“A imagem mental é a imagem que é descrita quando alguém descreve sua imaginação”. (Wittgenstein)
Comer todas as palavras e
certezas de palavras, vãos em muros, filamentos do tempo, a história, paixão e
fome dos olhos, diafragma da alma, um escape de som, uma luz entre os corpos,
um resto de palavras, o som quase silêncio entre o medo e a revelação, a fome
do desejo nas paredes do tempo, e o corpo abundantemente dança em luz que
suaviza os movimentos, o som perdido entre os livros, uma letra entre as
letras, a formação de nuvens no outono, o céu se fecha, os olhos de sal,
mareados, o instante final do esquecimento desaparece entre os restos dos dias,
afasia da desrazão em águas profundas, um mar de realidade, um revestimento
encobrindo a palavra, a claridade na luz do sol cortando o revestimento, o
emergir. De volta. É como trazer as palavras e o corpo de volta à superfície.
E os braços em longos, demorados
movimentos, chapinhar entre plantas submersas, mistura de cansaço e carpas
passando rente a pele, próximo do fim, o dia, um nadar quase na escuridão do
lago adormecido, um outono de esquecer o que já viveu.
Sem salva-vidas, ler o livro,
entre folhas úmidas, os braços no ritmo dos nadadores que buscam a liberdade no
ato, no primeiro capítulo da viagem sem lugar para acabar. A imagem mental do
nadador é quando ele escreve sua liberdade, descreve nas braceadas, sua
imaginação naquilo que se esgota, não acaba nunca, pois é velejador sem fim.
“O problema filosófico tem a
seguinte forma: ‘Não sei me orientar em meio a essas coisas”.
*Prof. Dr. Luis Antônio Gomes
Filósofo. Editor. Escritor. Livre
Pensador.
Porto Alegre/RS
Comentários
Postar um comentário