Pular para o conteúdo principal

Postagens

Um absurdo poder sobre si mesma* Ela tem dedos finos e longos e toca as pessoas de forma diferente, qual timbre tenham. A pianista morena seduz com o talento que tem e o usa a seu favor, sobre as melodias dos mestres que interpreta com a alma. Toca as teclas de geléia colorida, as frutas transformadas em vitrificados translúcidos ou opacos – a nobreza está na transparência. Comeria o mundo, como Simone de Beauvoir. Suas heroínas são Ana de Assis, Xica da Silva, a Dama das Camélias, Dona Flor, Pagu, Clarice, mulheres transgressoras, mulheres de poder, quando o poder sobre si mesmas já era um absurdo. A luta contra a exigência do padrão que exclui e fecha a liberdade a chance de cada um ser o que é para ser o modelo convencionado por tal sociedade humana. Puxa, o que é isso, um ventilador de teto? A pianista queria ser admirada pelo que era, e não pelo que tinha, posto que não tinha, ou tinha – apenas a história. E histórias bonitas ou tristes para se contar e escrever era preci
Música na experiência pessoal* Neste texto o foco será uma experiência pessoal. Minha experiência com a música, ou um aspecto dela em minha vida, ou em parte desta. Depois do início do cinema muitas vidas passaram a pautar seus momentos marcantes com músicas, trilhas sonoras de suas histórias. Tenho certeza de que não falo somente da minha. Seja no âmbito da paixão, amor, relacionamento, acontecimentos importantes, mudanças nos rumos da vida, experiências religiosas, todas costumam levar consigo uma música de fundo. E o interessante é que essa música será o gatilho para diversas lembranças vivenciadas. Sejam essas boas ou ruins. No meu caso, poucas são as músicas “gatilho”. E elas geralmente me conduzem a momentos que foram muito bons, embora carreguem consigo a nostalgia de um tempo que não voltará. Por vezes me proponho a não ouvir mais essas músicas. Mas, em outros momentos as tomo na lista que tenho guardada no computador e ouço. Por que faço isso? A resposta não me vem com
Fragmentos filosóficos delirantes XCXII* "(...) inaugurando uma epistemologia das margens para decifrar o fenômeno humano internado nos subúrbios" "Uma desenvoltura delirante compartilha rasuras ao mundo das certezas" "Na raridade do instante fugaz, as incompletudes embalam o espírito da metamorfose significante, de onde os eventos peregrinos costumam partir" "Com o exercício da autonomia retórica os textos se oferecem à procura de um leitor de amanhãs" "(...) uma lógica de náufrago aprendendo a nadar em meio à tempestade" "Imaginava um rascunho nalgum ponto entre as fronteiras do dizível" "Seu viés inusitado possui a linguagem própria dos fenômenos que tenta descrever" "O abismo entre a semelhança e a singularidade é um desses equívocos, de onde as tipologias retiram sua fonte de conhecimento" "Múltiplos disfarces protegem os segredos da vontade sem representação" "Lógica
Respeito é bom e eu gosto Jussara Hadadd Terapeuta sexual, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Um princípio básico de convivência que é esquecido e desprezado pelas pessoas, faz com que casais que se amam, que estão dispostos a viverem felizes, que querem montar sua família e serem respeitados como seres adultos e capazes de conduzirem suas vidas, se magoem e muitas vezes convivam com conflitos, causados por aqueles que já passaram à posição de parente e não se conformam em perder as rédeas dos membros que alçaram vôo. O básico princípio, chamado respeito, é atropelado pelo egocentrismo de pais, de avós ou até de irmãos, que, se esquecendo do bom senso, utilizam-se de uma arbitrariedade justificada pela natalidade e adjacentes graus de parentesco, tentando a todo custo manter a posse sobre aquele que deseja partir em busca de palhas, cipós, sementes e tudo o que possa compor o seu novo ninho. Justificativas, na grande maioria das vezes, cercadas de preconceitos contra a diferen
Fragmentos filosóficos delirantes XCXI* "Uma das infelicidades a que estão sujeitas as grandes inteligências é a de compreender forçosamente todas as coisas, tanto os vícios como as virtudes" "Longe do centro onde brilham os grandes espíritos, onde o ar está carregado de idéias, onde tudo se renova, a instrução envelhece, o gosto se corrompe como uma água estagnada. Na falta de exercício, as paixões minguam avolumando as coisas mínimas" "Um por-de-sol é um grande poema, mas não será ridículo para uma mulher descrevê-lo com palavras grandiloquentes diante de criaturas materialistas ?" "Há delicadas voluptuosidades que não podem ser saboreadas senão entre duas criaturas, de poeta a poeta, de coração a coração" "(...) viveu durante algum tempo de sua própria essência e de esperanças longínquas" "Quantas recomendações! Lembrou-se de mil pequenos nadas" " (...) a deprimente polidez usada pelas pessoas bem-nasci
Trabalho, uma atividade da alma Rosângela Rossi Psicoterapeuta, Escritora, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Falar do trabalho de uma maneira poética e estética poderá parecer uma viagem de alguém fora do tempo presente. Tempo este que só pensa o trabalho numa visão econômica e finanveira. Grande engano! O trabalho como sagrado ofício, fenômeno psicológico instintivo, é uma atividade da alma, das mais sofistificadas e essenciais para uma vida potente e vibrante. Busque apenas o pagamento em dinheiro, as vantagens financeiras e deixe de lado as necessidades da alma, que logo,logo estará engolido pela alienação de um trabalho enfadanho. Feliz morte lenta! Facilmente nos sentiremos escravos se ligarmos o dinheiro apenas ao trabalho. A linguagem financeira eliminou a linguagem da alma para falar sobre riqueza, crédito, poder de comprar e venda, juros, débitos , passivos e ativos. O trabalho perdeu seu encantamento e seu verdadeiro sentido de valor, quando a alma foi abandonada.
Ausências e presenças Vânia Dantas Filósofa Clínica Uberlândia/MG Por que é preciso tanto tempo e distância pra se encontrar quem fale a nossa língua? Por muito tempo a gente procura o sublime e pensa que vai encontrar. De vez em quando vem a sensação de que esse melhor que se busca não existe, ou não foi reservado a nós, por enquanto. E às vezes uma presença é como um véu de estrelas e precisamos desencantar. Nos unimos pelos defeitos, também pela maldade, que não somos certinhos, e às vezes nos maltratamos, competimos, querendo nos livrar porque dói muito amor e não poder. E talvez, pisando no outro, ele desista e nos livre da decisão que não tomaremos. No caminho, vemos florezinhas azuis claras, dessas de vida curta, em plantas de 25 centímetros, entre meio-fio e asfalto. Elas estão ali, como a felicidade pode estar por toda parte, invisível, no som de um soprano, no doce da goiaba, nas contas de madeira da pulseira xamânica. Fabricamos felicidade, ou melhor, para sair
Reversos Pe. Flávio Sobreiro Poeta, Filósofo Clínico Cambuí/MG Dos mistérios da vida apenas o sorriso e as alegrias as manhãs que ainda irão chegar e as tardes que se despediram o brilho do olhar e o silêncio dos poetas apenas o presente a saudade do abraço e a esperança no futuro certezas não tenho me faço um com o mistério que ainda não tem nome e que faz de cada fragmento do meu ser o mais belo momento daquilo que em mim é um reverso das muitas vidas que cruzam as esquinas do meu ser

Visitas