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Fragmentos filosóficos delirantes V* "O sonhador, em seu devaneio sem limite nem reserva, se entrega de corpo e alma à imagem que acaba de encantá-lo." "Pois o alquimista é um sonhador que quer, que goza em querer, que se magnifica no seu 'querer grande'. Ao invocar o ouro - esse ouro que vai nascer no subterrâneo do sonhador -, o alquimista pede ao ouro, como outrora se pedia a Indra, para "criar vigor". E é assim que o devaneio alquimista determina um psiquismo vigoroso." "O sonhador escuta já os sons da palavra escrita. Um autor, não lembro quem, dizia que o bico da pena era um órgão do cérebro." "Como pode um homem, apesar da vida, tornar-se poeta ?" "O devaneio nos põe em estado de alma nascente." * Gaston Bachelard
Fragmentos filosóficos delirantes IV* "O gênio enraizado no mundo contém em si todos os 'tipos'humanos, o louco, o santo, o criminoso, a mamãe e a puta, sem esquecer o tipo sem qualidades que constitui o homem de todos os dias." "Trata-se na realidade de uma dialética específica, que poderíamos qualificar de alquímica, na qual o mesmo e o outro estão constantemente dialogando, num andamento sobressaltado, para formar um corpo social intenso que dura só um instante." "No caso, a adesão aos totens coletivos parece-me traduzir um (re)conhecimento de si como resultado de um devir. Todos estamos na estrada. A realidade é estruturalmente impermanente." "É instrutivo observar que, além da "língua oficial", a do pensamento conforme, existe uma multiplicação de idiomas, discursos tipicamente tribais, enraizados nas práticas cotidianas, de qualquer ordem que sejam: musicais, esportivas, sexuais, culturais e até políticas ou mesmo intel
Abertura à subjetividade Miguel Angelo Caruzo Filósofo Clínico Teresópolis-RJ Nossos dias estão cheios de receitas, conselhos, fórmulas, dicas, sobre como viver. “Pare de sofrer! Tenha metas na vida! Não se abale por qualquer coisa! Saia de dentro de casa! Não estude tanto! Você precisa aproveitar mais a vida! Você é muito jovem para casar! Já é tempo de começar a agir como um adulto!” E tantos outros conselhos mais aparecem no dia a dia, como se a vida já viesse com um manual de instruções. Como se os que aconselham soubessem de um manual de como viver, e o conhecessem em todos os seus detalhes. No entanto, o mundo não é feito de experiências semelhantes. Mesmo no caso de gêmeos, um sairia primeiro do que o outro, e daí já começaria uma série de pequenas diferenças de vivências que acarretaria no fim, numa enorme estrutura de pensamento de distância. Respeitar as diferenças. Um ensinamento proposto pela Filosofia Clínica. Não há modelos a serem seguidos. Não há diagnóstico
MINAS* SOL CÉU AZUL TRILHAS ÁGUAS MONTANHAS VENTOS FLORES VEGETAÇÕES PÁSSAROS INSETOS MURALHA DE PEDRA INTERSEÇÕES FARTURA DE VIDA *Olympia Filósofa Clínica São João del Rei/MG
ALERTA: RUIDOS NA TRANSMISSÃO Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Na tentativa da comunicação verbal, nem sempre o que um fala é o que o outro escuta, e o mesmo pode ocorrer na forma escrita, quando o que se apresenta pode ser lido e entendido de maneiras diferentes. A origem desta falta de sintonia pode partir tanto de quem envia como de quem recebe a mensagem, pois uma série de interferências internas e externas estão em jogo. Nem sempre é fácil exprimir em palavras pensamentos e emoções, ou, em outros termos, é difícil transmitir com clareza um sentimento ou uma emoção, e talvez o motivo desta dificuldade seja a própria emoção, mas isto é um outro assunto... Se por um lado existe a dificuldade em transmitir, receber também tem suas peculiaridades. Pessoas escutam, lêem, vêem e depois interpretam a mensagem de acordo com suas visões de mundo. Distorções também podem acontecer por desatenção, expectativa e ansiedade em assimilar de imediato o conteúdo da
Um carvaval que passou Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Como era bela tua fantasia... Deixei-me ofuscar pelas plumas, paetês, gregas, purpurinas... Tua alma por debaixo das vestes não tinha o mesmo brilho. "Ilusão carnavalesca" e eu de palhaça as gargalhadas. Franca alegria era a minha aos pulos entre confetes, serpentinas, até tu escafeder-se. Segui na festa ladeira acima, ladeira abaixo, feliz com tua partida. Ao clarear o dia próximo de um bueiro, vi tua máscara ao chão. Tomei com prazer mais um gole de cerveja e perguntei ao sol: Com que máscara tu irias desfilar agora?
