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Postagens

Só a Gil*

  “Como eu aqui agora Pensando sobre o além Já não haverá o além” Gilberto Gil     Como é bom te ouvir, te ver Gil, é bom ver Gilberto Gil, te sentir, ouvir a voz, sentir o veludo de tua voz da pele na música. Deslizar nos sentidos. Como é bom sentir tua presença, a infinita paixão, o amor quântico, o riso protetor de tua voz, a melodia em meu caminho, o caminhar da tua vida na solidão dos caminhantes. Como é bom te ter, dentro, diante de ti no mais elevado prazer, gozar te ouvindo. Vendo-o cantar, nesses anos todos de minha vida senti mais o humano de tudo que vivi. Como é bom preparar meus dias, ouvir tua voz no fundo, no quarto ao lado, no soluço do amor, na viagem que não acabou, na consideração de um dia ter sido o que sou. Como é bom poder abrir os olhos e saber que existe, que me acompanhou durante esses anos todos que vivi, nos amores que tive, nas fugas que fiz, nos adeuses que sempre te ouvi. Me acompanha na distância da poesia que é onipresente. Passei diante de

A palavra mágica*

“Vive a tua hora como se gravasses o teu nome na epiderme de um tronco novo. Mas não voltes mais tarde para junto dessa árvore, porque podes não reconhecer o teu nome nas cicatrizes das velhas letras.”                                                                        Felippe D’Oliveira   Sua tez de singularidade maldita refere uma simbologia em viés de encantamento. Na veemência discursiva compartilha uma fatia generosa de paraíso. O sagrado_profano esboça uma íntima convivência com a reciprocidade. Os significados apreciam aliar-se aos papéis existenciais de travessia. Assim o feitiço da palavra como medicamento aprecia as estruturas mutantes envolvidas na interseção. Ao sugerir a cidade das maravilhas, é possível um novo entendimento e relação com o universo interior. Sua fonte de inspiração, muitas vezes, se faz menção em dialetos de esquiva. A magia, um pouco antes de ser representação traduzível, aprecia transbordar nalguma forma de excesso. Uma fenomenologia em aromas

Filosofia Clínica e os rótulos*

  Os Papéis Existenciais são rótulos em Filosofia Clínica. Segundo Lúcio Packter, o tópico estrutural XXII – Papel Existencial diz respeito aos rótulos, aquilo que a pessoa utiliza como princípio de identificação, mas, em alguns casos, esta identificação pode ser uma roupagem.    Como podemos identificar um Papel Existencial? Na historicidade da pessoa aparecem os Papéis Existenciais ou rótulos por nomeação direta, como: “eu sou filho”, “ eu sou pai”, “eu sou terapeuta” e assim por diante. Esta pessoa está dando um parecer sobre uma roupagem existencial com a qual se apresenta em diferentes âmbitos da existência dela. A própria pessoa é quem confere nomes ao Papel Existencial. Ele é atribuído por ela mesma, muitas vezes, para cada circunstância de sua vida. Compete à própria pessoa assumir e ter isso para com ela como um Papel Existencial ou não. É possível um Papel Existencial fazer parte da pessoa, mas sendo atribuído de fora para dentro por outra pessoa, isso via agendamento

Leituras Clínicas*

  “O ponto de vista Partilhante, ao se deixar acessar pelos termos agendados, reivindica um leitor de raridades. O fenômeno terapia aproxima papéis existenciais da clínica com a arqueologia. Sua estética cuidadora, a descobrir e proteger inéditos, mescla saberes para acolher as linguagens da singularidade.”                    Hélio Strassburger   O trecho citado está na obra “A palavra fora de si” do professor Hélio e especificamente no texto dedicado “As linguagens da terapia”. Aqui é essencial dar-se conta de que o veículo que nos faz percorrer caminhos dentro do espaço clínico é a linguagem, e nesse sentido, é papel do cuidador dar espaço de passagem e fornecer proteção às cenas que se revelam sessão após sessão, acolhendo o conteúdo. Durante esses 4 anos de clínica, atendi algumas mulheres (sim, hoje falarei delas). Sou grata pela confiança que depositam no processo clínico, sei dos meus limites de filósofa clínica aprendiz, isso não nos impede de fazer boas construções compart

