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Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Reconhecer no estranho o que é próprio, familiarizar-se com ele, eis o movimento fundamental do espírito, cujo ser é apenas o retorno à si mesmo a partir do ser diferente." "(...) O segredo divino da vida é sua simplicidade." "O verdadeiro problema da compreensão aparece quando, no esforço de compreender um conteúdo, coloca-se a pergunta reflexiva de como o outro chegou à sua opinião. Pois é evidente que um questionamento como este anuncia uma forma de alteridade bem diferente, e significa, em último caso, a renúncia a um sentido comum." "O que deve ser compreendido não é a literalidade das palavras e seu sentido objetivo, mas também a individualidade de quem fala e, consequentemente, do autor. " "(...) o ato da compreensão é a realização re-construtiva de uma produção." "Quando se ouve alguém ou quando se empreende uma leitura, não é necessário que se esqueçam todas as opiniões prévias sobre seu conteúdo

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Não se pode estudar à parte a imagem mental. Não há um mundo das imagens e um mundo dos objetos. Mas todo objeto, quer se apresente à percepção, quer apareça ao sentido íntimo, é suscetível de funcionar como realidade presente ou como imagem, segundo o centro de referência escolhido. Os dois mundos, o imaginário e o real, são constituídos pelos mesmos objetos; só variam os agrupamentos e a interpretação desses objetos. O que define o mundo imaginário tanto quanto o universo real é uma atitude da consciência."  "(...) quando se faz da palavra tal como aparece na linguagem interior uma imagem mental, faz-se do signo uma imagem." "(...) as visões hipnagógicas são imagens. caracteriza a atitude da consciência diante dessas aparições com as palavras 'espetacular e passiva'. É que ela coloca como de fato existentes os objetos que lhe aparecem. Todavia, na base dessa consciência há uma tese positiva: se essa mulher que atravessa meu campo visual,

Da natureza inédita em todas as coisas*

                 Um cotidiano plural se abre frente ao espelho das singularidades. Nesse viés discursivo recém chegando, oferece seus inéditos numa língua estranha. Por seu caráter de novidade, recusa o gesso da classificação especialista. Numa interseção de acolhimento e partilha, concede alguma visibilidade ao que restaria desconhecido.   Em uma experiência de transbordamento excepcional, num tempo subjetivo e de local indeterminado, a estrutura de pensamento se refaz. Nesse ímpeto de incertezas, um teor de expressividade transgressora se deixa entrevistar, seus deslizes narrativos, olhares desfocados e a escuta das lógicas sem sentido, apontam suas fontes de inspiração. Uma hermenêutica compreensiva acolhe a desestruturação fundante, seu aspecto de estranheza refere o sujeito acessando algo em vias de tornar-se. Seu aparecimento, num viés discursivo singular, escolhe quando e a quem se mostrar, se apresentando quase invisível ao espírito de rebanho das unanimidades.

Aviso*

Se me quiseres amar, terá de ser agora: depois estarei cansada. Minha vida foi feita de parceria com a morte: pertenço um pouco a cada uma, pra mim sobrou quase nada. Ponho a máscara do dia, um rosto cômodo e simples, e assim garanto a minha sobrevida. Se me quiseres amar, terá de ser hoje: amanhã estarei mudada. *Lya Luft

Fragmentos Filosóficos, Delirantes*

"Tudo que é essencial, não apenas a essência da técnica moderna, se mantém, por toda parte, o maior tempo possível, encoberto." "Todo pensamento essencial atravessa incólume o cortejo dos prós ou dos contras." "A ciência sempre se depara e se encontra, apenas, com o que seu modo de representação, previamente, lhe permite e lhe deixa, como objeto possível." "Na linguagem da metafísica ocidental, a palavra coisa diz o que de alguma maneira, é algo." "A jarra é uma coisa à medida e enquanto coisifica, no sentido de reunir e recolher, numa unidade, as diferenças." "Quanto mais poético um poeta, mais livre, ou seja, mais aberto e preparado para acolher o inesperado é o seu dizer (...)" "O pensar vige em virtude da dobra que se mantém não pronunciada." "Com suas convicções seguras e teimosas, a opinião cotidiana, porém, passa sempre ao largo do mistério." *Martin Heidegger in

Poema para uma aeromoça*

"Que estranhos sonhos embalam aquela aliança em seu dedo? Filhos, afeto, chegar em casa, ter seu canto... Que sonhos ainda embalam aquela aliança? Escrever um livro, viajar, deixar tudo... Talvez apenas repouse ali, aquela aliança, Dourada e esquecida dos sonhos." *Valter Bende Filósofo Clínico Campo Grande/MS

Sentido*

Que fique muito mal explicado Não faço força pra ser entendido Quem faz sentido é soldado Para todos os efeitos meus defeitos não são meus Que importa o sentido se tudo vibra? Não importa o sentido O bramido do meu canto mudo Comporta bemóis e sustenidos Convoca ouvidos surdos Ao silêncio suave Da melodia sem conteúdo Está escrito Quem não quiser ceder ao canto das páginas feche os olhos ou tape com cera os ouvidos. *Alice Ruiz

A literatura dos especialistas*

  “Deus tem em jogo sua existência nessa morte livre que um homem resoluto se dá.” Maurice Blanchot Existe uma literatura na cabeça, melhor existem literaturas em cabeças pensantes, em cabeças mercantilistas, em cabeças afetadas, e o melhor, em cabeças utópicas. Utopia nos dias de hoje parece mais um livro obsoleto, um livro de pouco interesse de mercado. Quando bate a crise, o livro é o primeiro a cair no esquecimento.  Esses dias uma pessoa me falou que a crise é de todos, mas poucos conseguem morrer nela, conscientes de suas ideias, de suas utopias. Fiquei com esse pensamento durante dias, do início ao fim da badalada Flip (em Paraty/RJ), a mesma que prestigia a cultura, que nomeia os melhores, que busca divulgar nossa produção. Tantas coisas que já não consigo lembrar por falta de interesse em ter essas iniciativas como verdadeiras representantes de nossa cultura. Sei, a Flip, as bienais do Rio de Janeiro e de São Paulo perderam seu brilho.  A mídia há muito come

A carta*

Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida, Rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria… Eu tenho um medo Horrível A essas marés montantes do passado, Com suas quilhas afundadas, com Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e gáveas… Ai de mim, Ai de ti, ó velho mar profundo, Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios! *Mário Quintana

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