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Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes* "Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam." *Jack Kerouac
Primavera Lunática* Pinto paredes Fome de tudo Ousadia Comer as cinzas Do vulcão que me habita *Mariah de Olivieri Artista plástica, escritora, mestre em filosofia, estudante de filosofia clínica Porto Alegre/RS
PENSAR É TRANSGREDIR* Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido. Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!" O problema é que quando menos
Pretéritos imperfeitos* “A experiência trivial do dia-a-dia sempre nos confirma alguma antiga profecia (...)” Ralph Waldo Emerson Existem eventos que possuem um começo sem fim. Perseguem uma in_de_termin_ação futura na travessia pelas antigas pontes. Neles é possível vislumbrar uma sombra suspeita, como algo mais a perturbar a lógica bem ajustada das convicções. Assim a grafia parece se orientar por um ontem a perdurar. Atitude rarefeita de olhares a perseguir buscas contaminadas. Esse contágio parece querer singularizar a pluralidade de cada um. Apreciam a menção de fatos acontecidos no prolongamento do instante. Aparecem como atuação simultânea de um em outro, seu paradoxo dilui-se numa dialética de integração. Uma de suas características é realçar fatos no momento em que ocorriam. Essa incerteza quanto ao amanhã, parece coincidir com o desfecho provisório de seu inacabamento. Nessa terra de ninguém uma infindável tram
Fragmentos poéticos, filosóficos delirantes* (...) Estou cansado da inteligência. Pensar faz mal às emoções. Uma grande reação aparece. Chora-se de repente, e todas as tias mortas fazem chá de novo Na casa antiga da quinta velha. Pára, meu coração! Sossega, minha esperança factícia! Quem me dera nunca ter sido senão o menino que fui… Meu sono bom porque tinha simplesmente sono e não ideias que esquecer! Meu horizonte de quintal e praia! Meu fim antes do princípio! Estou cansado da inteligência. Se ao menos com ela se percebesse qualquer cousa! Mas só percebo um cansaço no fundo, como pairam em taças Aquelas que o vinho tem e amodorram o vinho. *Fernando Pessoas
Bem vinda seja tu,mente que pensa...* Sobre a proposta para sair do reducionismo. Eis que entre todos “ismos” (pessimismo,conformismos,modismos,psicologismos..) se encontra o homem. Ao que parece, todos estes lugares comuns e bem comuns, já não servem e não se sustentam. O ser humano começa transbordar na ordem social que criou. Somos criadores e sempre desde sempre, reféns de nossas criaturas, estas que nos impõe para o andar em sentidos antagônicos e paradoxais. No entanto se avaliarmos com uma lupa existencial, a que se considerar alguns pontinhos de convergência. Derruba-se muros e se constrói barreiras. Cai um império sob dominação de outro. Dita-se uma religião e mata-se uma cultura (politeísta Grega por exemplo). Ha neste movimento um quê de sobriedade ante a inconsciência das grandes massas , que reagem automatizadas sobre qualquer verdade que as façam esquecer da dor, das diferenças, da falta de alcance a caminhos dignos a existência. Respondem às vezes hipnotizad
Via Láctea (trecho XIII)* “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A Via Láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora! “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.” *Olavo Bilac
Ao vivo, a cores e em PB* Deus pintou a natureza toda de várias cores, inclusive nossos amiguinhos, os animais. Quando chegou ao homem, resolveu usar apenas duas cores e nós não entendemos nada. Queria ver se a humanidade fosse um verdadeiro arco-íris (Marcos Teixeira**) Nascemos sem cor... a alma que chega ao mundo está vazia, como um quadro branco a ser preenchido com os tons e sobretons da vida. Não sabemos se somos brancos, pretos, amarelos, pardos, rosados, vermelhos, ou seja lá que nuances existam mais. Nascemos apenas com as possibilidades de escolha à frente, ainda que as condições não sejam tão razoáveis. O fato é que não daremos conta, obviamente, das tantas estranhezas que surgirão e provavelmente nem saberemos dar nome às sutilezas que as entrelinhas insinuarão. Nas fotografias existenciais ocorre que nem sempre preto é preto, branco é branco e as outras cores podem enganar os sentidos mais do que somos capazes de perceber. A verdade é que não deveria haver distin
CONFITEOR DO ARTISTA* Ah! Como os fins dos dias de outono são penetrantes! Penetrantes até doer! Porque há certas sensações deliciosas cujas imprecisões não excluem a intensidade; não há ponta mais aguda do que a do infinito. Grande delícia que é a de afogar sua vista na imensidão do céu e do mar! Solidão, silêncio, a incomparável castidade do azul! Uma pequena vela tremulante que, por sua pequenez e seu isolamento, imita a minha irremediável existência; melodia monótona das vagas, todas essas coisas pensam por mim ou eu penso por elas (pois na grandeza dos devaneios, meu eu se perde rapidamente!); elas pensam, digo eu, mas musicalmente e pitorescamente sem perspicácias, sem silogismos, sem deduções. Todavia, tais pensamentos que saem de mim ou se projetam das coisas cedo tornam-se intensos demais. A energia na volúpia cria um mal-estar e um sofrimento positivo. Meus nervos tensos demais só dão vibrações gritantes e dolorosas. E agora a profundidade do céu me consterna; sua l
