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Linguagem e singularidade Mariana Flores Filósofa Clínica Rio de Janeiro/RJ A noção de linguagem que Wittgenstein apresenta nas suas Investigações Filosóficas, cuja concepção é a de que o significado das palavras depende de seu uso na linguagem, em Filosofia Clínica se traduz como um dos princípios dos cuidados de que deve ter o filósofo clínico ao exercer-se como terapeuta e cuidador nas acolhidas existenciais a que se dispõe, e que, adversamente às técnicas tradicionais da psiquiatria ou das psicologias tradicionais - que não fazem senão hermenêutica sobre o discurso ou expressividade do indivíduo – permitirá guardar o sentido mais original da palavra no contexto discursivo do sujeito, ou seja, respeitando ou limitando-se a entendê-lo somente a partir e à medida de uma singularidade existencial que, sendo singularidade, permite-se acessar a todo um vocabulário muito próprio, recheado de significados singulares para cada termo da linguagem como semiose. Aquilo a que ch
Adeus Saramago Rosângela Rossi Juiz de Fora/MG Que parta da mesma forma que viveu: Autenticamente. Que deixe em cada um de nós o desejo de escrever sem ponto, nos convidando a respirar do nosso jeito. “O homem é um homem como todos os homens, sonha” nos diz Saramago simplesmente na sua forma complexa e profunda de comunicar as angústias do humano. A cegueira falada nos seus ensaios nos faz aprender a ver o que tanto tentamos fugir. Chegou sua hora do seu fim. Seu ceticismo convida a viver a realidade como ela é. Amou e se encantou, quando muitos ao entrar nos sessenta param de apaixonar. Escreveu seus livros depois dos cinquenta denunciando e resistindo corajosamente. Usou as palavras certas e incertas e fez delas um dizer rasgante. Sua narrativa por vezes de humor satírico e cheias de fantasias nos encanta e assusta no sempre. Colecionador de palavras teceu filosofias do cotidiano: “Para temperamentos nostálgicos, em g
Um texto absurdo* Quando eu morrer, meu chalé cairá comigo, para dar lugar a mais um edifício de apartamentos. Chico Buarque Leite Derramado Imaginava um rascunho nalgum ponto entre as fronteiras do dizível. Ensaio onde realidade e ficção pudessem repaginar suas diferenças. Espécie de contragolpe na lucidez arrebatadora, a persistir naquilo que se busca esquecer. Tratativas com um quase na subjetividade por onde o dicionário ultrapassa suas origens. Talvez desenhar a ponte ideal onde os termos do raciocínio bem estruturado pudessem conviver com as contraditórias miragens. Como uma dança fugaz para acordar a racionalidade a cegar o próprio olhar. Nessa percepção de consciência alterada, os fenômenos seriam reconhecidos por seu apelido. Por esses monólogos sobre a ilusão da realidade e a realidade da ilusão, restaria o viés especulativo de um fim sem começo. Roupagens estranhas a vagar pela inesperada versão, onde tudo iria parecer inacessível ou fora de lugar. Conexão a
AGNA, PROSTITUTA DIALÉTICA Gustavo Bertoche Filósofo Clínico Rio de Janeiro/RJ Agna é como qualquer prostituta, mas não é - pois Agna é só em mim, mesmo quando é nos outros. Agna tem por mim paixão. A prostituição de Agna não sou eu que pago, mas tu. Então, só me resta cantar o amor que sinto por Agna e pelas nádegas brancas alvas, castas, puras, pias, santas, impolutas e inatingíveis de minha paixão. E pelos seios, e pelo dorso dela, que é macio e rosado, e pelas suas mãos, que só alcançam o que é segredo. Suas orelhas só ouvem o que é segredo. Sua boca só grita segredos. Mas o que mais gosto é quando Agna cospe em minha boca, e fala dentro de minha boca obscenidades. Grita na minha garganta, até meus pulmões ficarem surdos. Cheia de sangue, assim Agna é; e plena de licores, macios e amargos. Seus humores são, no entanto, quase transparentes - quiçá transparentes mesmo - e, sublime, mastiga-me como se mastigasse uma ostra. Mas sou eu que saboreio sua essência - você não. Eu
O que vem a ser Filosofia Clínica? Sônia Prazeres Filósofa Clínica São Paulo/SP Gerando polêmica no meio acadêmico ou entre as psicoterapias ela surge como uma alternativa imbuída de respeito ao ser humano em seus questionamentos e necessidades. As questões existências que a vida moderna oferece, surgem avolumadas a cada dia e nem sempre podemos contar com um amigo que nos ouça. As pessoas estão envolvidas em problemas tantos que ao ouvir já se lhes apresenta a necessidade de também serem ouvidas e assim, a cada dia aumenta a importância de partilharmos nossas questões com quem nos possa ajudar a caminhar. Envolvidos em nossas dificuldades, encontramos sempre uma sociedade disposta a muito julgar e condenar atitudes em nós e no outro, antes mesmo de saber dos nossos sofrimentos e necessidades. Criada por Lúcio Packter, um filósofo gaúcho em 1997, que incomodado com as questões que tocam o ser humano, tratou de exercer um árduo trabalho nessa direção: ajuda ao outro. Packter

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