Pular para o conteúdo principal

Postagens

Carinho Sandra Veroneze Jornalista e Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Outro dia estava sentada na praça central de uma cidade do interior, deliciando-me com um dos meus exercícios preferidos: observar. O meu olhar se interessa por pessoas, animais, plantas, detalhes das casas e tudo mais que possa compor o cenário. Como há alguns dias estava frequentando esta praça, e apaixonada por bichinhos que sou, acabei fazendo amizade com um cachorrinho viralata todo preto, lindo, que passa seus dias desfilando seu charme por aí e ansioso por carinho e bom trato. Pois este cachorrinho, que é um doce de amável, caiu na antipatia de um menino, que insistia em lhe dar chineladas. Observei a cena e comecei a me irritar. Disposta a defender o cão, me ergui e fui até o local onde agora estavam o cachorrinho, o menino, e mais duas meninas que defendiam o animal. Perguntei ao menino porque batia no cão e a resposta foi de este o havia mordido, ou tentado, afirmativa diante da qual as meninas
Existências que se tocam Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Há pessoas que não conseguem ser esquecidas... Por mais que se esforcem... não conseguem. São como diamantes raros, belos e multifacetados que concentram em si o sentido da eternidade na qual interferem e transferem ao outro o dom de possuir algo que não deveria nunca ser explicado. Há pessoas que seduzem e impregnam o outro como se fluidos fossem, sem permissão, deixando muitas vezes um legado que se aproxima da perplexidade. Há pessoas que conferem autonomia, poder, reconhecimento pelo simples movimento da existência, traduzidas pela palavra que se insinua, pela fugaz troca de olhar, pelos sentires intensos. Pessoas assim existem... e isso basta! Não há como explicar... E para que explicar o que não se entende? Para que entender o que não se explica? Para que formalizar o que o coração não suporta? Estas pessoas, por serem tão vastas, permanecem um mistério, onde o amor e a admiração muitas vezes se c
ABUNDÂNCIA Ildo Meyer Médico, Filósofo Clínico, Escritor. Porto Alegre/RS Ainda era escuro quando Clara acordou. Passara as noites anteriores em claro pensando em sua triste, densa e já distante vida de casada e nos eventuais encontros e desencontros pós separação. Olheiras e papadas demonstravam seu esgotamento. Aquela noite tudo foi diferente, era escuro, mas de alguma forma, havia luz. Mais do que isso, havia brilho em seus olhos. Sentia-se segura, tranquila e feliz. Durante o sono havia feito as pazes com seu inconsciente e com o mundo. Voltemos um pouco no tempo. Recém divorciada, quarenta e cinco anos de idade, bonita, independente, livre e desimpedida para encontrar um novo amor. Tudo o que precisava para seu futuro era conhecer alguém legal, se apaixonar, não cometer os mesmos erros do passado e ser feliz. Apesar da suposta liberdade, Clara não conseguia se soltar. Permanecia escravizada pelas dúvidas. Pensamentos mil, resposta nenhuma, atitude zero. Valeria à pen
Explorando Mundos - Representação Rosemiro A. Sefstrom Filósofo Clínico Criciúma/SC No artigo anterior exploramos o mundo como coerção, que é o mundo enquanto ferramenta de enquadramento do ser. E não é de se assustar ao saber que a maior parte das pessoas de que se tem notícia veem a realidade desta maneira. Neste artigo veremos o mundo como representação, onde a questão se torna muito mais difícil, uma vez que o que se apresenta no mundo enquanto representação é fácil de entender e ensinar, mas difícil de viver. O exercício que se dá deste ponto em diante é o de levar a compreensão de dois princípios básicos da Filosofia Clínica. O primeiro destes princípios vem de um filósofo chamado Protágoras, o qual diz: "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são." O segundo filósofo chama-se Schopenhauer e disse: “O mundo é minha representação”. Antes de avançar em direção ao que cada filósofo disse e a
Ferimentos Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Sem porto seguro navego águas turbulentas encostas sacode corpo nú massageia espírito dolorido sopro quentes palavras borbulhantes poções aquecem entranhas inspiração possível criação metamorfoseante colo treme frenesi caixa possuída inquietação fantasma fantasias fome febres fendas frágil fidelidade filosofias fugidias fisionomias finos fazeres fios fachadas fora faiscado falso fascínio fomentado fosfóricamente fazendo ficar flores ferimentos
A difícil arte de escutar Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofoa Clínica Juiz de Fora/MG A tagarelice real e mental toma conta quando aos encontros surgem. Cada um quer falar mais que o outro. A ansiedade domina. A luta pelo poder e a competição assumem o comando. Silenciar, escutar e dialogar, na maioria das vezes, não acontece. Sair de si, Escutar por inteiro, Em pura presença, No tentar compreender, É uma arte sábia. Ouvir não basta. Silenciar é preciso, Em total atenção a fala do outro. Muitas vezes, só se pensa na autoafirmação, Querendo alimentar o ego do poder. Não se escuta o que outro está falando pois, A preocupação é apenas no que vai responder. E na maioria responde-se exatamente algo que não tem nada haver com a conversa. Escutar requer respeito, Abertura, Capacidade reflexiva, Humildade, Capacidade aprendiz. O silenciar nem sempre significa escuta. A tagarelice interna pode estar cheia de prejuízos. O silêncio da escuta pontua e

Visitas