Anotações e Reflexões de um Filósofo Clínico*

  O que significa dizer que o filósofo clínico é um aprendiz? Embora seja apresentado em cursos que variam entre 18 e 24 meses, o conteúdo da filosofia clínica preencheria tranquilamente uma formação de quatro anos com a carga horária de uma graduação. Ainda assim, continuaria sendo um curso com conteúdos introdutórios. Um filósofo clínico aprende a teoria, realiza a formação da prática, mas precisará continuar seus estudos teóricos e práticos por toda a vida. A alma humana não se esgota em uma formação. O certificado que habilita à clínica é uma autorização e não a comprovação de que não há nada mais a ser aprendido. A filosofia clínica é um aprendizado para a vida toda. Hoje, dez anos depois de ter iniciado minha formação, me vejo tão iniciante quanto meus alunos que estão há alguns meses na formação. Meus professores são os filósofos clínicos com os quais converso, os artigos e livros que leio, os áudios e vídeos que acompanho, e os partilhantes que atendo semanalmente. Ser fi

Conexões Profundas. Precisamos?*

  Ao longo de um dia podem ser dezenas; ao longo de uma vida, dezenas de milhares. Pessoas outras, no mundo, com as quais nos encontrarmos, existem pelo menos sete bilhões. Mas com quantas podemos construir conexões profundas? E por que isso é importante?   As relações superficiais são tão necessárias quanto o ar que respiramos. Cabem no happy hour depois do trabalho, no vôlei de praia aos finais de semana, no café ou chopp de vez em quando. A pauta: amenidades... Falamos sobre o desempenho do time do coração, sobre a adequação na escolha de um determinado ator para determinado papel, sobre o meme que foi sensação das mídias sociais naquele dia.   Por outro lado, as conexões profundas são vitais, pelo simples motivo de que necessitamos, em alguma medida, elaborar nossas questões. Quanto tempo conseguimos fugir, negar, maquiar nossas dores, frustrações, vulnerabilidades, sem um único “eu te entendo”, mesmo que venha acompanhado de um “você sabe que vacilou, não”? Terapeutas estão co

Fiz cinquenta anos, e agora?*

A medicina diz que começamos a envelhecer a partir dos 30 anos de idade. Comigo não foi bem assim. Comecei a envelhecer quando meu filho nasceu. Por coincidência tinha justamente trinta anos. Achava que como pai tinha responsabilidade financeira e gastava todos meus dias trabalhando para sustentar a família. Chegava em casa tarde da noite, acabado de tanto cansaço, mal conseguindo aproveitar o calor de um lar. Voltei a ficar jovem quando nasceu meu neto.    Brincamos juntos todas as manhãs na pracinha do bairro e me renovo todo dia.     Comecei a envelhecer quando me preocupei em esconder os primeiros fios de cabelo branco. Rejuvenesci quando deixei os grisalhos crescerem natural e desalinhadamente por cima das orelhas. Sentia-me um velho trabalhando sem prazer, amargurado, reclamando e só pensando no dia da minha aposentadoria. Depois de aposentado, virei criança. Esta conversa de envelhecer depois dos trinta começava a cair por terra. Pensava que depois de ficar viúvo, a vida não

As Linguagens da Terapia*

O espaço compartilhável da clínica aprecia se constituir num acordo de singularidades. Um desses lugares onde a interseção dos personagens pode acontecer. O veículo capaz de transcrever essa objetividade fugaz é a linguagem. As palavras, ainda quando silenciadas, convidam, pela atualização discursiva, a ingressar nos inéditos cenários. Uma pronúncia das vontades costuma elencar o mundo como representação da pessoa. As palavras escolhidas para dizer, pensar, imaginar, constituem um aprendizado fundamental à atividade clínica do Filósofo. A aventura pessoal descrita na história de vida se utiliza de códigos linguísticos próprios.   Esta página em branco, inicialmente, rascunha-se em borrões. Seu vocabulário vai fazendo sentido na continuidade dos encontros, qualificação da relação, aprendizado da nova língua. Os deslocamentos da introspecção, compartilhados na hora-sessão, convidam a reviver eventos pelo viés atual. No entanto, ainda assim, o interior das palavras aprecia guardar um

