Os Papéis Existenciais
são rótulos em Filosofia Clínica. Segundo Lúcio Packter, o tópico estrutural
XXII – Papel Existencial diz respeito aos rótulos, aquilo que a pessoa utiliza
como princípio de identificação, mas, em alguns casos, esta identificação pode
ser uma roupagem.
Como podemos identificar
um Papel Existencial?
Na historicidade da
pessoa aparecem os Papéis Existenciais ou rótulos por nomeação direta, como:
“eu sou filho”, “ eu sou pai”, “eu sou terapeuta” e assim por diante. Esta
pessoa está dando um parecer sobre uma roupagem existencial com a qual se
apresenta em diferentes âmbitos da existência dela.
A própria pessoa é quem
confere nomes ao Papel Existencial. Ele é atribuído por ela mesma, muitas
vezes, para cada circunstância de sua vida. Compete à própria pessoa assumir e
ter isso para com ela como um Papel Existencial ou não.
É possível um Papel
Existencial fazer parte da pessoa, mas sendo atribuído de fora para dentro por
outra pessoa, isso via agendamentos. Poderá ocorrer, se a pessoa tomar a
roupagem para si, através de agendamentos externos a ela, identificando-se e
assumindo este Papel Existencial.
Em outros casos, certas
vivências não podem ser feitas por conta do Papel Existencial que está ligado a
elas. Isso se deve ao fato de que a pessoa não consegue vivenciar o rótulo, ou
seja, consegue vivenciar apenas os atributos da roupagem.
Algumas pessoas tratam de
suas questões neste tópico estrutural XXII da seguinte maneira: “Se você não
for, se você não é, você não será coisa alguma.”
Aqui, estamos diante dos
elementos ligados ao jeito de ser. Às vezes, a pessoa mora num castelo, tem os
melhores carros, pode ter de tudo o melhor, mas de nada adiantará, pois pode
ser extremamente infeliz consigo mesma.
O que pode ocorrer quando
o tópico estrutural XXII – Papel Existencial não for determinante na malha
intelectiva da pessoa?
A pessoa pode dizer, em
uma determinada circunstância, que o que importa são o dados afetivos, a
família por exemplo e, não um rótulo. Provavelmente , neste caso, irá se
dirigir a outros tópicos, pois o Papel Existencial não será determinante na sua
malha intelectiva.
Algumas pessoas
necessariamente precisam ter uma roupagem existencial para determinados âmbitos
da vida, sob pena de se terem como perdidas. Para algumas pessoas a vestimenta
existencial ganha relevância. Elas não sabem fazer uma conversação sem dizer
quem elas são.
Muitas vezes, os Papéis
Existenciais podem não estar na forma de uma nomenclatura, mas na forma de um
elemento processual descritivo. Isso quer dizer que a pessoa descreve sua
roupagem, seus rótulos através de tópicos de sua estruturação.
Existem pessoas que ao
descrevem seus Papéis Existenciais o fazem através de tópicos estruturais, ou
seja, tratam de sua família, do trabalho e assim por diante.
Nem sempre a roupagem
existencial costuma ser para sempre, há como mudá-la. A pessoa terá este rótulo
para si durante uma parte de sua vida, às vezes. Pelo próprio exercício do
Papel Existencial e, de acordo com os tópicos com os quais ele estiver
envolvido esta roupagem poderá evoluir, mudar e transformar-se em outras
coisas. Saberemos as relações entre os Papéis Existenciais, se for este o caso,
somente pela historicidade da pessoa.
Neste tópico XXII,
precisamos ter certos cuidados, pois nem sempre o Papel Existencial construído
pela pessoa é algo estático, fechado e coerente. Existem pessoas que constroem
seus Papéis Existenciais com elementos internos contraditórios, não havendo,
muitas vezes, uma nomeação direta da própria pessoa. Quando a pessoa tenta uma
nomeação para o seu Papel Existencial aparece de forma às vezes fragmentada.
Um dos aspectos
problemáticos neste tópico dizem respeito às pessoas que não podem e não têm
como fazer frente a assumir um Papel Existencial. Neste caso, a pessoa tem
apenas os atributos para o Papel existencial. O problema aqui diz respeito a
esta vestimenta existencial com que a pessoa se apresentará aos outros.
Papel Existencial pode
ser dado a uma pessoa pela sociedade na qual ela vive, somente se aceitar e
tomar para si este rótulo via agendamentos, por efeitos, por associações e
ainda por outros fatores isso pode ocorrer.
Os encaminhamentos no
atendimento seguirão os dados pertinentes da historicidade da pessoa e sua
estruturação.
*Dr. Bruno Packter
Filósofo Clínico. Professor
titular em Florianópolis/SC. Recentemente recebeu, por indicação do Conselho da
Casa da Filosofia Clínica, a titulação de “Doutor Honoris Causa”,
por sua relevante contribuição ao novo paradigma da Filosofia Clínica.
Florianópolis/SC
Comentários
Postar um comentário