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SANTOS E PECADORES* “Todo homem vale mais que seu erro”. Li esta frase e pensei em escrever sobre os errantes, mas não com aquele olhar que enaltece o homem que erra na tentativa de descobrir algo ou acertar. Também não pretendo analisar crimes ou outros atos bestiais. Quero falar do outro lado do erro, daquelas pessoas que sem qualificação nem designação para a função, colocam-se no lugar de juízes, criticam e decidem o que é moralmente correto ou incorreto. Levam em conta suas verdades, aquilo que aprenderam ou lhes é conveniente no momento para condenar o suposto erro do outro. Acham-se donos da verdade, santos, castos, honestos, mas nem sempre fazem aquilo que pregam, tampouco reconhecem os próprios erros. Imaginem uma mulher que no início do século XX, teve a ousadia de se divorciar, realizando aquilo que muitas secretamente desejavam. Algumas mais destemidas chegavam até mesmo a planejar a própria morte ou a dos maridos como solução de seus casamentos infelizes. P
Escrituras, desleituras, releituras II* " Enquanto detivermos os olhos nos países de cultura mais avançada e adotarmos critérios de beleza em moda neles para adaptá-los aos nossos, nossa arte será um pueril arremedo, sem força para subsistir mais que o período de duração dessa moda" "(...) a literatura no Brasil é mero diletantismo, a que só por irresistível pendor natural se entregam sonhadores, os quais mais naturalmente propendem para o verso, propício aos sonhos e fantasias, que para a prosa, mais amiga das realidades" "(...) e fez da sua vida a sua grande obra d´arte" " (...) mas para eu te dar a minha atenção e o meu apoio é necessário que me dês tu´alma inteira transubstanciada em obras de vulto como as quero. Constrói-me com isso, por exemplo, o romance de São Paulo, o romance das ruas que esfervilham burburinhantes, como caudal de sonhos, ambições, vaidades, sofrimentos, a defluir para o sorvedouro do grande Nada.." "Que c
O ser: consideração inicial* Desde Parmênides a filosofia ficou conhecida como aquela que busca o ser. O ser foi um conceito abstrato elaborado pelo homem para referir-se à totalidade. Entretanto, a abstração não significa destituição ou afastamento da concretude da vida. “Abstrato significa elaborado pelo espírito a partir da experiência.”[i] O filósofo é aquele que, antes de tudo, vive. Nessa vivência reconhece que há um conhecer caracterizado por um saber prático. Ou seja, o homem vive na ocupação (prática) de seus afazeres deparando-se constantemente com os entes em seu sentido individualizado: ferramentas, objetos, carros, pessoas, etc. Entretanto, há um elemento que impulsiona o homem a encontrar uma unidade de significado da realidade. Um desses impulsos é o caráter de indigência próprio do homem, que se vê na iminência de formar sua identidade a partir do que lhe é externo, ou do que não é o si próprio. Nessa busca, reconhece que há um fundamento que possibilita a relação
Vale quanto pesa* Quanto vale o seu prazer? E o que te dá prazer? Já sei. O poder te dá prazer. Não? Você nem sabe o que é o poder? Você tem um poder? Todos nós temos algum poder, depende do quanto e como o sabemos. Para mim, depende também do quanto precisamos representá-lo para o mundo. Ok, novamente a pergunta: Quanto vale o seu prazer? O meu prazer vale uma gargalhada, um suspiro profundo, a beleza de um olhar verdadeiro, uma acomodação da alma, um pulsar cardíaco além do natural, um aperto no ventre imoral. Vale alguém me pedir o meu sorriso mais aberto e gostoso, vale minhas lágrimas de alegria e a minha certeza em pensar que naquele momento eu morreria feliz. O meu prazer vale a minha casa em paz e o meu direito de ir e vir resguardado. Vale eu me reconhecer como uma pessoa boa e justa, ainda que defenda o meu ponto de vista sobre Deus e o mundo. O meu prazer vale me dedicar ao homem que eu amo sem me preocupar se aos olhos do mundo, sou menos alguma coisa que a conv
Forças que movem mundos* “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original" (Albert Einstein) O mundo é movido por forças... provavelmente por infinitas forças pulverizadas a partir das vontades de todos que habitam seus próprios mundos. São forças passíveis de vencer inércias, sejam físicas ou existenciais. E que impulsionam a espiral existencial em direção ao desconhecido, na sua tortuosa trilha rumo ao limite que a espera. Teoricamente, até agora foram determinadas apenas quatro forças fundamentais, que ditam a coerência e a coesão do que percebemos e de como entendemos a realidade que experimentamos. A força gravitacional, aquela da maçã, é a que nos confere peso e nos mantém conectados ao planeta; a que não permite que a Lua caia sobre a Terra e a que impede o Universo de se estatelar sobre si mesmo. A questão é saber até que ponto estamos realmente atados a esta condição intrínseca à existência. A gravidade é apenas um atributo físico, ain
Rasuras a foto inesquecível* O processo de reinvenção pessoal está vinculado à superação dos obstáculos de travessia. As etapas de antes ou depois costuma exigir menos. A interseção entre ideia e atitude será testada e pode não bastar. A escolha e ensaio dos procedimentos, além de um robusto autoconhecimento podem ser decisivos para concretizar buscas. Um freio eficaz é a revisita ao velho álbum de fotografias. A escolha dos conselheiros, a idealização do que já passou. Olhar para trás, seguidamente e sem perspectiva agenda retrocessos, estanca transbordamentos, aprecia a sensação de protagonista em uma estória que não lhe pertence. À pessoa refém dessa lógica, ao querer matar a saudade, mata a vida passando. Sim, existem pessoas que vivem bem onde estão. Não se sentem ameaçadas com a transformação ao seu redor. Existencialmente pacificadas, testemunham a movimentação alheia com certa tranquilidade. Outra armadilha de transição é
Renascer em Vida* Queridos leitores, Pablo Neruda, poeta chileno, diz que “morre lentamente quem não lê, quem não viaja, quem não ouve música, quem não acha graça em si mesmo, quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar...” O mestre Jesus Cristo diz que “a semente tem que cair na terra, morrer para depois renascer”. Para mim, Ele estava falando dele mesmo, da sua paixão, de sua morte e, acredito, do nascimento do Cristianismo. Algumas pessoas são como mortos vivos, apenas respiram, comem e caminham, mas não sabem eles que “estão mortos”. Não sentem mais o gosto da comida, da bebida, não gostam do canto dos pássaros, não percebem a beleza das flores, não sentem o perfume da rosa, da orquídea. A lua, as estrelas, o sol, a noite, o dia, o inverno, o verão não são mais percebidos. Atravessam uma praça de flores e borboletas e não percebem, estão apressados. Apressados para quê? No que estamos nos transformando? Parece-me que estamos nos suicidando lentamente sem percebe

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