Por convenção dizem que
hoje é o dia do poeta.
Mas como isso pode ser
assim? O poeta e as convenções jamais se deram bem, são incompatíveis,
sobretudo, porque enquanto um quer padronizar, ajustar e tolher asas, o outro
deseja por inteiro libertar e impulsionar sonhos até a sua concretude. Quem crê
nas convenções, quase sempre são tradicionalistas demais, realistas demais e
seguramente dotados de dois pés e um coração bem presos ao chão.
Já os poetas - pelo
menos um - justamente esse que vos fala é um desajustado, não passa de um
sonhador com coragem suficiente para ousar sentir e fazer mesmo em tempos de
tanta descrença e cegueira.
A verdade é que talvez,
ser poeta não caiba num dia inteiro nem em lugar nenhum, com efeito, pelo
simples fato de que ser poeta é tão somente agora, nem ontem, nem hoje, nem
amanhã, apenas agora e sempre do início a eternidade presente em cada átomo, em
cada célula, em cada pulso, impulso ou pausa; ser poeta se dá nos gritos e nos
silêncios também, se dá no calor de um abraço, de um beijo, se dá até mesmo
quando se escolhe a solidão para sábios e duradouros resguardos.
Enfim, ser poeta, pelo
menos para um deles, provavelmente o menos hábil, perpassa necessariamente pela
consciência de que nunca nenhum realista transformou a realidade porque para
fazer história e mudar o mundo nosso ou dos outros fundamentalmente é preciso
sonhar e ter coragem. Musa!
*Prof. Dr. Pablo Mendes
Filósofo. Educador.
Filósofo Clínico
Porto Alegre/RS
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