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O avesso de mim Pe. Flávio Sobreiro Poeta e Filósofo Clínico Cambuí/MG "O mais importante do bordado é o avesso é o avesso" (Jorge Vercillo e J. Velloso) Nossa sociedade tornou-se sinônimo de agitação; já não encontramos tempo para mais nada. Desejamos que o dia tenha trinta horas, porque as 24 horas que temos parecem poucas para tantas demandas próprias do nosso cotidiano. Divorciamo-nos da paciência e hoje somos prisioneiros da pressa. Buscamos o futuro sem viver o presente. Nas tramas da vida, os bordados de nossa história são, por vezes, mal feitos e tortos. A arte do bordado carrega em si um grande ensinamento para nossa vida. Se o avesso do bordado estiver perfeito, o bordado também estará perfeito. No entanto se o avesso do bordado estiver defeituoso, o bordado também estará imperfeito, mesmo que, ao primeiro olhar, ela pareça bonito. Muitos corações estão com o avesso mal acabado. Há linhas de sentimentos soltas e nós de incompreensões mal arrematados. A
COM PAIXÃO Will Goya Filósofo Clínico, Poeta. Goiânia/GO Entra, se eu servir de abrigo. Até hoje nossa casa só foi habitada por fora. Há tantos olhares que não foram ditos... Enquanto me demorava em não te conhecer. Se te adoro em tão pouco encontro É que o tempo se acumula em delicados excessos. A espera não deveria ser feita de desejos... Mas é. Mais breve que o amor, foram os dias e noites antes da tua chegada. Soubesse tão perto, acordaria mais cedo. Eu te vi sumir a cada esquina, quando corri. E amei tudo o que não me deixava em paz, Como se o amor fosse troca, compensando a falta. Amor antigo, na frente de estranhos. Contigo aprendi o que era o mundo na tua ausência, E ainda nem chegaste. Sozinho em San Pablo, California/US, entre as leituras e as frestas da janela veneziana do meu quarto, observava a noite chegar. Então pensei: “quando chegará o meu grande amor?”. Tolice! Como se um grande amor fosse outra coisa que não o acúmulo e o metabolismo d
Muitos chamados Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG Vida acontecendo nos múltiplos convites. Vastidão de possibilidades. Intensidades de acontecências. E urgência de fazer escolhas. Sou livre. Bibliotecas, livros, portas abertas. Ruas, pessoas, corações pedintes. Somos realmente livres? Os chamados de fora angustiam. O chamado de dentro escolhe Entre o dentro e o fora o conflito, a pausa ansiosa Angústia frente aos muitos. No fora o universo em expansão No dentro o universo em comunhão. Escolha, entre o sim e o não Estou no chão em trânsito Metáfora viva. Linguagem. Comunicação. Ponto e vírgula,
Escrever é... Luana Tavares Niterói/RJ Uma catarse... quase um delírio. Difícil até mesmo dimensionar. Um movimento que transborda, vindo do que ainda falta ser dito, do que nem mesmo se entende, do que se pretende ou não e até do que não se consegue dizer. Vindo do âmago ou da superfície, não importa. O que conta é que costuma vir da alma, do que reconhecemos em nós mesmos; daquilo que se desafia, se precipita e se extingue. Uma eterna página inacabada; um eterno devir... Escrever é quase solitário, e imprevisível, e incrivelmente confortador! Mas não é um caminho simples. Que ninguém pense que é corriqueiro ou mesmo obviamente possível externar o que se sente ou o que se pensa. Pode ser até doloroso, de uma dor que machuca, mas que também compensa e se redime pelo sofrimento provocado, curando e renovando. Por conta do seu movimento, é uma ação autorreflexiva, autoflageladora, de onde não se prevê a consequência... quase uma loucura, exacerbada pela irresistível ação que
Como Belano casou com Janice sem saber que continuava casado com Jaqueline Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Belano conheceu Janice um ano após o divórcio. Ele concedeu o divórcio a Jaqueline após uma pequena encenação circense na qual ela ameaçou os medos mais íntimos de Belano. Ele aceitou o divórcio e, no fim, estava quase implorando para que ocorresse. Durante as consultas, Belano iniciava falando o quanto estava feliz com Janice, o quanto a amava. Então, alguma coisa mudava em seus olhos, ele pigarreava, discorria longamente sobre o quanto sua vida com Jaqueline havia sido restritiva aos sonhos, aos desejos mais simples como conversar com os amigos antes de voltar para casa. Ele contava da nova casa com Janice e conseguia descrever uma casa maravilhosa, com jardim de inverno, gramados em planos inclinados, tudo em poucos minutos; em longos minutos ele descrevia o apartamento escuro, cortinas sempre cerradas, no qual viveu com Jaqueline. Descrevia minuciosamente
Viagens, suspiros, exclusividade Sandra Veroneze Jornalista, Filósofa Clínica Porto Alegre/RS "Suspiro Se me fosse concedido Um único desejo, um único pedido E sendo este momento o derradeiro Eu pediria você comigo Para lembrar, na eternidade Que o amor existe" "Viagem Vou Fico um tanto que é sempre pouco E volto Entre você e eu Milhas e milhas de saudade" "Exclusividade Não importa se é paixão, amor ou obsessão Ou ainda um lindo sonho de amor romântico Importa que saiba o que quer, como, quando, onde e por que E que neste olhar, como mulher, só caiba eu Porque eu, quando quero, quero tudo e quero inteiro E também só quero o que é meu"
