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Escrituras, desleituras, releituras VI* "O artista da fome vai longe demais. Mas este é o risco, o perigo inerente a qualquer ato artístico: deve-se estar disposto a dar a vida" "(...) pedir vida às palavras é arriscar-se a ser esmagado por elas" "Tudo tem lugar na ausência, na distância entre palavra e elocução, e cada poema surge no momento em que nada mais resta a dizer" "A obra que desperta nosso senso de literatura, que nos dá um novo sentimento do que a literatura pode ser, é a obra que muda nossa vida. Muitas vezes, parece improvável, como se surgisse do nada, e por estar tão implacavelmente fora da norma, não temos escolha a não ser criar um novo lugar para ela" "Louis Wolfson se situa fora da literatura como a conhecemos e para sermos justos com ele devemos lê-lo em seus próprios termos. Pois somente assim seremos capazes de descobrir o livro dele pelo que é: uma das raras obras capazes de mudar nossa percepção do mundo&
O Lobo do Homem* Querido leitor que você esteja em paz. Thomas Hobbes, filósofo inglês que viveu na idade moderna (1588-1679), populariza um dizer de Plauto (254-184) “Homo homini lúpus”. Traduzindo para o português, a frase quer dizer “o homem é o lobo do homem”. De acordo com Hobbes, o egoísmo é o mais básico comportamento humano. Ele acreditava que o homem é por natureza mau e, se você lhe tirar seu espaço, ele se torna agressivo e cruel com seu semelhante. A solução para que essa maldade seja amenizada era que o homem deveria ser privado de certas liberdades. Essa era a única forma que Thomas Hobbes via de manter a ordem e a paz nos burgos, do contrário, será uma “guerra de todos contra todos”. Para o filósofo inglês, os homens são perfeitamente iguais, desejam as mesmas coisas, têm as mesmas necessidades, o mesmo instinto de autopreservação. Por isso, em “Estado Natural” ele necessita do conflito e, dessa forma, surgem as revoltas e a guerra. As guerras existem, portanto,
Leitura ingênua* Esses dias, remexendo em alguns livros que (impulsivamente) comprei em sebos, encontrei um que somente comprei por causa do preço (R$ 7,00). Uma obra de John Stuart Mill, intitulada Da Liberdade (On Liberty). Resolvi lê-lo nas horas vagas para ver do que trata, já que é de uma coleção chamada Clássicos da Democracia e por ser um texto do século XIX, achei que não fosse achar interessante. Afinal, “um livro sobre filosofia política, quase bicentenário, poderia ser enfadonho”. Mas, para minha surpresa, estou gostando. Inclusive espero, assim que estiver com mais tempo, fazer uma resenha. Entretanto, o que gostaria de tratar no presente texto não é da qualidade ou das teses da obra de J. S. Mill. Lendo-o percebi que a primeira impressão de um livro pode nos levar a enganos. Em outras palavras, o que num primeiro momento parece uma ideia bem articulada e claramente compreensível, pode esconder diversas teses, temas subentendidos, finalidades não esclarecidas, questõe
Matemática da Vida* No compasso do tempo o círculo da vida divide-se em partes nem sempre iguais que desiguais somam partidas e chegadas e multiplicam esperanças subtraem barreiras e constroem pontes nos centímetros de pequenas alegrias quilômetros são percorridos e no segundo que antecede a chegada vitoriosa a eternidade se faz memória do passado sempre presente em futuras equações repletas de possibilidades que de tão velhas e cansadas sabem-se incertas na soma final do hoje que se perde nos encontros das horas cronometradas no relógio da vida que no tempo de cada tempo surge o tempo que nos resta na felicidade que se faz igual presente nos contextos frágeis de questões sem respostas e números escritos com silêncio nascidos na alma e crescentes no ser *Padre Flávio Sobreiro Poeta, filósofo clínico Cambuí/MG
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXXI* Um instante Aqui me tenho Como não me conheço nem me quis sem começo nem fim aqui me tenho sem mim nada lembro nem sei à luz presente sou apenas um bicho transparente *Ferreira Gullar
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXX* Soberania Naquele dia, no meio do jantar, eu contei que tentara pegar na bunda do vento — mas o rabo do vento escorregava muito e eu não consegui pegar. Eu teria sete anos. A mãe fez um sorriso carinhoso para mim e não disse nada. Meus irmãos deram gaitadas me gozando. O pai ficou preocupado e disse que eu tivera um vareio da imaginação. Mas que esses vareios acabariam com os estudos. E me mandou estudar em livros. Eu vim. E logo li alguns tomos havidos na biblioteca do Colégio. E dei de estudar pra frente. Aprendi a teoria das idéias e da razão pura. Especulei filósofos e até cheguei aos eruditos. Aos homens de grande saber. Achei que os eruditos nas suas altas abstrações se esqueciam das coisas simples da terra. Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo — o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase: A imaginação é mais importante do que o saber. Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei um pouco de inocência na

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