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Sobre flores, jardins e tristezas* Cansado de retirar a ervas daninhas dos canteiros que encantam minha alma, sentei-me a beira das minhas desesperanças. O frio do outono que chegava de mansinho anunciava tempos de despedidas. Mas como despedir-me das flores que um dia eu tinha cultivado com tanto amor? Elas eram minhas amigas e por dias sem sol haviam me devolvido a alegria das noites estreladas. Tudo parecia em vão... O que antes havia sido um jardim florido hoje estava perdido numa selva de desilusões. Mas elas ainda estavam lá... Não poderia deixá-las morrer sem antes tentar salvá-las. Mas o cansaço das tardes de muitos dias anunciava-me o tempo das despedidas que estava chegando. O outono ia cumprir seu papel. Não raras vezes ele veio visitar-me. As folhas verdes de outrora estavam amareladas pelo tempo de incertezas. Outras novas iriam nascer e dar vida nova as que foram sepultadas por um vento sereno que as levou para longe de mim. Não gosto de despedir-me do que em mim f
Uma fenomenologia dos roteiros* “A solidão me madurou de borboleta... Estou apto, já posso discursar com minhas paredes.” Djandre Rolim Poeta Cigano Na intenção de olhar absurdo um ânimo extraordinário descreve a novidade ao meu redor. À primeira vista se parece com um visar de fatia, uma sensação de incompletude, logo depois se desdobra em possibilidades de interseção. Seu caráter de obra-prima desenha, em cada mudança perspectiva, eventos de primeira vez a se repetir. As entrevistas e suas contradições colocam em movimento o que parecia imutável. Talvez o sentido buscado, sem se saber que existia, para a desconstrução dos cenários pré-agendados. Nesse vislumbre andarilho uma estética do imaginário se compõe dos percursos a percorrer. Sua busca, quando apressada, pode conformá-la nalguma ótica definível. O viés discursivo diante do espelho pode reivindicar um distanciamento maior para desembassar suspeitas, desvendar vestígios, desajustar o foco excessivamente rígid
Um absurdo poder sobre si mesma* Ela tem dedos finos e longos e toca as pessoas de forma diferente, qual timbre tenham. A pianista morena seduz com o talento que tem e o usa a seu favor, sobre as melodias dos mestres que interpreta com a alma. Toca as teclas de geléia colorida, as frutas transformadas em vitrificados translúcidos ou opacos – a nobreza está na transparência. Comeria o mundo, como Simone de Beauvoir. Suas heroínas são Ana de Assis, Xica da Silva, a Dama das Camélias, Dona Flor, Pagu, Clarice, mulheres transgressoras, mulheres de poder, quando o poder sobre si mesmas já era um absurdo. A luta contra a exigência do padrão que exclui e fecha a liberdade a chance de cada um ser o que é para ser o modelo convencionado por tal sociedade humana. Puxa, o que é isso, um ventilador de teto? A pianista queria ser admirada pelo que era, e não pelo que tinha, posto que não tinha, ou tinha – apenas a história. E histórias bonitas ou tristes para se contar e escrever era preci
Música na experiência pessoal* Neste texto o foco será uma experiência pessoal. Minha experiência com a música, ou um aspecto dela em minha vida, ou em parte desta. Depois do início do cinema muitas vidas passaram a pautar seus momentos marcantes com músicas, trilhas sonoras de suas histórias. Tenho certeza de que não falo somente da minha. Seja no âmbito da paixão, amor, relacionamento, acontecimentos importantes, mudanças nos rumos da vida, experiências religiosas, todas costumam levar consigo uma música de fundo. E o interessante é que essa música será o gatilho para diversas lembranças vivenciadas. Sejam essas boas ou ruins. No meu caso, poucas são as músicas “gatilho”. E elas geralmente me conduzem a momentos que foram muito bons, embora carreguem consigo a nostalgia de um tempo que não voltará. Por vezes me proponho a não ouvir mais essas músicas. Mas, em outros momentos as tomo na lista que tenho guardada no computador e ouço. Por que faço isso? A resposta não me vem com
Fragmentos filosóficos delirantes XCXII* "(...) inaugurando uma epistemologia das margens para decifrar o fenômeno humano internado nos subúrbios" "Uma desenvoltura delirante compartilha rasuras ao mundo das certezas" "Na raridade do instante fugaz, as incompletudes embalam o espírito da metamorfose significante, de onde os eventos peregrinos costumam partir" "Com o exercício da autonomia retórica os textos se oferecem à procura de um leitor de amanhãs" "(...) uma lógica de náufrago aprendendo a nadar em meio à tempestade" "Imaginava um rascunho nalgum ponto entre as fronteiras do dizível" "Seu viés inusitado possui a linguagem própria dos fenômenos que tenta descrever" "O abismo entre a semelhança e a singularidade é um desses equívocos, de onde as tipologias retiram sua fonte de conhecimento" "Múltiplos disfarces protegem os segredos da vontade sem representação" "Lógica
Respeito é bom e eu gosto Jussara Hadadd Terapeuta sexual, Filósofa Clínica Juiz de Fora/MG Um princípio básico de convivência que é esquecido e desprezado pelas pessoas, faz com que casais que se amam, que estão dispostos a viverem felizes, que querem montar sua família e serem respeitados como seres adultos e capazes de conduzirem suas vidas, se magoem e muitas vezes convivam com conflitos, causados por aqueles que já passaram à posição de parente e não se conformam em perder as rédeas dos membros que alçaram vôo. O básico princípio, chamado respeito, é atropelado pelo egocentrismo de pais, de avós ou até de irmãos, que, se esquecendo do bom senso, utilizam-se de uma arbitrariedade justificada pela natalidade e adjacentes graus de parentesco, tentando a todo custo manter a posse sobre aquele que deseja partir em busca de palhas, cipós, sementes e tudo o que possa compor o seu novo ninho. Justificativas, na grande maioria das vezes, cercadas de preconceitos contra a diferen
Fragmentos filosóficos delirantes XCXI* "Uma das infelicidades a que estão sujeitas as grandes inteligências é a de compreender forçosamente todas as coisas, tanto os vícios como as virtudes" "Longe do centro onde brilham os grandes espíritos, onde o ar está carregado de idéias, onde tudo se renova, a instrução envelhece, o gosto se corrompe como uma água estagnada. Na falta de exercício, as paixões minguam avolumando as coisas mínimas" "Um por-de-sol é um grande poema, mas não será ridículo para uma mulher descrevê-lo com palavras grandiloquentes diante de criaturas materialistas ?" "Há delicadas voluptuosidades que não podem ser saboreadas senão entre duas criaturas, de poeta a poeta, de coração a coração" "(...) viveu durante algum tempo de sua própria essência e de esperanças longínquas" "Quantas recomendações! Lembrou-se de mil pequenos nadas" " (...) a deprimente polidez usada pelas pessoas bem-nasci

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