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A busca do que é “íntimo” na minha tela de computador* Nossa necessidade de outras pessoas é paradoxal. Ao mesmo tempo em que nossa cultura se encontra enredada na celebração de uma independência feroz, também ansiamos por intimidade e por uma ligação com um ser amado especial. Voltando um pouco para a raiz da palavra “intimidade”, do latim “intima”, que significa interior ou “mais interior”, para alguns autores como o Dr. Dan McAdams, que trata do tema intimidade, frequentemente a define assim: “O desejo de intimidade é o desejo de compartilhar nosso eu mais profundo com outra pessoa”. O psicanalista Social Erich Fromm afirmou que o medo mais básico da humanidade é a ameaça de ser isolado de outros seres humanos, que está relacionada afirma ele, a experiências humanas na tenra infância de onde se originam o medo, tristeza e mágoa. Levando-se em consideração a importância vital da intimidade, como tratamos de conseguir intimidade na nossa vida diária? Se uma das definições de i
Estranhamente muda! Ando tão calada que posso escutar as batidas do meu coração... Tenho me questionado o motivo de tanto silêncio e não encontro explicação! Será tristeza, apatia ou nada disso? Será que estou precisando ouvir mais? Mas o que? Como saber? Silenciando mais? Não encontro explicação. Talvez esteja enjoada ou cansada de falar para quem não entende determinadas coisas sutis... Talvez seja um silêncio de indignação ou só solidão. Não é vazio não, isso posso afirmar. Pensei que talvez seja porque ando a pensar em escutar com mais atenção. Porém, certeza, não tenho não! Sinto cada vez mais nítido o perfume das coisas, o som das poucas canções... Angústia também não é não! É um sem explicação! Os pensamentos tentam se organizar em meio ao silêncio do dia, as culpas vão se dissipando com leveza! Estou aprendendo a dizer não. Sim é fácil demais, entretanto, estive passando por cima de meu querer e de meu coração. Até, que o ato de escrever, tem me libertado
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXI* "Vagabundo* Eu durmo e vivo no sol como um cigano, Fumando meu cigarro vaporoso, Nas noites de verão namoro estrela; Sou pobre, sou mendigo, e sou ditoso! Ando roto, sem bolsos nem dinheiro; Mas tenho na viola uma riqueza: Canto à lua de noite serenatas, E quem vive de amor não tem pobreza. Não invejo ninguém, nem ouço a raiva Nas cavernas do peito, sufocante, Quando à noite na treva em mim se entornam Os reflexos do baile fascinante. Namoro e sou feliz nos meus amores; Sou garboso e rapaz... Uma criada Abrasada de amor por um soneto Já um beijo me deu subindo a escada... Oito dias lá vão que ando cismado Na donzela que ali defronte mora. Ela ao ver-me sorri tão docemente! Desconfio que a moça me namora! Tenho por meu palácio as longas ruas; Passeio a gosto e durmo sem temores; Quando bebo, sou rei como um poeta, E o vinho faz sonhar com os amores. O degrau das igrejas é meu trono, Minha pátria é o ven
Estamos juntos ?** Haicai * é uma forma extremamente pequena de poesia, surgida no Japão durante o século XVI, que valoriza a concisão e objetividade. A idéia é transcender a limitação imposta pela linguagem usual e pensamento científico-linear e transmitir a percepção da essência de um local, momento, drama em apenas 17 silabas. Tudo precisa estar refletido em poucas palavras. Em seu livro “Shogun”, James Clavell descreve esta forma de expressão como uma parte do ritual onde o guerreiro samurai escreve um Haicai antes de cometer o suicídio. Exemplo: “Barco de papel naufraga na torrente chuva de verão” ou “Estas pimentas! Acrescentai-lhes asas e serão libélulas”. Se já é difícil descrever o significado de uma existência, imagine agora fazer isto em apenas 17 silabas. Palavras impactantes que vão enquadrar o que restou da jornada de alguém neste planeta, neste plano. Um costume ocidental semelhante é colocar frases sobre túmulos e mausoléus (epitáfios) homenageando pessoas ali
Crônica de um Aviso* De que forma lhe avisam que não está bem, que tome cuidado, ou que precisa acordar? Se tentava libertar dos mitos que lhe ensinaram e das lendas que fez em si próprio. Escolhera não um caminho, pois gostava de variedade, mas três possibilidades. Um coração, uma mente e um espírito a seguir. E como agradar a tantos senhores, governantes de bulas diversas? A virtude queria corpo casto e mente limpa, ordeira como receptáculo do Bem, meta do espírito. Invariavelmente não realizava nem um, nem outra, nem outro. E brigava com Fulano, esfomeava Cicrana, amordaçava Beltrano. O fantasma reclama da usura e o ridiculariza em nome de modéstia e humildade, fruta amarelo-ocre com coração de espinhos. - Mas esses valores não estão na moeda, dizia ele. E não sabia se se escravizava nas dívidas, na acumulação ou na pobreza. O corpo mortificado pela mente esmorecia e definhava a esperança por músculos ferozes e poderosos, doces para os dentes da amiga. Não há mais fo
Estilo e Construção - A Alquimia na arte de escrever* Escrever é o mesmo que preparar uma receita. As palavras são os ingredientes necessários na etapa de preparação. Cada palavra somada a muitas outras irá dar a forma e consistência necessárias à elaboração da receita que já existe silenciosa na alma do escritor. Cada um irá elaborar seus textos de acordo com as inspirações nascidas no coração ou na razão. Na alquimia da arte de escrever criam-se estilos e métodos próprios. Cada texto tem sua receita única. Por mais que alguém tente copiar uma receita literária, ela nunca sairá como a original. Estilos na escrita são tão variados quanto às estrelas no céu. Na infinidade das formas está o ser de cada autor. Por isso que escrever é sempre uma aventura solitária. É sempre o autor diante de si mesmo e de suas vivências, na busca de tentar levar até o leitor o mundo que deseja partilhar no plural da vida. O que a vida imprimiu na alma é expresso em palavras nas páginas do tempo.
Uma filosofia da exceção* “Depois de ler essa passagem de Gertrude Stein, estilisticamente estranha: ‘uma rosa é uma rosa, é uma rosa’, ela de repente nos faz perceber que os problemas que a preocupavam só podiam ser expressos daquela forma.” Jacob Bronowski É incrível notar que gestos significativos possam ter o silêncio como chão. Ao saber das coisas indizíveis, parecem restar atitudes de excesso, para além do gesto reconhecível no olhar cotidiano. Esse lugar onde os loucos sonhos se exercitam, aprecia ter vínculos estreitos com a alma em instantes de transgressão criativa. Quase inacreditável ser a interrogação sua própria resposta, um vislumbre a se perder de vista para outros horizontes. Um rascunho de abstração profunda, no lugar nenhum da palavra reconhecida, eis a ousadia desses contornos de exceção. Na raridade da menção obtusa muita coisa morre pra seguir vivendo. Os desdobramentos subjetivos apreciam a i

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