Carinho cuidador Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG O corre e corre da vida nos coloca , muitas vezes, em falta com quem amamos. Priorizamos as festas, as compras, a televisão, a internet, mas não temos tempo para uma visita, um telefonema a fim de cuidar de quem dizemos amar. Neste mundo hiperconsumista o Outro fica sempre em segundo plano. As "coisas" passaram a ter mais valor. É uma pena! Onde ficam as amizades verdadeiras? Onde ficam o compartilhar e estar juntos pelo simples estar junto? Onde ficam as confidências e trocas afetivas? O movimento Slow nos convida a refletir sobre o tempo perdido com as correrias, inconsciências e consumismo desenfreado. Encontrar um tempo para um carinho cuidador alimenta nossa alma e nos traz de volta a humanidade. Urge pararmos e pensarmos na importância de estarmos com o outro para vivermos coisas simples. Um papo legal ou cabeça. Um cozinhar juntos e deliciar uma boa mesa. Um caminhar sem
Fragmentos filosóficos delirantes III* "A base da geometria visual é a superfície, não o ponto. Esta geometria desconhece as paralelas e declara que o homem que se desloca modifica as formas que o circundam." "Depois refleti que todas as coisas sempre acontecem precisamente a alguém, precisamente agora. Séculos de séculos e só no presente ocorrem os fatos." "Logo refletiu que a realidade não costuma coincidir com as previsões; com lógica perversa inferiu que prever um detalhe circunstancial é impedir que este aconteça." "Hladik preconizava o verso porque ele impede que os espectadores se esqueçam da irrealidade, que é a condição da arte." *Jorge Luis Borges
Fragmentos filosóficos delirantes II* "A ciência jamais pôde entender o irracional, e portanto não tem futuro diante de si neste mundo." "Desconfiem de uma mulher que confessa a sua verdadeira idade. Uma mulher que diz isto, poderá dizer qualquer coisa." "A moderação é uma coisa fatal. O suficiente é tão antipático quanto uma refeição. O superabundante é tão bom quanto um banquete." "A sociedade pode até perdoar ao deliquente, mas nunca perdoa ao sonhador." "Podemos resistir a tudo exceto às tentações." "Todos nós estamos na lama, mas alguns sabem ver as estrelas." "O que vem a ser a verdade ? Em assuntos religiosos, não passa da opinião que prevaleceu. No campo da ciência é a última novidade. No plano da arte, é a mais recente atitude do espírito." *Oscar Wilde
Fragmentos filosóficos delirantes I* "Havia muito tempo que a pintura linear pura me enlouquecia, até que encontrei Van Gogh que pintava, não linhas ou formas, mas coisas da natureza inerte como se estivessem em plena convulsão." "Há em todo demente um gênio incompreendido em cuja mente brilha uma idéia assustadora, e que só no delírio consegue encontrar uma saída para as coerções que a vida lhe preparou." * Antonin Artaud
Educação do Pensamento Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Há quem divida as coisas de tal forma que o que é visível é educado, penteado, possui vida pública; os invisíveis da vida, como o pensamento, podem ser deixados aleatórios, soltos, selvagens em seus domínios, mal criados. Não é liberdade, é desleixo. Não é autonomia, é descuido. É negligência também. Mas isso somente se estende aos invisíveis. Quando o pensamento se torna visível, segundo a métrica de quem o divide assim, então imediatamente ele se torna educado e solícito, social, mostra urbanidade. O pensamento se torna visível quando a pessoa vai expor um assunto no qual acredita, por exemplo. Mas, ainda assim, em tal caso há dois pensamentos básicos: um é educado segundo os preceitos mais profundos da hipocrisia convencionada; o outro, sincero e desleixado, desmazelado e porco, não aparece. Alguns que dividem as coisas desta forma, pelo próprio estilo alcoviteiro, oculto, esquivo com que moldam ao relent
