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Liberta_lua* E houve Sol na maior parte do mês que passou… em céus de brigadeiro. A sensação muitas vezes foi a de que se atravessava um deserto, sem água, sem gente, só com a gente mesmo. Foi uma Lua seca, com mais luz e calor. Houve claridade, com e sem dor, sendo possível somente enxergar. E, de tão claro, o desejo foi muitas vezes por não ver, aparecendo um tipo de escuro inédito. A Lua desse mês oferece alívio aos andarilhos, seja porque o Sol está aí junto de outros companheiros já, seja porque é uma Lua_Liberta que vem para aliviar de uma ou de muitas formas. O mês passado deixou algo nítido, expresso e forte. Simples, por isso também complexo. As chances agora são de passear por lugares mais refrescantes e fluentes, com mais leveza sim. Libertações já estão presentes como presentes. Há maturidade para isso, pois existem memórias significativas de vivências que somente puderam ser decodificadas através dessa condição. Senão, não o foram. E a principiância é desejad
Fragmentos filosóficos delirantes* "(...) De que serve acumular dinheiro! A morte tem uma segunda chave do vosso cofre. Os Deuses vendem todas as coisas a preço modico, diz um poeta antigo. Poderia acrescentar que vendem as melhores pelo mais baixo preço. Tudo o que nos é verdadeiramente necessário pode adquirir-se por pouco dinheiro; só o supérfluo é posto á venda por um preço elevado. Tudo o que é verdadeiramente belo não está á venda; é-nos oferecido como um dom pelos deuses imortais. É-nos permitido ver o nascer e o pôr do sol; as nuvens errantes no céu; as florestas e os campos; o mar maravilhoso, sem dispender nada. As aves cantam para nós de graça; temos o direito de colher as flores silvestres, pelos caminhos, quando passamos. Não ha preço de entrada sob a abobada iluminada de estrelas, de noite. O pobre dorme melhor que o rico. A alimentação simples tem melhor gosto que a do Ritz. Contentamento e paz interior prosperam melhor numa casita do campo que num pa
O ESTRANGEIRO* — A quem mais amas tu, responde homem enigmático: teu pai, tua mãe, tua irmã ou teu irmão? — Não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão. — Tens amigos? — Eis uma palavra cujo sentido, para mim, até hoje permanece obscuro. — Tua pátria? — Ignoro em que latitude está situada. — A beleza? — Gostaria de amá-la deusa e imortal. — O ouro? — Detesto-o como detestais a Deus. — Então a que é que tu amas, excêntrico estrangeiro? — Amo as nuvens... as nuvens que passam... longe... lá muito longe... as maravilhosas nuvens! *Charles Baudelaire
DESTINO* Podem acreditar, o destino vai mandar algumas cartas inesperadas. Boas e ruins. Não há como prever. Está além de nossas capacidades. Como lidar quando estas circunstâncias surgirem? Boas noticias não constituem problema e podem ser aproveitadas e curtidas na sua devida hora. Resta saber o que fazer com as más novas? A imprevisibilidade inerente não permite nenhum conselho, entretanto, podemos trabalhar nossos pensamentos para não ficarmos sem chão quando a hora ruim chegar. Ler muito ajuda. Perder-se nas páginas dos livros é um dos instrumentos libertários mais poderosos para a sobrevivência humana. Além da cultura e experiência de outras pessoas, teremos a chance de conhecer mais do mundo e de nós mesmos. Ao conseguir se projetar e levar para dentro de um texto sua vivência pessoal, emoções, buscas, preconceitos, o leitor mergulha e se confunde com o que lê. O único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor. Se este for suficientem
Dicas de narrativas poéticas: Narrativas Poéticas - Coleção Santander Brasil De 22 de maio a 14 de julho Entrada Franca A exposição Narrativas Poéticas leva ao público, pela primeira vez, a Coleção Santander Brasil de obras de arte. Reunindo trabalhos de pintores como Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Tomie Ohtake e poetas como Antonio Cícero, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes, o recorte conceitual adotado pelos curadores Helena Severo, Franklin Espath Pedroso, Eucanaã Ferraz e Antonio Cícero propõe um diálogo entre a produção de artes visuais e de poesia brasileiras. Além das obras, a mostra conta com elementos multimídia, como áudios com fragmentos de poemas recitados por seus autores e projeções dos textos poéticos no espaço expositivo. Santander Cultural Porto Alegre Rua Sete de Setembro, 1028 Centro Histórico. Porto Alegre/RS. Tel. 51 3287 5500 De terça a sábado, das 10h as 19h Domingos e feriados, das 13h as 19h
Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes* Manoel por Manoel Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando eu era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto. Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É

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