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DOS ÂMBITOS DO ESQUISITO[1] Márcio de Faria e Vânia Dantas Filósofos Clínicos Governador Valadares e Uberlândia/MG Estranho, malvisto. Ou não usual, excêntrico. O exquisito[2]: magnífico, delicioso. Uma palavra que pode arrastar toda a estrutura de tópicos e trazer as vivências relacionadas com o termo presente em várias fases da vida; e talvez de várias vidas. Palavra que também faz o indivíduo sentir como se não fizesse parte de um todo social, um contexto, uma história; que marginaliza, diferencia, diminui. Nesse sentido, cada palavra do outro é uma pá de terra jogada para trás; desenterra memórias de vivências antigas, esquecidas, não verbalizadas e, nesse sentido, inconscientes[3]. Por isso, essa palavra acaba sendo direcionada para aquela pessoa que se faz única, com coragem de viver a sua unicidade/personalidade ou intus, sua condição humana que se configu
CONFIANÇA SEM FIANÇA Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Procurei escapar de todas as maneiras, mas não consegui. Vou ter que me operar. Trabalho todos os dias anestesiando pacientes para cirurgias, mas desta vez sou eu quem vai estar deitado do lado de lá. Quando acordar na sala de recuperação, imagino um curativo enorme tapando uma cicatriz através da qual será retirado um pedaço do meu corpo. Vão tirar um pedaço de mim. Já estou sofrendo por antecipação. Em quem confiar para realizar esta tarefa? Quem vou autorizar cortar minha pele, penetrar no meu interior, abduzir o pedaço que julgar conveniente e deixar a cicatriz como lembrança permanente desta agressão calculada, necessária e consentida? Posso confiar no cirurgião carregado de diplomas, na indicação de uma boa experiência obtida por um vizinh
O filme “Avatar”, uma reflexão profunda Rosângela Rossi Juiz de Fora Desde os três anos fui educada por meu avô a sentir e pensar o filme para além do gostar ou não gostar. Lembro-me que meus pés balançavam soltos nos bancos do cinemascope que havia na sua casa que era estúdio de edição cinematográfica. Ficava atenta assistindo Chaplin. Nasci sentido o cheiro dos rolos de filme e dando valor a sétima arte. Acho pobre apenas dizer que gostei ou não gostei de um filme. Todo filme nos toca ou não, dependendo de nossos agendamentos. A interpretação analítica de um filme demonstra nossa forma se ser e ver a vida, as coisas e as pessoas. Qualquer filme, comunica algo. Um filme é aclamado quando se torna um arquétipo do inconsciente coletivo, isto é quando tem elementos comum a todos. Podemos ver o filme com o olhar apenas consciente, do que é aparente, ou
AS PEDRAS DE GOIÁS VELHO Vânia Dantas Filósofa Clínica Uberlândia - MG Santuário, andor, altar, escada na cidade histórica. Retratos de um tempo que está ficando passado mas que a gente talvez tenha que revisitar. A cada dia a mensagem no programa matinal na TV elogia a retomada das forças e dos valores; ao que parece, enterrados em várias pessoas. E, de repente, viram flores. Esses são relances de quando o ouvinte se sente bem e tem ousadia de planejar agir, enquanto aos primeiros passos já é preciso parar e repensar a viabilidade do projeto, pois há desequilíbrio devido à compressão medular. A degeneração precoce leva a pensar em como se resgatar do chão e como viver uma terceira em tenra idade. A ambigüidade de uma vida assim confunde: a idade cronológica, a biológica e a que a estética revela. E também porque não há deficiência, mas d

A insanidade do possível*

Entre diversos momentos ditos “passados em branco”, o esquecimento é futuro. Cada instante traz uma sensação em si, inerente ao próprio momento. As circunstâncias são únicas na sua solidão. Imensidão de vácuos que se interconectam em alguma linguagem, ou talvez, uma des-linguagem que se fecha em seu próprio vazio esperando tradução. Momentos de larga espera permeados de esperança vagam os pensamentos ditos insanos. Cada sorriso de loucura é uma lacuna de possibilidades aguardando o momento de viabilizá-las, traduzir-se em direção ao outro. Expressividades que se abrem na sucessão dos dias, sabendo-se momentâneas, conhecendo-se fugazes no rio sempre renovado das circunstâncias. Retroceder às passagens perdidas no vazio do esquecimento é um deslocar-se decrescente pautado sempre no momento atual. Uma ponte de significados e re-significações que se atualizam à medida que caminhamos para trás. Possibilidade de revisitar-se em papéis antes vividos, atualizando-se em uma re-leitura de
Sonhos e Foucault Cássia Regina da Silva Luz Goiânia/GO Foucault se utiliza de um texto de Artemidoro "A Chave dos sonhos", para averiguação de articulações e métodos utilizados na maneira de conhecer dos gregos. "A análise dos sonhos fazia parte das técnicas de existência. Já que as imagens do sono eram consideradas, pelo menos algumas dessas imagens, como signos de realidade ou mensagens do futuro, decifrá-las tinha um grande valor: uma vida racional não podia poupar-se desta tarefa." [1] Com efeito, o ato de sonhar estava relacionado a um encadeamento político, o homem virtuoso poderia ser reconhecido na constituição própria de seu sonho, ou seja, o indivíduo que jaz conquistado o equilíbrio não havia mais de ter sonhos desequilibrados como falta ou excesso, desejo ou medo. O que queremos acentuar aqui é que o cidadão grego cultivava como hábito essencial para
Filosofia Pop?! Silvia Soares Santana Uberlândia/MG A filosofia não é pop, assim como diz a filósofa do fantástico, Viviane Mosé. Mas ela pode se tornar pop se as pessoas não tiverem um método ao iniciar as leituras e debates filosóficos. De modo bem simples método é a concepção de mundo de um determinado filósofo. Todos nascemos filósofos. Mas filosofamos espontaneamente. O pensar é inato. Pensador é todo homem. Mas pensar por si só não basta, é preciso saber pensar. O pop então seria o filosofar espontâneo, o que também não basta. O essencial é se elevar culturalmente, o que não significa aderir às filosofias prontas. Filosofar, embora seja uma atividade cotidiana, não pode ser tratada como modismo. Ora, se a elevação cultural e intelectual fosse possível através de manuais, muitos já teriam se elevado quando da publicação da obra O Mundo de Sofia. No entanto, o filosofar permanece espontâneo e
A arte de compartilhar Idalina Krause Porto Alegre Filosofia, educação, saúde, arte de compartilhar, filosofia clínica. Fiquei pensando, remoendo, idéias e sentimentos. Pensei no lema do bom terapeuta - “amor e trabalho” - e tudo o que foi construído nessa trajetória. O amor puro de Schopenhauer, onde a compaixão é o conhecimento da dor alheia que é também a dor do mundo. E o trabalho onde não haja a traição da espiritualidade alegre e contemplativa que é o próprio homem, que nos traga “a boa consciência”, como bem nos lembra Nietzsche. Uma das primeiras perguntas que faço nas minhas aulas é: “Vocês gostam de gente?” Sim, porque trabalhar com Filosofia Clínica é ficar diante da humanidade em pessoa, diante de um ser humano, um alguém com todas as suas singularidades. A segunda pergunta: Vocês acham que ser terapeuta, ser um filósofo clínico é possível para toda e qualquer pessoa? Ac

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