Ludwig
Wittgenstein fundamenta a linguagem como abertura, ressalta inexistir um único modelo
discursivo. Seu esboço de saber interminável acolhe a descrição pessoal como
algo insubstituível. Um pensamento de anúncio da expressividade como o subsolo
da singularidade.
Os
usos diferenciados dos termos agendados no intelecto encontram, na
historicidade do sujeito, sua fonte de inspiração. Essa pronuncia, sob muitos
aspectos, compartilha a trajetória de sua movimentação existencial. A
expressividade se movimenta num viés de deslocamento na direção da autoria.
Um
vocabulário assim descrito aparece como o esboço de uma forma de vida. Para compreender
o significado de um discurso, é necessário saber a intenção do autor. Esse
endereço existencial onde nasce e se desenvolve, constitui a pessoa como inédita.
A filosofia analítica, na reflexão de Wittgenstein, se qualifica como
constructo metodológico a preservar a origem das pronúncias.
Seus
escritos possuem um caráter libertário, apreciam emancipar o ser sujeito em
cada um. O autor, em seus enunciados, busca traduzir a razão de ser
intraduzíveis os relatos, se distantes da manifestação subjetiva. Numa ótica
assim descrita, o dicionário comum a todos, poderia ficar ininteligível, sem a
presença de algum direcionamento as suas expressões. O filósofo transcende a
linguagem para tentar decifrar seus enigmas.
Para
o pensador das investigações filosóficas, uma hermenêutica, longe da autoria,
pode significar uma derivação ou um comentário crítico, jamais uma fidelidade com
as origens discursivas. A palavra, retirada de seu contexto já é outra palavra.
Nesse sentido, uma ideia na mente, seus desdobramentos, podem emancipar textos desconsiderados,
na intimidade de um ponto de vista.
Ao
compartilhar a noção de jogos de linguagem, concede alma nova aos excluídos do
saber oficial. Retira do exílio a extraordinária condição de ser singular.
Ressalta o movimento das ruas e avenidas, acolhe zonas discursivas ainda sem
representação. Contamina o dicionário bem ajustado com a lógica dos excessos.
*Hélio Strassburger
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