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Escrituras, desleituras, releituras V* Sobre a Escrita... Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio. Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras. Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas
Flores pelo caminho da alma* O vento vai trazendo e levando sementes. Plantando sonhos e desejos. Imaginando. Devaneios múltiplos. Angustiadamente duvidando assobiando vai. Lá vai o vento e o tempo! Lá vai! Pelos caminhos pedregosos, Flores, entre meios, escutam o vento. E se deliciam sem ao menos se entristecer. Há mais sentido em tudo Do que se enrigecer diante os vendavais. Render e se deixar levar, Como as folhas e flores, Acendem a alma e encantam a vida. As flores pelo caminho da alma Dão lições que nem mesmo o vento, Com toda sua serilepice, Consegue alcançar. Quem tem ouvidos aprende. Quem vê através da alma, imagina. Quem planta colhe poesia. *Rosângela Rossi Psicoterapeuta, escritora, filósofa clínica Juiz de Fora/MG
Tempo* Há deuses nos olhando... E dentre todos que nos assistem e insistem, O tempo é entidade das mais estranhas. Não se desnuda facilmente; Não se permite ao óbvio... muito menos se oculta dele. Como nuvens que esvanecem, Corre solto por aí, inconsequente em seu percurso vago. Obstinados e alucinados a ele se agarram... Enquanto certos outros lhe abrem as portas, Deixando passar até o que desconhecem. Mergulhados em sonoridades leves, livres e intensas, E pe(n)sares profundos ou transitórios, Aguardam sentenças inexoráveis e incoerentes, Algumas dotadas do sabor efêmero de deleites incomuns... O sabor do tempo de cada um. Sua natureza imprevisível A uns engana E a outros simplesmente não se permite. Não plenamente... Sabe que seu sofrer e ressentimento não são por vezes Sequer percebidos na fugacidade que os envolve. Ele sabe ser carente do que não pode reter, Do que não se aventura a revelar; Driblado como se a rede da incredulidade o balançasse Ou abanasse
Bom dia amigos* O cineclube AudiovisUAI de São Tiago/MG retornará às suas atividades no mês de fevereiro. A primeira exibição acontecerá no domingo, dia 17, com uma sessão especial no FORNO da praça de São Tiago, a partir das 19 horas. Falaremos de samba, Baden Powell e Cartola e, também, de circo e palhaços. E muito café-com-biscoito! Participe e convide seus amigos divulgando a nossa programação. *Mariana Fernandes Cineasta, jornalista, filósofa clínica Coordenadora do Cineclube AudiovisUAI São João del Rei/MG
O SIM QUE VALE POR UM NÃO* Vou iniciar contando uma piada antiga, a diferença entre o político e a mocinha. Quando o político diz “sim”, significa “talvez”. Quando fala “talvez”, quer dizer “não”, e quando diz “não”, deixa de ser político. Por outro lado, quando a mocinha diz “não”, tem o significado de “talvez”. Quando fala “talvez”, quer dizer “sim”, e quando diz “sim”, deixa de ser mocinha. Sem entrar no mérito da piada, a intenção foi apenas ilustrar quantas vezes dizemos “sim”, quando na verdade gostaríamos de falar “não” e vice versa. Será que é mais fácil dizer um “sim” que um “não”? Dizer “sim” não demanda muitas explicações, mas dizer “não” quase sempre exige uma justificativa. Em tese, se você concordar e aceitar terá maiores chances de agradar e ser bem quisto pelos outros. Por isto, algumas pessoas dizem “sim”, mas terminam agindo como um “não”. Você não queria ir à praia, mas não conseguiu recusar o convite. Vai mas fica emburrado o tempo todo, sequer pisa na arei
A Santa Maria que eu vivi!** A que bebeu poesia* A louca que passa Deixou na vidraça Um olhar que no fundo Tem muita desgraça. Será minha mãe A pobre da louca Que nada mais tendo Conserva a ternura? Será minha noiva Que louca ficou Depois que parti No barco da guerra? Será minha filha A louca do bairro Que a vida judiou Depois que morri? Ou foi a poesia Que a louca bebeu Que lhe deu esse ar De ser doutro mundo? *Luiz Guilherme do Prado Veppo Médico psiquiatra, professor de literatura, poeta 1932 - 1999 **Hélio Strassburger
Os poemas * Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... *Mário Quintana (Esconderijos do Tempo)
Sobre a arte de redigir silêncios* Uma fenomenologia da espera descreve seu vocabulário pela quimera a se mostrar esconderijo. A palavra refugiada na estrutura do silêncio parece dizer mais. Seu instante fugaz aponta entrelinhas de um esboço. Seu viés multiplica-se nos enredos da expressão absurda. A suspeita de uma razão vigiada persegue eventos pelos contornos da ficção. Talvez essa novidade, como um deslize da ideia não declarada, se mostre nas páginas em branco. Esses episódios se sucedem em pretextos para um sentido à margem do discurso principal. Os manuscritos do inesperado podem ser anúncio ao relatar invisibilidades. Ao interrogar esses indizíveis esconderijos das perolas imperfeitas, um olhar escuta a geografia dos exílios. Os espaços desacreditados se protegem no retiro das fórmulas secretas. Os rituais da linguagem singular apreciam a redescoberta desses espaços calados. Ânimos de diversidade na interseção entre a promessa
