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Menina de Rua Olympia Juiz de Fora/MG Nas trilhas verdes Ouvindo os calangos e os pássaros Rios e cachoeiras Caçando girinos Viagem de Maria Fumaça Sobe e desce, pessoas, galinha, porcos e fardos Na janela da Maria Fumaça o cenário muda lentamente O dia dentro do córrego Água cristalina misturando ao barro Construindo represa de argila e pedras A força d'água a faz desmanchar Refazer a represa novamente, novamente. Bolinha de gude e finco, briquedos de aproximação Pipa, vento e azul dão continuidade
*Uma disposição aventureira “Como as grandes obras, os sentimentos profundos significam sempre mais do que têm consciência de dizer.” Albert Camus Há muito tempo se investiga a natureza da escuta clínica. Seu alcance, derivações e os contornos da interseção. Sua face de meia-verdade a mantém incógnita, mesmo sendo fundamento a muitas abordagens terapêuticas. Estas, inconformadas com seus rastros nem sempre compreensíveis, perseguem os esboços para algo mais. Os estudos e a prática de consultório acrescentam novas facetas às provisórias certezas. Revela sonoridades e perspectivas a esse momento único do encontro terapêutico. As pesquisas apontam para a necessidade de decifrar singularidades, seus sentidos e derivações, antes das intervenções de maior alcance. Um território inexplorado ensaia suas dúvidas. A interseção segura na mão evasiva, mesmo quando ainda não sabe por onde seguir. Talvez a observação dos fenômenos descreva melhor a estrutura dos ruídos: - O Filó
A Força do Amor. Adelaide Maria Zavarize_Dayde Porto Alegre/RS O Universo conspirava, Para que meu amor surgisse. Trouxe-o junto a mim. Deu-me o "tratamento"que tanto precisava. Duas almas, num mundo tão distantes, Encontravam-se em lugar sagrado. Imagina quem muito do amor necessitava. Em busca do alívio da dor existencial peregrinava. Em dias sombrios, de trevas, entre lágrimas percorria. Tantos anos a alma enclausurada padecia. Oh, rótulos invisíveis que extirpam a dignidade! Dignidade que em Deus é completo alicerce. Homens "coroados" de suas autoridades, Marcam como gado o ser humano já tão desgraçado! Fui mendiga do amor. Arrastei-me dentro de mim. Bati em portas sem nada encontrar. Portas se fechavam nesse meu caminhar. Mas o amor começava a me alicerçar. Uma vez a dor foi tanta, Que perguntei ao "homem coroado": Por que não há um termômetro, Que mostre o grau desse meu mal não suportado? Desejava um problema
Quando a emoção falou mais alto Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Cada vez que chegava na casa de meu amigo, era recebido antes mesmo de tocar a campainha, pelos latidos do Borg, que completava sua alegre recepção com lambidas, rabo abanando, "abraços" com patas enormes e embarradas. Todas as demonstrações de afeto. Foi assim desde sempre, desde o final da adolescência até a idade adulta, quando a vida nos afastou. Dia desses reencontro meu amigo, e entre abraços e trocas de telefone vieram as perguntas tradicionais sobre a família, pais, filhos, a vida em geral... e não pude deixar de perguntar sobre o Borg ... na hora parecia que eu estivera há apenas alguns dias em sua casa. Relembramos acontecimentos, aventuras, namoradas e as tardes que passávamos com Borg passeando pelo parque, atraindo a atenção das meninas. Fiquei chocado ao saber que ele estava com a saúde debilitada, em "estado terminal". Meu amigo estava em dúvidas sobre sacrif
Inconfidência Gustavo Bertoche Filósofo Clínico Rio de Janeiro/RJ Deus tem uma dúvida sobre a qual não conversa com ser algum. Uma noite, a Musa, que, por não-ser, pode ser íntima dEle, contou-me o segredo. Nas horas em que devaneia, Deus pergunta: haverá um Deus ?
