juntos as possibilidades em que o ser filósofo clínico consegue se multiplicar diante do acolhimento que vai desde a linguagem à semiose partilhada com o outro.
Filosofia clínica: anotações e reflexões de um consultório, publicada pela editora Sulina/RS, é uma viagem, os caminhos trilhados pelo autor, sua trajetória, suas escolhas, reflexões e voos pela cultura são um convite a se beber deste vinho, digo, deste livro que fará bem ao leitor. Nada é fim, tudo é possível, se pensarmos na hermenêutica compreensiva, no olhar fenomenológico sobre a vida.
Os horizontes se abrem na
leitura, a interpretação é a relação mais próxima que se tem com esse fazer
terapêutico do filósofo clínico quando propõe a abertura de temas que perpassam
o cotidiano, a interioridade do sujeito, com o embasamento hermenêutico na
compreensão do Ser. Essa é a incompletude do pensamento? O livro te leva por
essas trilhas, remonta historicamente a trajetória da Filosofia Clínica como
terapia e conhecimento dos “jardins subjetivos” da vida.
Filósofo. Escritor. Poeta. Editor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
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