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Anotações e Reflexões de um Filósofo Clínico*

 

O que significa dizer que o filósofo clínico é um aprendiz?

Embora seja apresentado em cursos que variam entre 18 e 24 meses, o conteúdo da filosofia clínica preencheria tranquilamente uma formação de quatro anos com a carga horária de uma graduação. Ainda assim, continuaria sendo um curso com conteúdos introdutórios.

Um filósofo clínico aprende a teoria, realiza a formação da prática, mas precisará continuar seus estudos teóricos e práticos por toda a vida. A alma humana não se esgota em uma formação. O certificado que habilita à clínica é uma autorização e não a comprovação de que não há nada mais a ser aprendido.

A filosofia clínica é um aprendizado para a vida toda. Hoje, dez anos depois de ter iniciado minha formação, me vejo tão iniciante quanto meus alunos que estão há alguns meses na formação. Meus professores são os filósofos clínicos com os quais converso, os artigos e livros que leio, os áudios e vídeos que acompanho, e os partilhantes que atendo semanalmente. Ser filósofo clínico é permanecer aprendiz, é se ver como iniciante, é saber que não sabe tudo, é cultivar o espanto e a admiração ante o novo que diariamente se apresenta no relato da vida de cada partilhante.

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Quais são as vizinhanças existenciais que têm a ver com você?

Alguns de nós precisam viver em embates constantes. Outros necessitam de parceiros para conquistas. Há os que buscam acolhimento e amor para que possam se sentir apoiados em sua jornada.

Quem não vive bem com brigas, pode sofrer com embates e não ir a lugar algum. Quem não é de trabalhar em grupo, pode ver nas parcerias um atraso para seus projetos. Quem não se identifica com vínculos emocionais, pode não ver nesses aspectos algo que faça bem.

Enfim, encontrar o tipo de vizinhança existencial de acordo com quem somos e o que buscamos pode ser determinante para continuarmos nossa vida. Os que apresentei são apenas exemplos elucidativos. As possibilidades variam tanto quantas são as pessoas.

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Pode haver solução sem razão ou lógica?

Algumas pessoas podem construir reflexões bem concatenadas, mas as conclusões as prejudicam. Em alguns casos, mantêm uma firme convicção de que só há esse caminho. A fidelidade à lógica as impede de perceber o quanto um raciocínio pode levar a um abismo.

Há situações que pedem novas lógicas ou a ausência de lógica. Um pouco de criatividade poderia bastar para novas trilhas surjam. Entre o ser e o não-ser pode haver infindáveis gradações. Mas, deixando a dualidade da lógica, os horizontes podem se expandir.

Talvez, por uma característica de época, a saída encontrada nas logicas concatenadas pode gerar incompreensões. Isso talvez leve pessoas a serem vistas e julgadas como loucas, malucas, sem juízo, irracionais, inconsequentes etc. Mas, os que fazem esse movimento podem ter experimentado a liberdade dos grilhões da lógica. 

*Prof. Dr. Miguel Angelo Caruzo

Filósofo. Filósofo Clínico. Escritor. Professor. Livre Pensador.

Teresópolis/RJ

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