Minha estranha mania de
significar!
Olhei para dentro da
minha bolsa e vi minha sapatilha. Pensei em retirá-la, mas de repente percebi
que não queria. Pensei e pensei. Ora! Por que deixar minha sapatilha de dança
dentro da minha bolsa? De minha alma surgiu a resposta, profunda e significativa.
Eu acredito na sorte que essa sapatilha me traz e quão bem me tem feito, depois
de anos, voltar a dançar. Parece que se eu retirá-la da minha bolsa do dia a
dia, minha vida não estará tão plena como sinto quando danço! Então, depois de
muito me questionar, resolvi deixá-la na bolsa, junto com meus pertences mais
íntimos e indispensáveis para os meus longos dias.
Loucura? Fanatismo?
Paixão? Fé?
Não! Nada disso!
Amor...
Sim, amor pela arte do
movimento que completa minha vida dando sentido a vários sentimentos escondidos
e sufocados por anos. Libertação! Coragem de seguir em frente mesmo que tenham
muitos que digam que o que faço e sinto é outra utopia. Será que minha
estrutura de pensamento conseguiria suportar as pressões de cada dia sem um
pouco da tal utopia?
Minha representação de
mundo é tão coloridamente otimista, cheia de encantos, mesmo tendo sofrido
muitos desencantos. Tenho fé na minha sapatilha, na minha vida, na arte que
sempre me resgata das profundezas das minhas tristezas. Quem poderia entender?
Quem poderia julgar? Quem poderia viver tudo o que vivi e dizer que não se
portaria da mesma forma diante da vida? Somente eu.
Decidi que não vou
retirar da bolsa a sapatilha da sorte. Decidi deixá-la até quando eu precisar
dela para um novo ensaio, para que ela cumpra seu papel existencial que é de me
proteger os pés. Sim! Estranho pode parecer, entretanto, de agora em diante
minha sapatilha irá acompanhar-me.
E quando eu estiver
meio perdida em algumas ideias complexas que são características da minha
estrutura de pensamento me apegarei fervorosamente em minhas sapatilhas e
lembrarei dos primeiros passos do meu retorno àquilo que me tem feito ser
novamente contente, a dança!!!
*Vanessa Ribeiro
Filósofa, matemática,
atriz, dançarina, estudante de filosofia clínica
Petrópolis/RJ
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