O Pecado abaixo da linha Equador* Na verdade, está abaixo de tudo e, principalmente, abaixo do que jamais gostaríamos que fizessem conosco. O pecado não está em buscar a felicidade ou viabilizar uma nova e alegre vida, mas sim em não avisar ao outro que passou a precisar de uma vida nova. Está também em fazer tentativas com outro alguém, deixando o parceiro em stand by, caso se meta em alguma furada. O pecado está em deixar de amar e não comunicar. Em não libertar o outro enquanto sai em busca do que é bom para você. O pecado está em minar cruelmente e lentamente a relação, o outro e tudo o que possibilitaria a continuidade da união, criando justificativas para atender a impulsos de leviandade que nascem exclusivamente de sua incapacidade com a autoconvivência e com a convivência reta e proposta com alguém a quem um dia elegeu como o seu grande amor. - Ele agora é cheio de defeitos e conhece todos os meus, por isso, mereço e me permito alguém melhor. Vou tentando e se não achar,
Nova Lua Cheia_27jan2013* Eis uma Nova Lua Cheia. E com ela a possibilidade de que algo novo realmente aconteça. Esta é a primeira lua cheia do ano e favorece a percepção dos condicionamentos antigos já, que não servem mais para muita coisa. É uma Nova Lua Cheia sincrônica com o Arcano Maior do Tarô, A Torre, conhecido também como a Casa de Deus. Arcano que inaugura e favorece novas estruturas, um novo chão e a possibilidade de iniciar algo a partir de novas bases, pós aniquilação das antigas. Momento para perceber que muita coisa não funciona mais. O movimento da natureza é lento, sábio e constante, não linear necessariamente ao que os nossos olhos possam considerar como linear, porém, cíclico, em círculos gigantes e pequeninos, mas nunca em saltos. Ela é constante em seus movimentos, e somos natureza também. Pois bem, mas há algo novo no ar a espera de decodificação. Há necessidade de enxergar o que não compactua com o atual momento. Se tudo pode ser novo já e nossas perce
Alétheia ou Des-velar* “Des-velar” é a tradução literal da palavra grega “Alétheia”, que significa “verdade”. As concepções de verdade ao longo da história são diversas – adequação da coisa ao intelecto, validade de proposições, etc –, entretanto, ao escolher esse termo grego e a atribuição dada, sobretudo por Heidegger, para o qual a “verdade como ‘desvelamento’ possui diversas consequências. A verdade já não é mais algo do qual podemos ou devemos estar certos em um sentido cartesiano ou husserliano. Nós podemos estar certos de proposições, eu estou certo de que isto e isto é assim. A busca pela verdade não é uma busca pela certeza sobre aquilo que já sabemos ou cremos, mas uma busca pela descoberta de âmbitos ainda desconhecidos”[i] Diante disso, vou apresentar artigos, ensaios, resenhas ou texto de ordem diversa com o intuito de partilhar minha aquisição de conhecimento, defesa ou ataque de determinada tese ou simplesmente exercitar minha prática de escrita por meio de alguma
Escrituras, desleituras, releituras IV* "A leitura haverá de ser sempre uma ética. Incumbe-lhe ensinar o homem a viver e a respirar o universo" "Ao contrário de Machado de Assis, que se mascarou para exercer uma realidade que só se realiza plenamente no espaço da metáfora, Lima Barreto presumiu que a projeção verbal da realidade - que é uma criação, e portanto, a passagem para outro universo - dispensa a intermediação estilística, exclui a máscara capaz de revelar o verdadeiro rosto da vida" "Obra aberta, Dom Casmurro assenta a sua verdade romanesca na ambiguidade, sendo, pois, esteticamente irrelevante interrogar-se se Capitu é culpada ou inocente, se andou de amores escondidos com Escobar ou se tudo não passou de imaginações de um temperamento ciumento, sensual e doentio como Bentinho" "(...) nossa identidade é sempre uma versão ou uma relação" "(...) escrevo os meus poemas e a Poesia, sendo alquimia e vertigem, corresponde ao us
Penúltimas notícias: Edital 001/2013: Inscrições para estágio institucional em Filosofia Clínica: Encontram-se abertas as inscrições para a turma 2013 de estagiários em Filosofia Clínica - Período: 01/02/2013 - 01/03/2013 - Local: Hospital Psiquiátrico Espírita em Porto Alegre - Vagas: 10 vagas – 05 no hospital-dia e 05 na internação integral - Pré-requisitos: conclusão da parte teórica em centro de formação reconhecido, parecer do professor titular e pré-estágio - Entrevista e avaliação curricular com a coordenação - Duração: 06 meses – início em março/2013 - Inscrições e demais informações: casadafilosofiaclinica@gmail.com - Coordenação: Casa da Filosofia Clínica

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