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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*



"Se amar bastasse, as coisas seriam simples. Quanto mais se ama, mais se consolida o absurdo. Don Juan não vai de mulher em mulher por falta de amor. É ridículo representá-lo como um iluminado em busca do amor total. Mas é justamente porque as ama com idêntico arroubo, e sempre com todo o seu ser, que precisa repetir essa doação e esse aprofundamento."

"Por que seria preciso amar raramente para amar muito ?"

"'O espetáculo - diz Hamlet - é a armadilha com que vu capturar a consciência do rei'. Capturar é a expressão adequada. Pois a consciência anda rápido ou recua. É preciso pegá-la no voo, no momento inapreciável em que lança um olhar fugidio sobre si mesma."

"Sabendo que não há causas vitoriosas, gosto das causas perdidas: elas exigem uma alam inteira, tanto na derrota quanto nas vitórias passageiras."

"Ao mesmo tempo, sua única força é a criação contínua e inapreciável à qual se entregam, todos os dias de sua vida, o comediante, o conquistador e todos os homens absurdos."

"O artista, tanto quanto o pensador, compromete-se com sua obra e se transforma dentro dela."

"Toda a arte de Kafka consiste em obrigar o leitor a reler."

"O mundo de Kafka é na verdade um universo indizível onde o homem se dá o luxo torturante de pescar numa banheira, mesmo sabendo que dali não sairá nada."

"(...) Sua obra é universal na medida que nela aparece o rosto comovente do homem fugindo da humanidade, extraindo de suas contradições razões para acreditar e de seus desesperos fecundos razões para esperar, e chamando de vida sua apavorante aprendizagem da morte."

"Como as grandes obras, os sentimentos profundos significam sempre mais do que têm consciência de dizer."

"(...) o absurdo é o pecado sem Deus."

"Pensar é reaprender a ver (...)."

*Albert Camus in "O mito de Sísifo". Ed. Record RJ. 2005

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