Para algumas
organizações o que vale é basicamente a motivação, o ânimo, a vontade. Dizem os
gestores que sem motivação os resultados não aparecem, por isso estão
constantemente investindo em palestras motivacionais.
A motivação tem como
função fazer com que a pessoa tenha vontade de trabalhar, que ela queira,
busque, tenha ânimo para produzir. Para outras organizações o peso maior está
sobre o método, sendo que o aspecto motivacional fica um tanto de lado, cabendo
aqui um discurso mais racional, de cunho mais prático.
Tanto na organização
voltada para a motivação, quanto naquela voltada para o método, os resultados
irão aparecer. No entanto, há uma limitação quando se fala em vontade, pois por
mais que se tenha vontade, a falta de um método pode conduzir tudo ao fracasso.
A vontade pode continuar e o fracasso se repetir, isso intermináveis vezes. A
não ser que se tenha um complexo de Sísifo, que é começar algo que já sabe que
vai dar errado, a sugestão é continuar com a vontade, revendo o método.
Infelizmente não é
assim tão simples aprender e aplicar métodos, pois em muitos casos o método
freia a vontade, o ímpeto. Por exemplo, um vendedor que vai na vontade, no
ânimo, fala mais. Com isto, pode se colocar de maneira inadequada muitas vezes.
Perde alguns negócios, mas vivencia a vontade.
Não há nada de errado
com isso, é o estilo dele, faz parte dele vivenciar a venda de maneira
subjetiva. O que logo começa a aparecer é que certos clientes não são atendidos
a contento e a organização percebe que a qualidade técnica do vendedor limita
sua produtividade. Não é diferente no setor financeiro, mesmo com toda a
vontade possível, a falta de método pode gerar graves problemas. A vontade pode
criar relacionamentos, trazer melhores propostas, mas a falta de método faz com
que a pessoa não perceba onde e como pode melhorar o desempenho da organização.
Com relação ao tema
aqui exposto, um filme que vale a pena assistir se chama “Rush – No limite da
emoção”. Este conta a história da temporada de 1976 da Formula 1, tendo como
centro do enredo a competição entre James Hunt e Niki Lauda. James Hunt era
jovem e conhecido em sua época pela vontade com a qual vivia a vida. Essa
vontade podia ser traduzida na intensidade com que fazia tudo, desde a vida
profissional até o trabalho.
Do outro lado Niki
Lauda, também jovem, mas de uma vertente diferente, muito mais metódico e
calculista. O diferencial entre Hunt e Lauda nas pistas era o modo como cada um
conduzia seu carro, a vontade de um contrastava com o método do outro. Para
Lauda, por mais que houvesse vontade, o método vinha em primeiro lugar,
enquanto Hunt vivia a vida ao máximo colocando a vontade em primeiro lugar.
Nas telas dos cinemas,
em histórias contadas em programas sensacionalistas, em livros de autoajuda e
tantos outros materiais, o destaque geralmente se dá na vontade. No entanto, a
vontade limita, o próprio James Hunt é prova disto: sua vontade levou a
conquista de apenas um campeonato, enquanto Niki Lauda foi tricampeão de
Formula 1.
Em Filosofia a vontade,
como apontada por Schopenhauer, pode ser a forma como algumas pessoas constroem
sua representação de mundo. No entanto, outros tantos optam por Descartes,
filósofo para o qual o método ganha importância e torna a ciência confiável.
Não recomendo a disputa entre a vontade e o método, mas a união das duas, uma
equipe com vontade e método. Quando esse for o cenário, com certeza o
desempenho será o melhor possível.
Numa organização,
parafraseando Arthur Shcopenhauer, os resultados virão de forma mais expressiva
quando tivermos “O mundo com vontade e método”. A vontade, como elemento
motivacional, que também pode ser dado pela organização e o método, como um
caminho seguro que conduz ao resultado.
*Rosemiro A. Sefstrom
Filósofo Clínico
Criciúma/SC
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