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Arqueologias do texto*

                              

De onde vem e quem escreve aquilo que se escreve? Uma interrogação superposta busca dialogar com a estrutura das fontes. Tratativas para objetivar as franjas da subjetividade onde a concepção se faz autoria. Buscas por rascunhar a frequência existencial de onde o texto se faz contexto.

Um devaneio parece se inspirar em narrativas inacabadas, como a própria essência de viver. Desse mirante intuitivo as regiões inexploradas sussurram dialetos ao reviver a letra desgastada pelo excesso interpretativo. Diante das antigas impressões um convite à admiração reaparece e inaugura o milagre da palavra reinventada.

A leitura marginal contorna a intencionalidade primeira, transpõe a inclinação natural das representações do autor e ressurge como esboço em uma nova inscrição. Uma leitura_escritura assim pensada possui mensagens híbridas de versão interminável.     

O discurso escrito e sua pronuncia são diferentes, embora possuam a mesma fonte, sugerem regiões distintas na mesma pessoa. Mesmo o registro mumificado pela definição deixa entrever refúgios incompreendidos. Nesse sentido, o texto pode reunir percepções de entrelinhas. Existe um tempo para cada página, um lugar para cada compreensão, instantes para a alma aprendiz traduzir-se.   

Assim o visionário se vê diante de apontamentos de aconchego ao vislumbrar os eventos sem nome. Ensaio introspectivo anterior à visualização do termo. Uma aventura do autor algumas vezes reconhecida pelo leitor, noutras a desdizer a formatação inicial e derivar originalidades. Sob a pena inicial e aos olhos das releituras essa folha de apontamentos aparece recheada de horizontes.     

Os estudos sobre a arqueologia do texto descobrem a raridade distanciada da leitura de superfície. A trama significativa do autor aprecia a singularidade do olhar_leitor a reescrever sua obra. Numa aproximação e convivência com os rascunhos recém-chegados, cada parágrafo sugere novas alquimias ao traço. Em busca de acolher os jogos da linguagem singular, essa revisita a obra inicial, sendo a mesma já é outra. 

*Hélio Strassburger

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