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A carta de amor não escrita* Bom dia Sr. Ildo, Desde que assisti a sua palestra em Salvador, passei a ler seu site. Gosto do seu jeito de encarar a vida e também do seu jeito de escrever. Estou com um problema e gostaria de pedir sua ajuda. Minha noiva foi fazer uma pós graduação em São Paulo e vai ficar por lá seis meses. Gostaria de escrever uma carta apaixonada, mostrando todo meu amor e saudade, mas não sou bom em escrever. Será que o senhor poderia me quebrar este galho e escrever uma carta de amor para ela? Diga quanto o senhor cobra. Prezado Carlos, Obrigado por seus elogios. Poderia começar a escrever a sua carta de diversas maneiras: Querida, É difícil dizer numa carta a saudade que esse nosso amor me causa. Conto nos dedos os dias que faltam para você voltar... Olho para a sua fotografia e sinto que você também está olhando para mim. Meu coração se ilumina mas, ao mesmo tempo, vem a tristeza de lembrar o quanto ainda vai demorar para sentirmos o g
Os caminhos existenciais Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica No paralelo 28, no extremo sul do Brasil, um rio de água verde-esmeralda tem sua foz no oceano. Quando era guri, durante os meses quentes de férias veraneávamos há poucas centenas de metros de sua desembocadura. Meu pai era cirurgião em um pequeno hospital nas redondezas e o local era adequado caso fosse chamado para alguma emergência, o que não raro acontecia. Nossa casa ficava em frente ao mar, cercada por restinga com aquela feitura arenosa, porosa como esponja. As gramíneas cresciam por toda a parte; eu e meus irmãos brincávamos com nossos soldados e toda a cavalaria entre aqueles cipós de flores que encordoavam as dunas maiores. No início da vida achei que bromélias, cactos e samambaias fossem tão abundantes no mundo quanto aqueles caranguejos amarelos dos areais, besourinho-da-praia, viúva-negra, gafanhoto-grande, coruja-buraqueira, perereca. Com seis anos eu achava que o mundo não poderia ser muito
A TUDO CEDE, TUDO VENCE Will Goya Filósofo Clínico, Poeta, Professor Goiânia/GO Errado pensar que o amor sempre vence e tudo pode. Com o amor a gente aprende a perder. Naturalmente, Controlar tudo é perder o controle. E perde quem não está disposto a perder, Pois o orgulho destrói não a culpa, mas o coração do culpado. Amar não é desejar o próximo como a si mesmo, É fazer do amado o primeiro e de si mesmo o próximo. O amor não é fraco nem forte, muito ou pouco, É apenas inteiro, Ainda que por uma fração de segundos Nos instantes mais belos da vida. Só o que é simples é completamente inteiro. Pura entrega, o amor é leve. Quem ama caminha em nuvens, Pois seu coração alcançou o reino dos céus. Sempre me comovi com o amor santo dos grandes cristãos da antiguidade e com a difícil beleza do “dar a outra face”. Mas como dar-se ao inimigo, à morte e a tudo o que nos traz ódio e medo? Um dia me dei conta de uma estranha sabedoria: amor não é poder, não é a arte da
Quem precisa de um amante? Jussara Haddad Terapeuta sexual, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Você acreditou que todo aquele tesão que ele sentia era por você? Ficou imaginando, como um “coroa” mal cuidado e completamente fora de forma podia ter tanta virilidade quando o seu marido, que é bem mais novo, não consegue mais corresponder às suas expectativas na cama? Nem por um momento pensou na possibilidade de o lobão estar ali, por estar sendo relegado pela mulher que não o deseja mais, por ele ser um doido dentro de casa, porque ele é um homem relaxado com sua aparência, porque pra ela, ele mostra todos os seus odores, calores e horrores. Nunca parou para pensar que este gavião de bico afiado estivesse mentindo até a última pena quando te disse que estava separado, que seu casamento havia acabado? Nunca desconfiou que o pobre coitado estivesse ali com você, entupido de drogas para manter a ereção, te usando para se auto-afirmar e garantir uma imagem de homem poderoso, apesar de