A psicologia de Sartre* Outro dia estava discutindo com uma colega psicóloga sobre a teoria sartriana da existência que precede a essência. Após a discussão, dei-me conta de uma coisa: e se o existencialismo de Sartre fosse já um essencialismo velado? Pois é. Estávamos conversando sobre a ótica da Psicologia e não da Filosofia. Sobre a ótica da segunda, há vários aspectos problemáticos que podem aparecer. Mas é sobre a primeira minha teoria. O existencialismo de Sartre nos diz que o homem, a sua vida inteira, está sempre se fazendo, ou seja, determinando sua essência através de uma existência prévia. Nesse sentido, há uma primazia da existência sobre a essência. Entendo essência por aquilo que o homem traz dentro de si e que o constitui e, segundo Sartre, o homem não a traz: ela é construída com o passar do tempo. Porém, se formos analisar, o homem está sempre buscando se conhecer e quando procura um atendimento psicológico, antes de mais nada, ele quer entender como é que ele
Fé, Confiança e Esperança* Querido leitor, paz! Recebi recentemente uma mensagem em meu e-mail, dessas muitas que recebemos diariamente. Passei o olho e gostei. Gostei pela simplicidade e objetividade. Inspirado nela, repasso a você. Espero que assim como eu, você também goste. Certa vez, o povo de um vilarejo decidiu se reunir no centro do lugar para orar pedindo por chuvas. O solo estava seco e havia muito tempo que não caía uma gota sequer. Diante do acordo com todos os moradores, apenas um deles, um garoto, trouxe guarda-chuva. Isso tem nome, isso é fé. Quando você joga um bebê de um ano de idade para o alto, algo corriqueiro, principalmente para nós pais. Fazendo isso na criança, ele gargalha porque sabe que, na queda, alguém irá segurá-lo. Isso tem nome, isso é confiança. A cada noite, antes de dormir, não temos garantia alguma de que estaremos vivos na manhã seguinte, de que levantaremos e seguiremos nossa jornada. Mesmo assim, colocamos o despertador para tocar
Ah! Os Relógios* Amigos, não consultem os relógios quando um dia eu me for de vossas vidas em seus fúteis problemas tão perdidas que até parecem mais uns necrológios… Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida – a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira. Inteira, sim, porque essa vida eterna somente por si mesma é dividida: não cabe, a cada qual, uma porção. E os anjos entreolham-se espantados quando alguém – ao voltar a si da vida - acaso lhes indaga que horas são… *Mario Quintana
Ciúme* Sempre achei que ciúme era um sentimento baixo e jamais me atingiria. Confiava na altura do meu “taco” e na mulher que estava a meu lado. Até o dia em que tudo mudou. Fui atacado por um sentimento de perda, uma ameaça de abandono, um medo de não mais ser amado. Algo não andava bem. Seria ciúme ou quem sabe algum outro sentimento parecido? Talvez inveja, ansiedade, depressão...O nome do que sentia nem era tão importante, mas como desprezava tanto o ciúme e tinha vergonha de estar sendo contaminado por este monstrinho de olhos verdes, procurei ajuda. Para se caracterizar como ciúme é preciso o envolvimento de no mínimo três pessoas. Aquela que sente, a pessoa de quem se sente e o motivador do ciúme. A diferença entre ciúme e inveja é que o primeiro traz o sentimento de propriedade a ser perdida e o segundo, o instinto de apropriação indevida. Não restava dúvida
Canção de Mim Mesmo* 1. Eu celebro o eu, num canto de mim mesmo, E aquilo que eu presumir também presumirás, Pois cada átomo que há em mim igualmente habita em ti. Descanso e convido a minha alma, Deito-me e descanso tranqüilamente, observando uma haste da relva de verão. Minha língua, todo átomo do meu sangue formado deste solo, deste ar, Nascido aqui de pais nascidos aqui de pais o mesmo e seus pais também o mesmo, Eu agora com trinta e sete anos de idade, com saúde perfeita, dou início, Com a esperança de não cessar até morrer. Crenças e escolas quedam-se dormentes Retraindo-se por hora na suficiência do que não, mas nunca esquecidas, Eu me refugio pelo bem e pelo mal, eu permito que se fale em qualquer casualidade, A natureza sem estorvo, com energia original. 2. Casas e cômodos cheios de perfumes, prateleiras apinhadas de perfumes, Eu mesmo respiro a fragrância, a reconheço e com ela me deleito, A essência bem poderia inebriar-me, mas não permitirei. A a

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