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Divagações filosóficas descontinuadas* À percepção aristotélica é predominante a visão. Sua Metafísica a confirma. Mas, o verdadeiro para Platão nem está no que vemos. Nós só vemos a cópia. O original está nas Ideias. Husserl resolve ir às coisas mesmas. Heidegger aparece e diz que a questão fundamental ficou no esquecimento. Mas, a questão só tem valor enquanto questão. O erro não foi esquecer a questão, foi achar que a solucionaram. É mesmo? Tomás de Aquino pensa que resolve: Deus é o Ser, ato puro. Um verdadeiro cristão aristotélico. E o que diriam os (neo)platônicos? Agostinho que o diga. Nessa briga surge um alemão de sobrenome Lovejoy e diz que a história da filosofia não passa de notas de rodapé de Platão e Aristóteles. Será que é isso mesmo? Bom mesmo é Nietzsche, que resolve fazer uma filosofia à marteladas. Kierkegaard vai angustiar-se diante do que a filosofia não abarca, a fé. Ele diz que é necessário um salto qualitativ
Floripa* Querido leitor, que você esteja bem. Hoje vamos refletir sobre a nossa capital, exatamente sobre o nome de Florianópolis. Como você, ouvinte atento, deve lembrar, recentemente falei, em um artigo intitulado “Entre a Montanha e o Mar”, a minha relação com a água, com o mar. Naquela oportunidade escrevi que só fui conhecer o oceano quando tinha oito anos, antes disso, ficava imaginando como seria o mar. Também falei da minha relação com a orla marítima, com a água salgada, com as ondas, os ventos, os pássaros. Falei sobre o balneário Rincão e sobre as praias de Florianópolis. Lembro-me que deixei subentendido que muita coisa me fisgava em Floripa, e as praias era uma delas, e de uma importância decisiva. Contudo, algo jamais gostei da nossa capital, se é que você me entende: não gosto e assumo, não gosto do nome. Florianópolis. Como sabemos, seu nome é da junção de duas palavras: pólis, que significa cidade, e Floriano, que vem de Floriano Peixoto, primeiro presidente da
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXVI* Jogos de sombras Sempre que me procuro não me encontro em mim, pois há pedaços do meu ser que andam dispersos nas sombras do jardim, nos silêncios da noite, nas músicas do mar, e sinto os olhos, sob as pálpebras, imersos nesta serena unção crepuscular que lhes prolonga o trágico tresnoite da vigília sem fim, abro meu coração, como um jardim, e desfolho a corola dos meus versos, faz-me lembrar a alma que esteve em mim, e que, um dia, perdi e vivo a procurar nos silêncios da noite, nas sombras do jardim, na música do mar... *Hermes Fontes 1888-1930
Queridos amigos, colegas, articulistas, No dia de hoje atingimos 1021 postagens neste blog que se propõe, em seus recentes dois anos de existência, oferecer espaços de convívio, reflexão, humanidade, estudos e desenvolvimento em Filosofia Clínica. Parabenizamos a todos os nossos articulistas, colaboradores, visitantes, críticos, pela inestimável contribuição para a qualificação da Filosofia Clínica em todos os espaços por onde se oferece, como um novo modelo de atenção e cuidados com a vida: hospitais, empresas, clínicas, escolas.. Em 2013 teremos novas parcerias de atuação profissional, estágios, pesquisas, colóquios, publicações e outras agradáveis surpresas. Nossa busca é seguir contando com o talento e a cumplicidade do grupo todo e venha quem mais vier, pois a Casa é nossa! Um abraço fraterno, Coordenação
A palavra mágica* “Vive a tua hora como se gravasses o teu nome na epiderme de um tronco novo. Mas não voltes mais tarde para junto dessa árvore, porque podes não reconhecer o teu nome nas cicatrizes das velhas letras.” Felippe D’Oliveira Sua tez de singularidade maldita refere uma simbologia em viés de encantamento. Na veemência discursiva compartilha uma fatia generosa de paraíso. O sagrado_profano esboça uma íntima convivência com a reciprocidade. Os significados apreciam aliar-se aos papéis existenciais de travessia. Assim o feitiço da palavra como medicamento aprecia as estruturas mutantes envolvidas na interseção. Ao sugerir a cidade das maravilhas, é possível um novo entendimento e relação com o universo interior. Sua fonte de inspiração, muitas vezes, se faz menção em dialetos de esquiva. A magia, um pouco antes de ser representação traduzível, aprecia transbordar nalguma forma de excesso. Uma fenomenologia em aroma
A arte e a vida...* Depois de profunda reflexão chego a conclusão que o que realmente liberta e traz sentido a vida é a expressão. Não importa de que modo isso ocorra. Pode ser por uma pintura, uma canção, uma dança, um poema, não importa. O mais importante é a expressão. Digo isso por viver na pele essa necessidade diária de expressar o mais profundo do meu coração. O que existe de mais belo na minha alma é o ato de expressar. Acredito que por mais que se busque, que por mais que se conheça as filosofias de grandes mestres, sem expressão não há solução! Tenho pensado em como seria mais salutar se nos hospitais os doentes fossem tratados somente com arte. Por que não? A filosofia clínica permite esse casamento e é por isso que sou grata de tê-la conhecido. Quando trabalhava como atriz o que mais me intrigava nas personagens eram os seus porquês existenciais e hoje eu entendo que os espetáculos nos quais trabalhei foram aqueles que poderiam fazer de fato as pessoas melhores em su