Fronteiras Luana Tavares Filósofa Clínica Niterói/RJ À margem do que somos, os caminhos são percorridos e nos perpassam, como alternativas fugazes que se desdobram em transitoriedades. Eles nos induzem a direções múltiplas e nos indicam possibilidades tão infinitas quanto as estrelas a nos instigar o devaneio... sempre aguardando que nos esqueçamos de uma fugacidade para adentrar outra... sempre nos lembrando da nossa frágil constituição ou da nossa perversa humanidade. O bater de asas das borboletas questiona para onde vamos, porque retornamos, ou o que existe do outro lado. Qual lado? Não sei, não importa. Ou importa somente a quem se arrisca ou a quem se aventura ou a quem decide romper as amarras. A quem vislumbra além da próxima esquina. Podem ser todos os possíveis lados; todos os prováveis mundos a que estamos sujeitos; todos os infindáveis futuros a que nossas pequenas ações nos possibilitam. A magia está em perceber qual trilha penetrar, qual palavra exprimir,
Até se chegar ao amor Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG A jornada de encontro com o amor, que é nossa natureza, é longa e requer um trabalho consciente. Pensamos que amor surge assim, de repente, e toma conta da gente! Seria bem bom se fosse mesmo assim. Mas, para deixar fluir o amor que habita nossa alma, haja trabalho! Assustado com esta minha fala? Pois é... Aprendemos bem diferente disto e vamos nos iludindo esperando o milagre do amor romântico. Que por não chegar vai nos frustrando. O caminho é longo até abrir a porta do Castelo da Alma e encontrar o bendito amor. Quando no caminho encontramos alguém que nos encanta, não acontece amor a primeira vista, mas Enamoramento. Enamorar é ver de vislumbre a projeção da nossa propria alma. O outro, por ter algumas coisas igual a mim, se torna espelho. Incrível! O outro nos fascina. Vemos nele tudo de bom, bonito e perfeito. Nesta hora, não temos olhos para mais nada. O mundo fica cor de rosa. Os s
O tempo da vida Pe. Flávio Sobreiro Filósofo Clínico, Poeta Cambuí/MG "Se um arco-íris dura mais do que quinze minutos, não o olhamos mais." (Goethe) Informações nos chegam na velocidade da luz... Há tempos atrás aguardávamos ansiosos a chegada da carta que nos traria as notícias de quem morava longe de nós. Com o advento da internet as cartas foram substituídas pelo e-mail. Tudo se tornou mais ágil e fácil. Os meios de comunicação virtual evoluíram e entraram em cena as redes sociais, que agilizaram ainda mais a comunicação. O e-mail foi substituído. Hoje o Facebook agrega todos os outros sistemas de comunicação em um local somente. Podemos conversar on line com quem mora em distantes regiões da nossa. Enviamos e recebemos mensagens sem precisar fazer uso do "antigo" e-mail. O futuro já chegou e o presente confunde nossa consciência. Lembro-me das máquinas fotográficas que usavam os filmes que depois seriam revelados. O "click" tinha que se
O Poder das Palavras Beto Colombo Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC Criciúma/SC Recebi recentemente um e-mail do amigo Tate Rosso que me fez parar e refletir mais e melhor sobre ele. O tema central da mensagem, em forma de vídeo, era o poder das palavras. Como a palavra tem poder! Imagine alguém chegar pra mim, pra você, e elogiar, só falar coisas boas. Ou imagine o contrário, só recebermos críticas, ponderações negativas. E imagine que isso não seja só um dia, mas uma vida? Mas, como disse, as palavras têm poder: as pensadas, as faladas e até as escritas. Até mesmo a minha experiência como escritor restringia-se aos livros, depois veio o jornal e agora a rádio. É impressionante o poder que estes meios têm. E a palavra não fica fora disso. Mas voltemos ao e-mail recebido. De acordo com o vídeo de um minuto e trinta segundos, um senhor cego pede esmola numa praça movimentada, destas de um grande centro onde as pessoas correm de um lado pa
