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Só a Gil*

 

“Como eu aqui agora

Pensando sobre o além

Já não haverá o além”

Gilberto Gil 

 Como é bom te ouvir, te ver Gil, é bom ver Gilberto Gil, te sentir, ouvir a voz, sentir o veludo de tua voz da pele na música. Deslizar nos sentidos. Como é bom sentir tua presença, a infinita paixão, o amor quântico, o riso protetor de tua voz, a melodia em meu caminho, o caminhar da tua vida na solidão dos caminhantes. Como é bom te ter, dentro, diante de ti no mais elevado prazer, gozar te ouvindo. Vendo-o cantar, nesses anos todos de minha vida senti mais o humano de tudo que vivi.

Como é bom preparar meus dias, ouvir tua voz no fundo, no quarto ao lado, no soluço do amor, na viagem que não acabou, na consideração de um dia ter sido o que sou. Como é bom poder abrir os olhos e saber que existe, que me acompanhou durante esses anos todos que vivi, nos amores que tive, nas fugas que fiz, nos adeuses que sempre te ouvi. Me acompanha na distância da poesia que é onipresente.

Passei diante de uma igreja, resisti, não casei, pensei em ti, e te oriente rapaz, o amor desapareceu, não fui para o Japão, perdi o amor. Amei mais, tanto que nunca deixei de ter essa capacidade de me procurar, encontrar Gil dos prazeres, dos mortais o bem melhor do sentir sem o medo de ir, de continuar no caminho do desconhecido.

A música, a lanterna que abre espaço na escuridão, a companheira da insônia, da fuga dos excluídos que se alimentam de luz. Partir deste fim ao início de tudo.

*Prof. Dr. Luis Antonio Gomes

Filósofo. Editor. Escritor. Livre Pensador.

Porto Alegre/RS

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