Epifania (é uma súbita
sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo)
Com a chegada da
maturidade e o nascimento da minha
netinha, chegou também uma nova nota de amor pela vida. Tão
silenciosa quanto poderosa. Um verdadeiro reset na alma. Veio colocando os problemas no exato tamanho
de sua realidade. Tudo ficou pequeno e
o sentido da coisas se refaz a cada descoberta a cada espanto a cada sorriso da
doce Tetê .
Com ela estou vivendo doces momentos de
epifania, me sentindo como a Clarice Lispector que inúmeras vezes redescobre as
coisas e os acontecimentos mais simples como uma criança que se depara com algo
pela primeira vez e vive o encantamento. da descoberta.
A pequena está
com 7 meses e a vovó está a 4
meses sem fumar, depois de ter fumado mais de 30 anos. Quando paro pra pensar, tenho uma sensação estranha, afinal por
muitos anos acreditei que eu jamais
conseguiria abondar este vício, mas consegui e a verdade é que sinto ter
resgatado a pessoa que era originalmente antes do cigarro, antes de incorporar
esse comportamento tabagista estou falando de tudo que fui antes dos 15
anos..
Não posso me furtar de
reconhecer que o desejo de eliminar este habito vinha de longa data, ha mais ou
menos uns 4 anos. Assim fui tomando
medidas que achei possível nesse e em cada tempo, elas dizem respeito a pequenas modificações.
Depois de ver uma reportagem sobre os males do cigarro, descobri que a limpeza
do pulmão ocorre no período da manhã e que este era o pior horário para inalar
essa fumaça toxica. Diante disso não tive duvidas , exclui os cigarros matinais.
O próximo passo ,foi
mudar para uma tipo de cigarro suave e reduzir
a nicotina pela metade, porem continuava fumando uma quantidade
indevida. Nos últimos dois anos, sempre depois do Ano Novo eu reduzia para três
cigarros dia, durante um mês, queria ficar mais tempo assim, mas logo o vicio voltava com tudo e eu passava a
fumar 20 cigarros a cada 24 horas.Foi um longo caminho.
Agora estou
reencontrado com meu eu, isso é maravilhoso, redescubro uma nova força e a máxima "Eu posso" ecoa dentro de
mim. Como consegui de fato? Penso que o Start foi com esse vovorecer, com ele
fui buscar ajuda e a primeira e mais pratica foi química , usei o que ha de
mais moderno no tratamento anti
tabagismo, período que durou dois meses
.
Usei a medicação como
apoio e quando senti que a dependência química a nicotina estava sob controle,
fui diminuindo a dose. Em uma semana me livrei dos remédios. Agora estou bem e
sinto no meu coração que não vou retroceder.
As vezes olho ali
atrás e tenho a sensação que aquela
fumante compulsiva nunca fez parte de mim, um verdadeiro estranhamento, em
outros momentos sinto que ela esta ali a espreita a espera de uma nova
oportunidade que decididamente não permitirei que aconteça
É como se, o período
que fui possuída pelo vício, tenha revelado o
meu auto encarceramento existencial e agora uma força maior toma posse da minha vontade e
simplesmente resolve me libertar,
estou deliberadamente sobe a chancela da
vontade de poder.
As três primeiras
semanas, foram as mais difíceis, com
instantes de ansiedade abruptos que se dissipam com a mesma velocidade do click
de um isqueiro.Mas o mais incrível e que vale uma analise, eram os sonhos,
tinha pesadelos terríveis, sempre que estava sendo roubada ou que um bandido
estava querendo extirpa uma pedaço do meu corpo.
É mole? Imagino que se
deva exatamente a falta química da nicotina no corpo, o cérebro representa isso
como algo ruim afinal esta viciado. Terrível, não?.
Felizmente a fase dos
pesadelos passou, e com isso uma bonança
interior começa a se avolumar no meu intimo.
Certa vez um psiquiatra
falou que largar o cigarro em termos de comprometimento químico, emocional e
comportamental era mais difícil do que largar a cocaína, apesar de nunca ter
usado cocaína posso entender de onde vem essa afirmação, realmente os fatores
que vedam essa dependência tabagista transcendem a coisa química.
Felizmente o momento
certo aconteceu, ele esta inteiramente ligado a estrutura de pensamento aos
valores, a afetividade a emoção,ao perdoar-se e ao permitir-se. Finalmente
entendi que sou o que posso ser, que fiz tudo que fui capaz de fazer e que
somos todos anjos em universo terrivelmente infinito e hostil a nossa pequena
compreensão. Então que sejamos tudo que pudermos no tempo que pudermos.
*Alba Regina Bonotto
Psicóloga. Filósofa
Clínica
Curitiba/PR
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