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Liberdade* Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro pra ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa… Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quando há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha quer não! Grande é a poesia, a bondade e as danças… Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca. *Fernando Pessoa
Poetando* Fui poesia quando não podia ser vida enquanto diziam que eu fazia poesia da vida. Assim, me amaram nos textos, mas neles eu sublimava. Fazia os personagens dos filmes, sorria por dentro, chorava na carne. E um dia, de tanto papel escrito empilhado, a poesia se materializou. Pensamentos repetidos se fizeram coisas e junto às coisas apareceram pessoas. Junto com as coreografias que imaginei para a bailarina, de sapatilha em ponta e tutu de tule, me apresentaram o espetáculo com cenário de luzes a céu aberto. Assim, há chance para recompor a identidade; Talvez não seja Marte, Mas uma outra vida. *Vânia Dantas Filosofa Clínica Brasília/DF
DESCULPA LETÍCIA* Estava noivo, casamento marcado para o mês seguinte, quando fui abordado por uma namorada da adolescência, pedindo que abandonasse todos os planos e voltasse para ela. Parece até enredo de novela mexicana, mas a vida nos reserva surpresas que superam a ficção. Sabe aquela fase em que você está apaixonado, só tem olhos para sua amada, decoram juntos o apartamento onde vão morar, planejam detalhes da festa de casamento, entregam convites e sonham acordados com a lua de mel? Neste clima surge a Letícia jogando areia, propondo terminar meu casamento e re-iniciar um romance antigo. Havíamos namorado durante quase cinco anos. Foi um namoro ótimo, até o dia em que o pai dela foi transferido para outro estado e a família o acompanhou. Trocamos cartas com juras de amor durante um tempo, mas a distância foi nos afastando até que perdemos totalmente o contato. Quase dez anos sem noticias, para agora receber este furo de reportagem dizendo que sou o amor de sua vida e que
Apontamentos, poéticas noturnas XIV* Com licença poética Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos — dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. *Adélia Prado
Mozarts e Saliéris* Existe um tema quase invisível, talvez por seu teor ideológico: o convívio professor- aluno (destaque), ao qual ofereço algumas reflexões. Numa relação conturbada, muitos mestres, no convívio com seus alunos de maior competência, buscam desmerecê-los. Em uma sucessão de atitudes contraditórias: algumas vezes hostis outras elogiosas, propõe alijar o aluno de algo que lhe pertence. O crime deste? Ter habilidades e talentos singulares na disciplina do professor, muitas vezes até, ultrapassando os limites dos seus ensinamentos. A história nos ajuda a recordar o teor clássico do tema. Na premiada peça de teatro Amadeus de Peter Shaffer (1979), inspiradora do filme Amadeus de Milos Forman (1984), ganhador de vários prêmios, se vê retratado um período da vida e a convivência de Antonio Saliéri e Wolfgang Amadeus Mozart. No filme aparece um Saliéri, compositor italiano, integrante da corte de José II da Áustria como um mestre competente. Professor de gênios c
Apontamentos, poéticas noturnas XIII* Subversiva A poesia Quando chega Não respeita nada. Nem pai nem mãe. Quando ela chega De qualquer de seus abismos Desconhece o Estado e a Sociedade Civil Infringe o Código de Águas Relincha Como puta Nova Em frente ao Palácio da Alvorada. E só depois Reconsidera: beija Nos olhos os que ganham mal Embala no colo Os que têm sede de felicidade E de justiça. E promete incendiar o país. * Ferreira Gullar
Incertezas* Hoje estava pensando em como é difícil viver nesse mundo repleto de incertezas de um constante vai e vem por todos os lados. Sentei em um bar – sim, porque à beira do caminho é só para os literatos – para tomar um chope e pensar na vida. Recentemente, li um livro de um filósofo brasileiro chamado Mário Sergio Cortella que nos coloca muitas inquietações. O livro se chama Qual a tua obra? e eu me peguei pensando nisso enquanto tomava minha gelada. Confesso que não consegui pensar em nada... Só via pessoas indo e vindo em um frenesi que toma conta hoje de qualquer lugar no mundo – afinal, somos mais de 7 bilhões de destruidores do meio ambiente. Ainda absorto em meus pensamentos o olhando fixamente para o nada, comecei a pensar que poderia estar ficando maluco e que poderia estar sendo acometido pela doença dos grandes filósofos, assim como Nietzsche: a loucura. Sim! Porque nada faz sentido! As pessoas passando, de um lado para o outro, os ônibus e os carros – aliás, j

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