Fragmentos filosóficos delirantes LXXX* "Ora há duas espécies de loucura: uma nascida das enfermidades humanas e a outra provocada por um impulso divino que nos leva a abandonar os costumes habituais" "(...) mas na realidade os maiores bens vêm-nos por intermédio da loucura, que é sem dúvida um dom divino" "(...) começar por descrever a alma com toda a exatidão e por fazer ver se por natureza ela constitui uma coisa una e homogênea ou se, à maneira do corpo, é multiforme. Eis o que chamamos mostrar a natureza de uma coisa" "De fato, é no estado de loucura que a profetisa de Delfos e as sacerdotisas de Dodona têm proporcionado à Hélade inúmeros benefícios, tanto de ordem privada como pública, enquanto, no bom senso, a coisa de pouca monta ou nada se reduz o que fazem" "Outro gênero de possessão divina e de loucura provém das Musas; quando encontra uma alma delicada e pura, desperta-a e arrebata-a, levando-a a exprimir-se em odes e
Fragmentos filosóficos delirantes LXXIX* "A própria vida, aos olhos do intelectual, é suspeita, pois nunca se dobra a uma ordem abstrata" "Ao se nomear, com excessiva precisão, aquilo que se apreende, mata-se aquilo que é nomeado. Os poetas nos tornaram atentos a tal processo" "Do momento em que há vida, há labilidade, dinamismo. A vida não se deixa enclausurar. Quando muito é possível captar-lhe os contornos, descrever-lhe a forma, levantar suas características essenciais" "O próprio do acontecimento é que ele se dá de maneira inesperada, o que torna bem difícil sua percepção por uma lógica linear, a partir de um causalismo unívoco" "(...) aquilo que introduz a um pensamento acariciante, que pouco se importa com a ilusão da verdade, que não propõe um sentido definitivo das coisas e das pessoas, mas que se empenha sempre em manter-se a caminho" "O instituinte, aquilo que periodicamente (re)nasce, nunca está em perfeita
As interseções cruzadas Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Pedro descobriu que estudou matemática, biologia, história desde os 8 anos de idade. Aos 35 sabia quase nada sobre matemática, biologia, história. O que ele mais aprendeu em seus anos de escola é que muito pouco ele aprendeu na escola. Antônia descobriu Pedro e achou que com ele poderia ter o que mais amava desde os 18 anos, ano em que perdeu o pai em um acidente de trem: uma família. Antônia amava tanto ter uma família que não se importava em casar e ter filhos para conseguir isso. Com Pedro ela construiu uma linda família, teve dois filhos. O casamento nunca foi bom, mas a família era uma beleza. Tânia, prima irmã de Antônia, “nunca se achou na vida”, conforme dizia a tia Dornelles, pessoa muito entendida na vida dos outros. Tânia precisava muito manter os vínculos com pessoas importantes que passassem em sua vida. A questão era manter necessariamente os vínculos, independente na natureza dos atilhos. Qua
E a vida continua.... Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Filosofa Clínica Juiz de Fora/MG Terminar um ano é uma graça. Crescemos e aprendemos. Amamos e sofremos. Realizamos e frustramos. Dormimos e acordamos. Colhemos tudo que plantamos. Agora na passagem do tempo Os sonhos são desenhados na alma Renovam os desejos. O reiniciar dá força, revigora. Se não tivesse novos inícios a rotina das mesmices nos embotaria. Os rituais de final de ano agem em nossa psique Pois, pensar é criar. Somos o que pensamos e escolhemos. O grande segredo é só um: Vontade determinada consciente. Colocar nossa alma na frente, nos guiando. A alma é soberana. Tudo sem exagero, com alegria Caminho do meio, do bem senso. Bom escutar nossa voz interior. As regras vindo de fora podem não ter bom eco. Filosofar auxilia a reflexão. E a cada amanhecer agradecer. E a cada anoitecer celebrar. E a vida continua... Na exata dimensão das nossas escolhas. Feliz 2012! A felicidade a gente

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