Pérolas imperfeitas* “Não se evita impunemente uma crise interior.” Cioran Havia um rumor de vida nova naquelas incompletudes. Algo próximo de um vocabulário, talvez. Um teor inovador e de aparente sem nexo oferecido nas possibilidades de descobrir e inventar. Experimentações discursivas e as retóricas da existência apreciam conceder visibilidade por esses jogos de linguagem. Espécie de diálogo contido entre o dizer e o não dizer, quem sabe até conversação entre questões imediatas e últimas. Disputa pela supremacia, um pouco antes de ser alguma coisa. Na estrutura tênue dos convívios, aprender a ver através das aparências pode significar mais. É interessante notar que as vivências mais intensas possuem grande dificuldade para encontrar sua melhor perspectiva. A saga do querer dizer, pode se mostrar antítese as lógicas mais consideradas. Ainda assim, a multidão de personagens e fenômenos sem nome, deixa rastros visíveis nos intervalos da palavra. Os termos agendados possue
Viajando com Paul Beto Colombo Filósofo Clínico Criciúma/SC Temos uma expressão muito comum por aqui: “Viajou, foi pro espaço”. Foi o que aconteceu comigo nessa segunda-feira no Show de Paul McCartney. Na Filosofia Clínica chamamos isso de deslocamento longo. Eu costumo usar esse sub-modo como um auto procedimento quando estou naqueles lugares onde não me identifico: nas esperas de vôos em aeroportos, em viagens internacionais onde preciso dormir sentado numa poltrona de avião e em muitos outros casos... ao contrário nesse caso na categoria lugar do que me aconteceu no Morumbi no show. Quando Paul e sua banda tocou “Hey Jude” o Morumbi inteiro, como num transe coletivo, num coro afinado, acompanhava com harmonia a melodia e com entusiasmo pronunciava cada palavra da letra da música. Eu fechei meus olhos e em êxtase me desloquei para um mundo melhor, sem violência, sem compromissos, sem correrias, sem tristezas, sem dor e ali fiquei ouvindo Paul dizendo: “ Ei Jude não carre
Despir-se de si Miguel Angelo Caruzo Filósofo Clínico Teresópolis-RJ Não fazer do mundo uma extensão de minhas interpretações. Este é um imperativo intrínseco à Filosofia Clinica. Não vamos encontrar isso nos cadernos de estudos nem nas aulas. Isso é um aprendizado da prática. Compreender a Filosofia Clinica na prática é admirar o mundo, as pessoas, as coisas, as situações, sem querer dar a nossa solução ou interpretação para tudo. A Filosofia Clinica nos ensina como as pessoas podem nos falar de si mesmas. Sem interpretá-las, nós aprendemos delas sobre elas. Reconhecemos diretamente da fonte. Interpretações são secundárias. Afinal é melhor ler uma obra do que o comentador dela. Entrar no universo significativo do outro é abandonar, por momentos, meu próprio universo, ainda que em parte. A recíproca de inversão, ato de ir ao mundo significativo do outro, é um exercício nem sempre tão fácil. As significações são tantas, e algumas podem nos confrontar com valores e modos d

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