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Janelas e ventos* Existem janelas a espera de ventos, Onde nunca será cedo ou tarde, Ventos em busca de janelas, Lugar a sugerir vazios, Rastros invisíveis, pegadas sem pé, Embala procuras, esconderijos, Um agora oratório, confessionário, Anuncia anjos decaídos, O inesperado amanhã, Intui desejos inconfessáveis, Alvoroço de asa sem voo, Imensidão de vontades sem lei, A janela persegue ficar, O vento sugere partir, Um e outro são instantes, Rascunho aproximado, lonjuras, *Anônimo
Fragmentos filosóficos delirantes LXXV* "Há em cada pessoa, uma pluralidade, uma coexistência de léxicos; o número e a identidade desses léxicos formam o idioleto de cada um." "O sentido obtuso parece desdobrar suas asas fora da cultura, do saber, da informação; analiticamente tem algo de irrisório; porque leva ao infinito da linguagem, poderá parecer limitado à observação da razão analítica; pertence a classe dos trocadilhos, das pilhérias, das despesas inúteis; indiferente às categorias morais ou estéticas, enquadra-se na categoria do carnaval." "O fílmico é o que, no filme, não pode ser descrito, é a representação que não pode ser representada. O fílmico nasce exatamente onde cessam a linguagem e a metalinguagem articulada." "Dionísio é um deus complexo, dialético; é a mesmo tempo um deus infernal e da renovação; é o próprio deus desta contradição." "É necessário lembrar que a classificação das vozes humanas - como toda classif
Sons da alma Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ Existem sons que vem de algum lugar que não distinguimos. Até conseguimos ouvi-los, mas eles nos surpreendem como se fossem brumas sonoras a se espalhar pelo ar... Essas ondas se espalham, penetram os sentidos e invadem expectativas, preenchendo entranhas e formando novos sonhos. Às vezes, formam delírios e transportam a outros mundos. Outras vezes, recordam instantes de êxtase que se propagam como impulsos a invadir destinos. Mas podem também massacrar como ferros, rasgando e ferindo, sepultando lembranças. E há os sonhos que cristalizam o momento, não permitindo que o tempo caminhe... ou talvez apenas o torne lento para que seus passos sejam marcados pelo deleite de um clímax anunciado. Esses momentos são como pérolas resgatadas que reverberam a concha que as abriga. Esses acordes iluminam os corações em sua mais íntima vibração, mas em segredo, de forma quase imperceptível, num ímpeto que ninguém consegue perceber
Freios existenciais Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Quando você for à bela cidade de Dourados, interior do Mato Grosso do Sul, observe que ela não possui subidas e descidas. Tudo é plano, tudo é povoado de planícies, poucos prédios, bicicletas por todo lado, árvores. Caso comprasse algum patinete para transitar pela região, provavelmente não seria necessário que tivesse um daqueles freios de mão. Para quê? Em lugares assim, a gravidade é o melhor e o mais suave freio ao embalo macio que traciona as rodinhas delicadas do patinete. No entanto, há modelos importados que já trazem o freio, modulado por um cabo, que naturalmente faz parecer necessária esta peça acoplada ao veículo. Acredito que alguns ficariam surpresos se soubessem que um patinete não precisa de freios. Talvez não comprassem, talvez devolvessem achando que tivesse um defeito. Lembro disso quando encontro seguidamente no consultório pessoas cujas construções semânticas, sintáticas, gramaticais trazem
Alegoria da Matrix Pedro de Freitas Jr. Filósofo Clínico Florianópolis/SC Quando Platão escreveu a “Alegoria da Caverna”, ele provavelmente não previu que seria adaptada a qualquer outra forma de mídia. No entanto, o filme Matrix conseguiu trazer a metáfora de Platão, ao século 21. Para começarmos a entender esta comparação vamos a um trecho da Alegoria: Imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresen
Poentes do que ficou Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG Saudade é a palavra que se foi, o abraço que não se despediu, o olhar que se eternizou, a lágrima que ainda não rolou. Talvez uma das palavras mais complexas de se definir seja a saudade. O que não se pode explicar o silêncio eterniza. Saudade eternizada é aquela tarde que ainda vive nas estações da alma. É a chuva que ainda caí nas manhãs de inverno da alma. O que fica da saudade é uma cicatriz silenciosa. Após a vida cumprir seu processo de cicatrizar a dor do que se foi, o silêncio não consegue verbalizar o que ainda vive. A vida que ainda cumpre seu ritmo nas esquinas das lembranças faz-nos deparar com aquilo que ficou estacionado no semáforo das emoções. Andamos por ladeiras e navegamos em oceanos tempestuosos de sentimentos que não conseguimos expressar. Será a saudade um lugar perdido nas montanhas de nossa alma? Ou será que a tendo encontrado não conseguimos mais abandoná-la e lhe juramos fidel

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