“A solidão me madurou
de borboleta... Estou apto, já posso discursar com minhas paredes.”
Djandre Rolim
Na intenção de olhar
absurdo um ânimo extraordinário descreve a novidade ao meu redor. À primeira
vista se parece com um visar de fatia, uma sensação de incompletude, logo
depois se desdobra em possibilidades de interseção.
Seu caráter de
obra-prima desenha, em cada mudança perspectiva, eventos de primeira vez a se
repetir. As entrevistas e suas contradições colocam em movimento o que parecia
imutável. Talvez o sentido buscado, sem se saber que existia, para a
desconstrução dos cenários pré-agendados.
Nesse vislumbre
andarilho uma estética do imaginário se compõe dos percursos a percorrer. Sua
busca, quando apressada, pode conformá-la nalguma ótica definível. O viés
discursivo diante do espelho pode reivindicar um distanciamento maior para
desembaçar suspeitas, desvendar vestígios, desajustar o foco excessivamente
rígido da normalidade.
Os pergaminhos
esquecidos apontam vidas marginais, dialetos situados no próprio centro das
atenções. Um de seus refúgios preferidos é a cegueira do espírito de multidão.
Ao perseguir esse
endereço desconhecido, o tempo parece se alimentar dos indícios esparramados
pelo caminho. Iniciando uma viagem objetiva, quase sempre começa outras, no
universo subjetivo de cada sonhador. Contraste irrefletido pelo esboço das
poéticas a desalojar adjacências, até então, indizíveis.
Nessa região em vias de
quase nada, os vislumbres apreciam se insinuar como não-ser. Reflexos de um
mundo onde as verdades se encontram à beira do abismo. Matéria-prima de uma
lógica sem palavras, tratativas para apontar esse laboratório da natureza nas
entrelinhas da própria estória. Superlativo saber e de procedência indefinível,
reivindica-se na estrutura de um faz de conta. Seu aspecto de ser o que não é
protege o ser que é.
Seu contexto se
alimenta de pretextos contraditórios e, na fração entre uma versão e outra, o
ziguezague epistemológico_intuitivo tenta desalojar pontos de vista à margem.
Seu texto repleto de inacabamentos compartilha derivações ao que se tinha como
cristal. Na ante sala dos enredos delirantes se ensaia o transbordar
pessoal.
O templo sagrado da
alma aprendiz acolhe evasivas, contornos, exuberâncias. Depois de algum tempo
pode descobrir, no imprevisível de toda rotina, a dialética do universo. Assim
os itinerários vão deixando pistas sobre a fenomenologia dos roteiros por vir.
*Hélio Strassburger in "A palavra fora de si - Anotações de Filosofia Clínica e linguagem". Ed. Multifoco. RJ. 2017.
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