Temperamentos do Tempo* Outubro inicia com mudança de direção dos ventos, usa o calor pra se fazer anunciar. Algumas pessoas são mais sensoriais que outras e como os ventos mudam a direção com seus afetos, não sem antes superaquecer para depois vaporizar suas resistências. Nunca ninguém tentou medicar o tempo, será que não perceberam ainda que ele é quadripolar? Há Sim, o tempo pode! Esta aquém a qualquer tipologia. Na verdade, o tempo está aquém do nosso controle, inspirou e ainda inspira muitas reflexões filosóficas. A espécie humana não aceita as infinitas variações de personalidades em sua natureza, algumas delas são consideradas patológicas e por isso sujeitas a todo tipo de intervenção. Mas o tempo, não da para controlar, dá? Com a onda de comportamento sustentável, com expansão da Eco Visão, constata-se que a concentração da manipulação humana junto à natureza, já causou seus estragos e dia a dia nos coloca mais e mais refém dos humores extremos da natureza. Muito já
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXV* Pintura a óleo/tela por Cândido Portinari (1934) Discurso proferido num jantar de poetas (1929) Eu faria um poema se fosse cabível ele ser contado agora por Eugênia. Porque então o que não pode ser dito ficaria sensível e visual na voz de Eugênia que é revelação. Para serem ditas por mim as palavras têm de valer por si mesmas. E exprimindo o seu sentido próprio, não poderão denunciar viva e presente a essência de nosso encantamento pela arte de Eugênia. Arte de prestidigitação que escamoteia o mundo aparente para substituí-lo por inúmeros mundos da invenção dos poetas, mundos profusos conjugados em sistema solar pela atração de sua sensibilidade transfiguradora. Desse encantamento, permanente em nós todos, nenhum de nós saberá contar. Admiração. Gratidão. Êxtase. Alegria. É tudo junto. É encantamento. Encantamento de Aladim que pede à lâmpada mágica coisas maravilhosas e tem logo a maravilha. E a maravilha não é a que esperava, a que se
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXIV* Que é Simpatia Simpatia – é o sentimento Que nasce num só momento, Sincero, no coração; São dois olhares acesos Bem juntos, unidos, presos Numa mágica atração. Simpatia – são dois galhos Banhados de bons orvalhos Nas mangueiras do jardim; Bem longe às vezes nascidos, Mas que se juntam crescidos E que se abraçam por fim. São duas almas bem gêmeas Que riem no mesmo riso, Que choram nos mesmos ais; São vozes de dois amantes, Duas liras semelhantes, Ou dois poemas iguais. Simpatia – meu anjinho, É o canto de passarinho, É o doce aroma da flor; São nuvens dum céu d’agosto É o que m’inspira teu rosto… - Simpatia – é quase amor! *Casimiro de Abreu
Virtualidades* Porque as redes sociais nos atraem tanto? Porque postamos infinidades de textos e imagens? O que nos liga ao virtual? Porque nos tornamos dependentes de uma rede de amigos que não conhecemos? Porque “curtimos” postagens? Porque compartilhamos? Porque não guardamos em nosso coração o que foi postado ontem? Porque os laços de amizade nas redes sociais são frágeis e anônimos? Por quê? Por que... Por que. O mundo virtual chegou para ficar. O Orkut ficou para trás com a chegada do Facebook. Quem nunca esperávamos encontrar nas redes sociais chegam sem avisar. Alguns ainda relutam em se conectar. Outros estão conectados 24 horas. A vida particular tornou-se publica com os álbuns de fotos. Do sofá ao baile conhecemos o que alguém fez no final de semana ou nas férias. O desconhecido tornou-se conhecido. O anônimo tornou-se celebridade. O particular tornou-se universal. Porque postamos? Cada um irá dar uma resposta a esta questão. Postamos para não ficarmos de fora da mod
Que assim seja! Eterna Paz Como é bom adormecer Com a consciência tranquila As chuteiras penduradas Depois do dever cumprido Despertar num mundo livre E despoluído Onde tudo é só amor... (Martinho da Vila) O que quer que seja que te faz bem... que seja de todas as cores, formas e de todos os muitos sentidos de que pode transparecer. De todos os desejos... que sobressaia a Paz, ainda que em opostas vontades, sejam elas simples ou banais, extremas ou complexas, pois da oposição pode surgir o consenso ou a alternativa que faltava a persistentes expressões. Que seja ansiada em suas tantas cores e nuances, refletindo espectros de infinitos raios de gentileza e compaixão, buscada em suas crenças e partilhada por sentimentos que vão além da simplória compreensão cotidiana. Ampliada, através dos espaços e permeada em múltiplos tempos ou em cada tempo subjetivo, para que se possa conceber seu significado nos desejos entremeados de conexões sutis de entendimentos. Contemplada
Nietzsche: platonismo, cristianismo e amor fati* "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música" (F. W. Nietzsche). Há alguns que desconsideram Nietzsche como filósofo pelo fato deste criticar a filosofia. Mas, se há uma característica típica da filosofia, essa está em ela ser crítica de si mesma e constantemente se colocar em questão. Desse modo, Nietzsche é de fato filósofo quando filosoficamente põe em cheque a história do pensamento ocidental em sua base. A partir disso, qual é a crítica desse filósofo ao pensamento ocidental? Primeiramente precisamos ver como geralmente os manuais de filosofia – introduções, textos de história da filosofia, etc. – tratam o suposto avanço que o pensamento filosófico legou para o Ocidente. Em geral nos é apresentado uma passagem do Mito ao Logos, do discurso elucidado pela “fantasia” ao desenvolvido pela elaboração explicativa racional. Sócrates, até muito mais do que os que o

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