Livro dos Dias*

  “...a recordação de certa imagem não é senão saudade de certo instante...”                                                  Marcel Proust   O que resta desses dias, do ano que se extingue, como se simplesmente pudéssemos abrir mão da memória e deixar que o esquecimento decrete o fim? O que ainda existe para terminar, ainda é uma música a tocar, um dia mais, só mais alguns minutos para ir ao próximo ano. De ir acima no voo mais distante, depois voltar lá do alto para as profundezas, num mergulho de resgate, de captar o que de bom está no que já está para acabar, jogar tudo dentro da alma, depois voltar do fundo, na bagagem o peso, a leveza no voo para novamente subir ao próximo dia. A noite será testemunha, o tempo ficou um pouco nebuloso, logo o sol voltará a brilhar, e voar ao desconhecido foi o que mais se fez durante esse tempo todo, entre sonhos, a viagem é poder sentir o som de tudo, do silêncio, o canto do pássaro que acorda junto do corpo que continua emergindo das águas

Agora é oficial! Vai acontecer!

  Em 2021, a Casa da Filosofia Clínica - Escola de Altas Habilidades , abrirá sua primeira turma com aulas on-line . Essa inovação será possível pelos acordos de cooperação entre o Conselho da Casa da Filosofia Clínica, Direção Geral e Coordenação de Cursos. As vagas serão limitadas. Pré-requisito: Graduação concluída em curso superior ou cursar Filosofia. Mais informações e pré-inscrição com a Coordenação de Curso : heliostrassburger@casadafilosofiaclinica.com Porto Alegre, RS, dezembro de 2020.   Direção Geral

Instrução em Filosofia Clínica*

A Filosofia Clínica é um tema amplo a ponto de seu próprio sistematizador, Lúcio Packter, falar que mesmo uma enciclopédia seria um meio limitado para abarcá-lo. Tal tarefa, dizia ele, ficaria a cargo das gerações vindouras de estudiosos desta nova abordagem terapêutica. Em razão desta amplitude, tudo o que se disser sobre a Filosofia Clínica tocará apenas em breves partes do todo que a constitui.   Dito isto, pretendo apontar orientações de estudos para os iniciantes a fim de que, ao exercer o trabalho de consultório ou usar seus princípios para as mais diversas áreas profissionais, tenham meios de obter resultados consistentes. Essas orientações não são imposições. Como trabalhamos com a questão da singularidade, cada aspecto apresentado deve ser acolhido, adaptado ou até recusado à medida que encontrar ou não consonâncias em sua Estrutura de Pensamento. A primeira orientação diz respeito ao domínio teórico da abordagem. Embora a prática seja mais complexa do que a exposição didá

Casa da Filosofia Clínica, de Porto Alegre (RS), concede ao filósofo clínico Beto Colombo o título de Doutor Honoris Causa*

Catarinense de Criciúma (SC), Beto Colombo foi homenageado pela entidade por seus relevantes estudos em filosofia clínica nas organizações. Há dez anos, Beto Colombo levou os métodos da filosofia clínica – até então voltada exclusivamente ao atendimento em consultórios – para dentro das empresas, criando assim o que hoje se conhece como Filosofia Clínica nas Organizações.  O filósofo atende empresas em processo de sucessão e também analisa a cultura organizacional a fim de identificar a estrutura de pensamento das empresas, chegando ao que ele denominou de a Alma da Empresa, título de seu livro em parceria com o filósofo clínico Rosemiro Sefstrom, lançado em 2016 e que ganhou uma edição bilíngue (português-espanhol) no final de 2019, ambos publicados pela Dois Por Quatro Editora, de Florianópolis. Além de ter escrito diversos livros voltados à gestão e à filosofia, Colombo foi um dos fundadores do Instituto Sul Catarinense de Filosofia Clínica e atualmente coordena o curso de pós-g