A nossa época é a época da
estupidez voluntária – uma época em que prazerosamente imbecilizamo-nos por
nossos próprios atos.
Imbecilizamo-nos quando
assistimos à televisão. Quando perdemos horas do nosso dia em redes sociais.
Quando consumimos o lixo produzido pela indústria cultural: filmes de
super-heróis americanos, música feita para rebolar, videogames que roubam o
irrecuperável tempo da vida.
O interesse geral suscitado pelas
notícias da vida privada de celebridades do showbizz é representativo da nossa
imbecilidade: satisfazemo-nos quando tomamos posição no que é absolutamente
irrelevante.
Amigos, ninguém exige que
consumamos esse tipo de inutilidade. Ninguém nos força a falar das pautas
oferecidas pelos media. Nós somos os responsáveis pelo nosso próprio vácuo
mental.
* * *
Como escapar da vacuidade
intelectual, o deserto do nosso tempo?
Somente conheço um caminho: o da
recusa à participação na ciranda das nulidades. A recusa às conversas sobre o
escândalo do dia, sobre o comportamento dos protagonistas da indústria do lixo
cultural, sobre a vida de qualquer celebridade.
Em lugar disso, a volta à
literatura, à filosofia, à arte; o cultivo do interesse sobre a vida das
pessoas que nos cercam; a experiência concreta de caminhar, com os cinco
sentidos atentos, nas ruas da cidade e nas trilhas da mata – sem o fluxo da
virtualidade que, por meio dos gadgets, conduz-nos ao nada.
O antídoto à estupidez, amigos,
está na recuperação do nosso espaço e do nosso tempo: está no retorno à nossa
própria vida
*Prof. Dr. Gustavo Bertoche
Filósofo. Mestre e Doutor em
Filosofia. Escritor. Musicista. Filósofo Clínico. Em 2019, por indicação do
conselho e direção da Casa da Filosofia Clínica, recebeu o título de “Doutor
Honoris Causa”.
Teresópolis/RJ
Comentários
Postar um comentário