“Eu fechei os olhos para lembrar com todos os meus votos a verdadeira noite, a noite liberta da sua máscara de horrores, ela, a suprema reguladora e consoladora...”
André Breton
Equinócio que esconde a
verdadeira face do mal, os homens não descansam. Nunca descansam. A humanidade
vive para atravessar todas as adversidades, alguns destroem a vida, queimam as
ideias e deixam a Terra arder. No hemisfério dos sonhos, a vida é salva pela
natureza, os homens são excluídos pela ganância, que só existe no cérebro dos
que dizem ser racionais.
Nada separa o que está em pleno
movimento de viver da finitude. Existem os que creem no domínio das questões
espirituais pelo simples fato de não conseguir compreender a própria vida, o
que tem nome, o que é nomeado. A saída é se deixar levar pelos momentos
meditativos. Nenhuma contrariedade à meditação, todo ato de pensar é um
convite, mesmo para os que só sabem buscar o intangível por medo de se darem
conta de que contribuem para a destruição do planeta.
A vida arde, sente-se o cheiro
desfilar num corredor de destruição por exércitos do bem, daqueles que usam os
deuses para se garantir na vida enquanto dura e pouco sabem que nada é mais
inócuo do que achar que a Terra tem um deus. Tanto faz a unicidade da
libertação dos deuses. Nunca mais se voltará à ilha perdida, e tudo é
mitificado para alimentar as almas dos escolhidos. Melhor se perder como um
nômade pensador. Se mata em nome de ideal, do deus de cada um, existe um pedaço
de terra que arde. O planeta é um corpo estranho à razão idealizada em nome de
um deus. Se soubessem que o organismo está agindo nas entranhas, nos mistérios
da vida.
As estações estranham o trem dos
absolutos, dos que negam a própria racionalidade porque inventaram um jeito de
querer se salvar, a possibilidade de viajar como se o comboio fosse apenas dos
escolhidos. Todo o escolhido é parte da excrescência humana, dos que eliminam
porque existe um absoluto nas ideias, dos que silenciam porque o esquecimento
mata tudo que vê pela frente. O equinócio é o momento para meditar no vazio do
Nada. A primavera é uma música da linguagem perdida.
*Prof. Dr. Luis Antonio Paim
Gomes
Filósofo. Graduado e Mestre em
Filosofia. Doutor em Comunicação. Editor. Escritor. Livre Pensador.
Porto Alegre/RS
Comentários
Postar um comentário