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DAR SENTIDO AO ACORDAR Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Você não dormiu direito. Pode ter sido insônia, um filho doente, uma festa que se prolongou ou um projeto a ser finalizado. O fato é que seu corpo não descansou, o sono não foi reparador e você tem um compromisso agendado. Qual sua estratégia para pular da cama cedo pela manhã e ir trabalhar, estudar ou cuidar da saúde praticando exercícios? O bom e velho despertador ainda é um dos métodos mais utilizados, mas infelizmente é muito primitivo. . Você já deve ter tido a experiência desagradável de estar deitado, tentando ainda desesperadamente recuperar o sono e de repente aquele susto. Um barulho tão incômodo invadindo seus ouvidos que a freqüência cardíaca aumenta, a respiração fica ofegante e o corpo molhado de suor. Envolto por tal perturbação você instintivamente levanta e desliga aquele som. O dia já iniciou, o calendário mudou, porém você ainda não teve o tempo necessário para sair do ontem. Mais
COLHEITA E PROCESSAMENTO Vânia Dantas Filósofa Clínica Uberlândia - MG A historicidade é a base para a análise de dados e compreensão do processo do partilhante e algumas abordagens podem ser utilizadas na sua observação para elucidar a vida que se apresenta, até por meios não-verbais e intuitivos. Na contação da história de vida, cada palavra será importante, assim como a constituição sintática, a relação entre os termos, e a semântica, ou seja, o significado deles. Agora, como se pode colher uma história de vida? Qual a lucidez necessária para que o partilhante fale do que lhe vai por dentro? Qual é a sua epistemologia? Quais são os instrumentos dos quais o ser se utiliza para conseguir dizer de si, coisa para ele tão difícil, porque muitas vezes ele não se conhece? De quais dados de semiose se vale a pessoa para se dirigir a você? Na verdade, há agendamentos nos mínimos detalhes envolvidos na clínica, desde o momento em que a pessoa toma contato com o desejo de fazer tera
O tempo em que se vive Sandra Veroneze Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Houve um tempo, até poucos anos atrás, que eu me olhava no espelho e tinha quase a certeza de ser uma grega ou romana perdida no tempo. Tudo que se referia ao mundo dos castelos, batalhas e simbolismo religioso me interessava. Estudei as guerras antigas, armas brancas, arquitetura sagrada, códigos de honra das sociedades de guerreiros, paganismo, civilizações desaparecidas, alquimia, mitologia, astrologia, numerologia... Adotei a filosofia estoica como modo de viver (tanto quanto possível), enrijeci uma disciplina para uma vida verticalizada nos pilares de honra e caráter, defini uma estratégia própria para fazer render meus dias. É desta época minha forte admiração pelo imperador filósofo Marco Aurélio e suas meditações, pelos cavaleiros templários e guerreiros samurais. Prevalecia a premissa do ‘faça o que tem que ser feito, independente do quanto doa’. Depois me entreguei a uma nova fase, mas ainda
Grotão Olympia Filósofa Clínica São João del Rei/NG Nos caminhos do vale Andando pelos grotões Vendo o Rio Jequitinhonha Contemplando o Universo Vejo uma nuvenzinha Conversando com as montanhas Conversa de pé de ouvido Trocam segredos e carinhos
O discurso de cada um Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Cada um de nós tem um discurso próprio, uma forma de verbalizar o mundo. Às vezes compreensível, estruturado, coerente, mas tantas outras vezes nem tanto assim. Muitos apenas deixam transparecer o que lhes vai à alma; outros se descabelam de tanta expressão. Algumas destas expressões são múltiplas e abrangem olhares, toques, sons, paladares e cheiros e também muitos outros sentidos que não podem sequer ser mencionados, tomando a atenção do outro por inteiro. Inúmeras outras expressões, entretanto, se recolhem e se manifestam somente para poucos escolhidos. Muitos mesclam momentos de recolhimento com outros de euforia, nos lembrando que podemos ser imprevisíveis até mesmo dentro de nossa linearidade. Não há um discurso igual ao outro, como não há necessariamente uma imposição de padrões nos discursos já conhecidos, simplesmente porque estes podem mudar. Quantas vezes, quando supomos já conhecer nossos partilha
Fragmentos filosóficos delirantes XXXI* "Vivo no infinito; o momento não conta. Vou lhe revelar um segredo: creio já ter vivido uma vez. Nesta vida também fui brasileiro e me chamava João Guimarães Rosa" "Às vezes, quase acredito que eu mesmo, João, seja um conto contado por mim" "Não gosto de falar em infância. É um tempo de coisas boas, mas sempre com pessoas grandes incomodando a gente, intervindo, estragando os prazeres. Recordando o tempo de criança, vejo por lá excesso de adultos, todos eles, os mais queridos, ao modo de policiais do invasor, em terra ocupada" "Mas, tempo bom, de verdade, só começou com a conquista de algum isolamento, com a segurança de poder fechar-me num quarto e trancar a porta. Deitar no chão e imaginar estórias, poemas, romances, botando todo mundo conhecido como personagem, misturando as melhores coisas vistas e ouvidas" "Quando a gente dorme, vira de tudo: vira pedras, vira flor. O que sinto, e esfor
Fragmentos filosóficos delirantes XXX* "Não mais trarei justificações Aos olhos do mundo. Serei incluído ” Pormenor Esboçado ” Na grande bruma. Não serei batizado, Não serei crismado, Não estarei doutorado, Não serei domesticado Pelos rebanhos Da terra. Morrerei inocente Sem nunca ter Descoberto O que há de bem e mal De falso ou certo No que vi." "Se a noite persegue minha vida, deposito monstros no aquário. Os peixes caminham no asfalto e as mulheres usam gravatas. Minha alma, meu desejo, minha imobilidade. Apenas eu! Danço a quimera dos solitários e o presságio dos carecas." "Dêem-me um anestésico. A vida dói e arde. Não sei controlar meus impulsos demoníacos. Não acredito em forças de outro mundo. Sou eu, meus versos e o perigo das frações." "Um poema, um segmento refratário. Não sei de mim. As idéias são espasmos, e as palavras, coisa inútil. Seria senil e insano se acreditasse no amanhã. Vivo esse segundo que se

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