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Quando silenciar é alienação*** Sábados pela manhã. Cafefil. Gente que tem a coragem de pensar e dizer o que vem de dentro, sem medo da crítica e das oposições epistemológicas. Como é bom filosofar e aprender a história da filosofia! Vicia e aquece nosso coração. A pergunta que não me calou esta semana: - Será que silenciar e falar no mesmo tom é sabedoria? Pensei, repensei e li vários autores sobre o silenciar. Eu mesmo publiquei no meu último trabalho: Meditações Filosóficas um texto sobre a importância do silenciar. Mas, agora, repenso nos cuidados que precisamos ter com este silenciar. Até que ponto não se passou a silenciar por medo da crítica? O silenciar não pode também conter uma repressão e medo da exposição? Quantas vezes não se silencia para disfarçar e mostrar uma sabedoria, que no fundo é falsa? Ou mesmo representar um papel de educado e fino, quando na verdade é uma máscara social para enganar os outros? Nem sempre o silenciar tem a riqueza que sabemos ser necess
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXVIII* Itinerário A que horas sai o trem para a saudade? Quero um lugar já nos primeiros bancos para chegar mais depressa ao que perdi, voltar aos sonhos da minha mocidade quando não tinha estes cabelos brancos e não pensava em sofrer o que sofri. Quero um lugar no trem que está partindo e que sai desta estação rumo ao passado em cima de infindáveis e invisíveis trilhos, onde quem hoje chora vai sorrindo, quem dorme para sempre está acordado e quem já é até avô não tinha filhos. Quero um lugar no trem antes que parta e eu não tenha outro modo de rever tanta coisa que ainda guardo na lembrança: uma foto amarelada, um lenço, a carta, o perfume que nunca mais pude esquecer e o lugar onde ficou minha esperança. Por favor, dê-me logo essa passagem, pois já escuto o sinal e até o apito que avisa a todos que é hora da partida. Eu não posso perder essa viagem, talvez a última que faço, ansioso e aflito, em
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXVII* Almas perfumadas* Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver. Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Rotas polares* “E percebo que não importa onde eu esteja, seja em um quartinho repleto de ideias ou nesse universo infinito de estrelas e montanhas, tudo está na minha mente. Não há necessidade de solidão. Por isso, ame a vida como ela é e não forme ideias preconcebidas de espécie alguma em sua mente" (Jack Kerouac) Na vida, às vezes, é preciso traçar caminhos que nos levem de um ponto a outro por rotas aparentemente mais longas e difíceis. São percursos instáveis, que se delineiam quase que como atalhos e que podem inadvertidamente invadir territórios desconhecidos, demonstrando ser amigáveis ou não. Na verdade, dificilmente há como prever o que quer que seja, ainda que exista busca. Mesmo acontecimentos próximos, presumíveis e consequentes são passíveis de mudanças na rota, de instabilidades temporais e de revezes de humor. Já as possibilidades são absolutamente infinitas e a vida, traiçoeiramente inconsequente. Então ocorre que as linhas temporais se sobrepõem a cada í
O Limite que Liberta* Livre é quem aprende a viver com sabedoria e maturidade diante das escolhas que a vida apresenta. Vivemos em uma sociedade que convida-nos ao pleno exercício da liberdade. Contudo, a vida exige que aprendamos a ser livres em meio a outros que conosco trilham caminhos singulares que se encontram nos plurais existenciais de nossas experiências humanas, sociais e culturais. Em busca de uma liberdade fantasiosa muitas atrocidades têm sido cometidas em nosso meio. Ser livre está longe de fazer o que se quer sem pensar nas consequências. A liberdade verdadeira nasce do profundo e sincero desejo de ser ponte e não abismo que aprisiona e fecha possibilidades de uma vida plena e feliz. Tudo aquilo que escraviza o ser humano torna-se prisão. Liberdade sem limites é uma triste maneira de estar preso sem saber. Muitos estão presos na liberdade que buscaram para si mesmos. Tornaram-se escravos de uma liberdade perigosa. Vivem sem limites pela vida. A minha liberdade term
Divagações filosóficas descontinuadas* À percepção aristotélica é predominante a visão. Sua Metafísica a confirma. Mas, o verdadeiro para Platão nem está no que vemos. Nós só vemos a cópia. O original está nas Ideias. Husserl resolve ir às coisas mesmas. Heidegger aparece e diz que a questão fundamental ficou no esquecimento. Mas, a questão só tem valor enquanto questão. O erro não foi esquecer a questão, foi achar que a solucionaram. É mesmo? Tomás de Aquino pensa que resolve: Deus é o Ser, ato puro. Um verdadeiro cristão aristotélico. E o que diriam os (neo)platônicos? Agostinho que o diga. Nessa briga surge um alemão de sobrenome Lovejoy e diz que a história da filosofia não passa de notas de rodapé de Platão e Aristóteles. Será que é isso mesmo? Bom mesmo é Nietzsche, que resolve fazer uma filosofia à marteladas. Kierkegaard vai angustiar-se diante do que a filosofia não abarca, a fé. Ele diz que é necessário um salto qualitativ

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