“O tempo é pensado por
nós antes das partes do tempo, as relações temporais tornam possíveis os
acontecimentos no tempo. É necessário, pois, correlativamente, que o sujeito
não esteja situado nele para que ele possa estar presente em intenção tanto no
passado como no futuro.” Merleau-Ponty
Ou seja, o tempo não é
mais um “dado da consciência” e que a consciência torna-se parte do tempo. O
tempo ideal é o tempo que se deixa desamarrar do presente. Ele está amarrado no
cais, diante do passar dos dias, o presente nunca é o mesmo porque supõe-se um
futuro diante do passado que nunca deixará de ter suas marcas na parede da
velha casa.
Como trilhou Ponty,
“Não estamos sempre tão longe de compreender o que podem ser o futuro, o
passado, o presente e a passagem de um ao outro?”...Eis o emaranhado do tempo
no retorno ao cais. A posição dos barcos na certa não está mais em consonância
ao olhar do dia anterior, nem do segundo no passo a passo da rua que vai do
cais os barcos: mudara a posição e o sentido é o mesmo apenas no objeto
imanente da consciência. Primeiro o pensar sobre o tempo.
Depois, tudo muda na
série das relações possíveis, dos passos, da distância entre o que se imagina e
o existente. O existir nunca estará completamente constituído do tempo, o absoluto
não percorre esse espaço, o passado, o presente e o futuro não se completa.
Continuará sua extensão na linguagem, no olhar que vê a imagem do tempo no
cais, na velha parede que envelhece com o cansaço da permissão da memória em
pensar o tempo.
Prof. Dr. Luis Antonio
Paim Gomes
Filósofo. Editor. Livre
Pensador.
Porto Alegre/RS
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