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Reflexões sobre o início de tudo Rosângela Rossi Juiz de Fora/MG Sempre olhei para o céu tentando compreender como tudo iniciou. Quando criança ficava horas e horas no meu quintal admirando as estrelas, com uma angústia intensa, questionando o infinito. Onde tudo começou? Albert Einstein sempre foi um admirador do cosmo: “A alegria de contemplar e de compreender, eis a linguagem a que a natureza me incita”. Ervin Laszio escreveu: “Se soubéssemos mais sobre as condições sob as quais nosso universo nasceu, talvez pudéssemos descobrir também porque suas constantes são tão precisamente sintonizadas com a evolução da vida”. Curiosa que sempre fui sobre as coisas do cosmos e da vida me deparei com um livro instigante “Criação Imperfeita” de Marcelo Gleiser. Ele me fez pensar mais do que já penso sobre o início de tudo. Para mim não houve criação. Tudo sempre foi e será pulsação, uma grande respiração. Só vastidão. Consciência solta no espa
Distorções* Quando a conversa é leitura, não nos falta bibliografia para uma melhor compreensão do assunto. Alguns especialistas trabalham com a idéia de que um bom aproveitamento dos estudos, acontece na interseção de dois conhecimentos: lingüístico e as informações exteriores ao texto, ou seja: nossas vivências e convivências. Os objetivos pelos quais buscamos um bom livro variam: informações, ampliar horizontes, compreender o mundo, comunicar-se e escrever melhor, relacionar-se com o outro. No entanto, existe um ponto em que a maioria dos estudantes concorda: a leitura deve ser algo prazeroso. Sendo agradável, ela deverá nos tocar em algum momento. Com o espírito aberto às informações, a relação entre as idéias do autor e o leitor pode proporcionar verdadeiras revoluções na estrutura de pensamento de quem se desloca ao mundo de quem escreve. Ao lermos nos deparamos com vestígios de uma alma disfarçada em palavras. Lembro duas obras que possibilitam dialogar com a est
A MORTE DO HUMANISMO, GRAÇAS A DEUS! Will Goya Filósofo Clínico Brasília/DF Um questionamento: por que, hoje em dia, aquele que sabe não é mais sábio? Curiosamente percebe-se que a ciência moderna quase nunca significa aquele clássico conceito de sabedoria em que o saber busca um sentido de plenitude de consciência, uma visão da totalidade do mundo. Fato é que o saber deixou de significar sabedoria quando o conhecimento adquiriu um outro fim que não sua própria totalidade. Essa mudança surgiu quando o ser humano – a partir de Francis Bacon e assegurado pelo paradigma científico de Descartes e Newton – fragmentou a realidade em duas partes separadas: o homem e a realidade natural; o observador e a objetividade do mundo externo a ser conhecido. Depois da afirmação pragmática de Bacon, segundo a qual “conhecer é poder”, aquele que sabe não é mais sábio. O verbo latino sapere significa literalmente “saborear”, ou seja, experimentar pessoalmente, vivenciar a realidade como part
Projeto resgata identidades por meio da cultura do cineclube Sim: Cinema Paradiso é um dos seus filmes preferidos. A proposta de levar o cinema “aonde o povo está” foi o que motivou a inscrição do projeto de um cineclube com sede em São Tiago, sua cidade natal, em um programa do Ministério da Cultura, que ambiciona implantar salas de cinema pelo interior do país. A formação em Filosofia e a especialização em Filosofia Clínica, ambas na UFSJ, deram substrato à paixão pela imagem como elemento de fruição estética e de transformação social, via resgate de identidades culturais. A matrícula recente no Curso de Comunicação viabilizou o desejo de tornar-se uma documentarista glauberiana, daquelas que trabalhariam bem com uma câmera (digital) na mão e uma ideia (aglutinadora) na cabeça (revolucionária). MARIANA FERNANDES, autora do projeto Cine Mais Cultura de São Tiago, quer resgatar o ritual do cinema, aquele que motiva as pessoas a saírem de casa para assistir a uma história proje
Comentário sobre a poesia: Farpas (Incompletudes) Andréa Kubota Filósofa Clínica São Paulo/SP Cada ser humano é único, singular. Essa frase expressa um dos pressupostos básicos do qual a filosofia clínica se utiliza para realizar o seu trabalho. Não existem duas pessoas que sejam idênticas em seu modo ser, sentir, pensar, enfim sua estrutura. O cheiro do café, o gosto do chocolate, a sensação do mar tocando nossos pés, o olhar de quem amamos, o abraço de um amigo, entre tantas outras situações e sensações tocam o íntimo de cada indivíduo de formas diferentes, belas e surpreendentes. O que machuca o meu interior, o que arranha os meus sentimentos, pode ter sabor de mel para você. As minhas farpas, não são as mesmas que as suas. Mas, o que são essas farpas? Mesmo a filosofia com todo o seu potencial para criar conceitos, compreender e muitas vezes tentar explicar a natureza, o mundo, as pessoas, suas relações e até mesmo o indizível, o transcendente, parece em alguns momentos
Espiritografia a la Miró Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Viver de espiar, espreitar ciclos de intensidades, o adoecimento que resiste à febre, o bater de queixos que se confunde com um riso louco. Vida por vezes famélica, alimentada insana pelos vestígios do dia, por traços letárgicos do que um corpo quer dizer. Fazendo germinar do mais íntimo, brotos que arrastam dedos e mãos, riscos deslizantes que o espírito impõe numa constelação, derramando figuras na superfície disponível de agora, entre gélidas madrugadas. Há um calor de inconformismo, um ar de liberdade, sonho, vida sem freios, como um cão latindo para a lua. Um impulso, uma força que faz inverter figuras, girar entre carnavais, uma réstia de filosofia, pensamentos, ação, entorpecimento, criação suspensa de qualquer controle. Não há exatidão, mas um gerar impreciso dos cabeludos pincéis molhados, misturado numa vertigem de cores, gestação de uma obra fecundada, inominada até nascer. Signos que aco

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