Haicai Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Querido leitor, que você esteja bem. Hoje vamos falar de um assunto cujo nome é bem diferente: Haicai. “Haicai” é uma palavra originária do japonês Haiku, resumindo, é uma forma poética de se expressar de forma simples, concisa, objetiva e direta. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última, cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas). Aprofundando um pouco mais, o “haiku” é tradicionalmente impresso em uma única linha vertical, enquanto o “haicai” geralmente aparece em três linhas, em paralelo. Quem escreve o haicai é chamado de "Haijin". No Brasil, um dos haijin mais conhecido é o escritor Millor Fernandes. Haicai é, portanto, um verso ou então um minúsculo poema, onde tudo o que tem que ser dito deve ser dito com apenas dezessete sílabas. Esta forma de expressão é uma pa
Fragmentos filosóficos delirantes LXVI* "Sonhar é acordar-se para dentro" "Amor Quando duas pessoas fazem amor Não estão apenas fazendo amor Estão dando corda ao relógio do mundo" "Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas..." "Se alguém te perguntar o que quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo..." "Não desças os degraus do sonho Para não despertar os monstros. Não subas aos sótãos - onde Os deuses, por trás das suas máscaras, Ocultam o próprio enigma. Não desças, não subas, fica. O mistério está é na tua vida! E é um sonho louco este nosso mundo..." "Quem ama inventa as coisas a que ama... Talvez chegaste quando eu te sonhava. Então de súbito acendeu-se a chama! Era a brasa dormida que acordava." "Quem faz um poema abre uma janela. Respira, tu que estás numa cela abafada, esse ar que entra por ela. Por
Sobre os terapeutas Pe. Flávio Sobreiro Poeta e Filósofo Clínico Cambui/MG Muitos barulhos me perturbam... O ruído dos carros, das vozes externas e das que em mim habitam. Já cheguei a pensar em procurar um terapeuta. Mas após consultar meus velhos amigos desanimei. Disseram-me que os terapeutas de hoje são muito tagarelas. Antes de o cliente terminar a fala eles já tem a receita para os conflitos que tumultuam os pensamentos. Não! Não quero um terapeuta que tenha na ponta da língua as respostas das quais necessito. Quero encontrá-las sozinho! Afinal eles irão caminhar por mim? Óbvio que não! O meu caminho é único. Quero um terapeuta que seja companheiro de jornada! Que olhe comigo as paisagens que vou descobrindo ao longo de minha caminhada. Quero um terapeuta com o qual eu possa partilhar meus medos e meus sonhos. Que tire os sapatos e pise no solo sagrado de minhas dores. Terapeutas que desejam que eu sonhe os sonhos deles estão fora de minha agenda. Como posso son
Liberdade é a meta Rosângela Rossi Psicoterapeuta e Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Não dá para continuarmos sendo escravos, Deixar a mídia dominar e o poder controlar, Escolher por si mesmo é possível, Quando a mente , o coração e a vontade se harmonizam. Não é tão fácil assim sair desta alienação, Deixar de ser seduzido pela propaganda, Que baseada nas faltas, vendem a alma. Por isto a filosofia incomoda Ela denuncia e faz pensar. Mandela,mesmo 27 anos na prisão foi livre. Subcomandante Marcos mesmo perseguido é livre Dalai Lama mesmo expulso de sua terra é livre. Liberdade de palavra e ação é nosso direito. Ninguém e nenhum governo podem tolher nossa liberdade. A liberdade não se encontra fora, mas dentro de cada um de nós. A menos que o amor flua,você não sentirá livre. Liberdade se faz no estar presente. Liberdade nada mais é que a capacidade de escolher Sabendo perder e desapegar do que não se escolheu. Liberdade é a meta De quem abre o coração a
Ilusões Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Ou vivemos de ilusões ou elas vivem através de nós! Às vezes é como se elas se precipitassem sobre nossas essências e plasmassem em nós poderosas impressões. E não há como fugir; as ilusões te perseguem por entre as frestas das emoções ou mesmo pelos átimos fugazes dos pensamentos, detectando cada anseio e fortalecendo aquilo que nem mesmo percebemos. Porque é inegável que a vida se reveste, às vezes, de nuvens densas, pelas quais não conseguimos penetrar e nem sempre compreendemos o sentido das reais intenções ocultas. Só que as ilusões sabem, elas nos compreendem melhor do que nós mesmos... então se manifestam, se insinuam e se traduzem, promovendo fantásticas alterações na nossa construção. Mas elas também se esvaem e se desintegram, como se jamais houvessem estado ali. Por isso são ilusões... E assim, permanece obscuro o sentido das ilusões. Ele se esconde por entre as sombras da lógica singular que transitam pelas in
Esvaziar a Mente Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Querido leitor, que você esteja bem. Hoje vamos refletir um pouco sobre esvaziar a mente. Tenho pensado muito, nos últimos dias, sobre um assunto que a meu ver é interessante e extremamente importante em nossas vidas, na vida de cada um. E o foco do meu pensamento, até bastante prazeroso, é o de se esvaziar. Lembro que fiz o Caminho de Santiago duas vezes e dele tirei uma conclusão que trago até hoje, que é o de esvaziar a mochila, de deixá-la mais leve. Daqui a pouco a mochila está tão pesada que a vida, que é o que deve ser vivida, não pode seguir seu fluxo porque tem muito peso, muitos compromissos, muitas responsabilidades. É comum eu receber solicitações para encontros, para programas, para festas, para reuniões, para trabalho, para sociedade, enfim, como ser humano aberto ao contato com as pessoas, recebo muitos convites. Se eu aceitasse pelo menos metade

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