O ENSINO TERAPÊUTICO DA FILOSOFIA NA UNIVERSIDADE: A FORMAÇÃO DE IGNORANTES SEM CULPAS Will Goya Filósofo Clínico Brasília/DF Embora não saibamos explicar exatamente o quê, nem o porquê, quase todos nós sentimos que alguma coisa está errada em nossas vidas. Não encontramos palavras ou gestos suficientemente grandes e adequados para expurgar do peito essa sutil pedra de infelicidade generalizada, cotidiana, chamada sentimento de vazio existencial. É como se toda a nossa visão materialista do mundo, na sede de ganhar tempo e dinheiro, se engasgasse com o venenoso líquido da ausência de amor, a anestésica bebida da indiferença social. Nem todos se sentem assim, é claro! Porém, o maior engano é sempre o autoengano. Carente de solidariedade – do que é sólido –, muitos de nós nos assemelhamos a um copo de bar que, sentindo-se vazio em si mesmo, busca preencher-se com qualquer coisa e, na falta de verdadeiras alegrias, aceita a qualquer custo o primeiro prazer que lhe faça esquec
Apelo Sônia Prazeres Filósofa Clínica São Paulo/SP Para que os sinos toquem nos templos interiores Para que se perceba os delírios e as dores; Para que a fome seja somente opção... jejum, Para que se converta a palavra oca Em olhares, em versos mudos de atenção. Para fazer emergir da miséria um grande homem; Para que mudemos na raiz, em espírito! Para que não erijam mais palanques No centro das praças gritantes, Enquanto ronda a miséria pelas esquinas. Para que não ponham preço de coca nos nossos infantes Para que não se vendam mais tenras meninas, Nosso grito incessante, entoado, levado, Lavado de amor eterno com ou sem poesias Cheio de esperança nas rimas amenas... Para fazer crescer as almas pequenas.
Instantes únicos Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Quando as pessoas que tu acompanhas, em seus dramas existenciais, começam a reecontrar seu pontos cardeais. Fluxos libertos, forças em movimento, vida pulsante, abertura de portas, fluição da antiga represa-alma. Águas encontrando mares, criaturas em alegria, momentos que compartilhamos, não sem marejar os olhos, tal a potência da rosa-dos-ventos.
Compartilhando atendimentos didáticos Um extraordinário trabalho coordenado pelas Filósofas Clínicas Cida e Paula, do Centro de Juiz de Fora/MG, está sendo colocado a disposição dos centros de Formação. As colegas estão registrando e documentando os atendimentos na Casa de Saúde Esperança, e, a partir de agora, esse material já pode ser obtido gratuitamente, para fins de estudos e pesquisa. Basta seu centro de formação enviar uma mensagem contendo o endereço completo, que enviamos a você esse material inédito (01 cd`rom) e precursor em nossa área de trabalho: Filosofia Clínica nos atendimentos no hospital psiquiátrico. Como esse trabalho tem favorecido muito o desenvolvimento de algumas gerações de Filósofas Clínicas em Minas Gerais, o grupo entendeu necessário compartilhar esses atendimentos, como forma de qualificar a caminhada em direção ao ser terapeuta, oferecer matéria-prima e divulgar a clínica asilar da região. O material inicial contém uma tarde de atendimentos, transi
Loucos e Santos Oscar Wilde Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metad
Leitura Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Considero a leitura um dos atos que deveriam ser fundamentais para a condição humana, temo pelos que não sofrem seus efeitos não se deliciam com esta arte. Falo da leitura não com armazenamento de conhecimento, mas como deleite, paixão... A alegria do livro entre as mãos, hábito adquirido desde a infância, o cheiro gostoso de cada página virada e revirada. Dos novos olhares sobre trechos sublinhados na época da faculdade, das coisas que já não dizem mais nada e da nova dança de signos delirantes que nos fazem tremer, vibrar, criar. Alguém já sentiu essa musicalidade diante de uma obra? -Da coisa dos amantes ali entre quatro paredes, tendo como única testemunha a velha luminária. Das confidências íntimas, dos toques sutis, no mexer de entranhas, do sorriso de canto, da lágrima de até outra hora. Os olhos revirando, buscando nos cantos do quarto, personagens das transas mentais, fluxos de ideias... dos papelotes sobre a

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