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O Lobo do Homem* Querido leitor que você esteja em paz. Thomas Hobbes, filósofo inglês que viveu na idade moderna (1588-1679), populariza um dizer de Plauto (254-184) “Homo homini lúpus”. Traduzindo para o português, a frase quer dizer “o homem é o lobo do homem”. De acordo com Hobbes, o egoísmo é o mais básico comportamento humano. Ele acreditava que o homem é por natureza mau e, se você lhe tirar seu espaço, ele se torna agressivo e cruel com seu semelhante. A solução para que essa maldade seja amenizada era que o homem deveria ser privado de certas liberdades. Essa era a única forma que Thomas Hobbes via de manter a ordem e a paz nos burgos, do contrário, será uma “guerra de todos contra todos”. Para o filósofo inglês, os homens são perfeitamente iguais, desejam as mesmas coisas, têm as mesmas necessidades, o mesmo instinto de autopreservação. Por isso, em “Estado Natural” ele necessita do conflito e, dessa forma, surgem as revoltas e a guerra. As guerras existem, portanto,
Leitura ingênua* Esses dias, remexendo em alguns livros que (impulsivamente) comprei em sebos, encontrei um que somente comprei por causa do preço (R$ 7,00). Uma obra de John Stuart Mill, intitulada Da Liberdade (On Liberty). Resolvi lê-lo nas horas vagas para ver do que trata, já que é de uma coleção chamada Clássicos da Democracia e por ser um texto do século XIX, achei que não fosse achar interessante. Afinal, “um livro sobre filosofia política, quase bicentenário, poderia ser enfadonho”. Mas, para minha surpresa, estou gostando. Inclusive espero, assim que estiver com mais tempo, fazer uma resenha. Entretanto, o que gostaria de tratar no presente texto não é da qualidade ou das teses da obra de J. S. Mill. Lendo-o percebi que a primeira impressão de um livro pode nos levar a enganos. Em outras palavras, o que num primeiro momento parece uma ideia bem articulada e claramente compreensível, pode esconder diversas teses, temas subentendidos, finalidades não esclarecidas, questõe
Matemática da Vida* No compasso do tempo o círculo da vida divide-se em partes nem sempre iguais que desiguais somam partidas e chegadas e multiplicam esperanças subtraem barreiras e constroem pontes nos centímetros de pequenas alegrias quilômetros são percorridos e no segundo que antecede a chegada vitoriosa a eternidade se faz memória do passado sempre presente em futuras equações repletas de possibilidades que de tão velhas e cansadas sabem-se incertas na soma final do hoje que se perde nos encontros das horas cronometradas no relógio da vida que no tempo de cada tempo surge o tempo que nos resta na felicidade que se faz igual presente nos contextos frágeis de questões sem respostas e números escritos com silêncio nascidos na alma e crescentes no ser *Padre Flávio Sobreiro Poeta, filósofo clínico Cambuí/MG
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXXI* Um instante Aqui me tenho Como não me conheço nem me quis sem começo nem fim aqui me tenho sem mim nada lembro nem sei à luz presente sou apenas um bicho transparente *Ferreira Gullar
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXX* Soberania Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo do vento escorregava muito e eu não consegui pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado e disse que eu tivera um vareio da imaginação. Mas que esses vareios acabariam com os estudos. E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio. E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria das idéias e da razão pura. Especulei filósofos e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande saber. Achei que os eruditos nas suas altas abstrações se esqueciam das coisas simples da terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo — o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase: A imaginação é mais importante do que o saber. Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei um pouco de inocência na
Escrever para se conhecer* Escrever me compele a escrever. Pensar me faz pensar. Meu ócio nem sempre é criativo como gostaria que fosse, mas eu procuro fazer dele algo pra mim. No meu ócio criativo, quando dos meus insights me embebedo, escrevo muitas coisas que gostaria que tivessem tom filosófico, porém às vezes não são. Quando são poemas, também fico feliz! Pois quando têm tom filosófico, fico maravilhado! Levo comigo meu bloco de notas, no mundo moderno, no celular, para não perder tempo procurando lápis ou caneta. Apesar de ser um "escritor" à moda antiga, estou cada vez mais me rendendo às tecnologias do mundo moderno. Em compensação, minha mente vai muito mais além e mais rápido do que meus dedos conseguem acompanhar. No meu ócio criativo, transformo-me a cada frase composta. Repenso em várias coisas ao mesmo tempo; e chego à conclusão de que estou sempre aberto à mudança. A vida é transformação e transformação pressupõe movimento. No movimento da minha vida, e
Escrituras, desleituras, releituras V* Sobre a Escrita... Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio. Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras. Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas

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