Pular para o conteúdo principal

Postagens

Dançar para fluir no mundo*

Voltei para casa ontem à noite e durante a noite fria questionava o porquê da dança na minha vida. Descobri que cada vez que eu me movimento e sinto a energia de cada alongamento para preparar-me para a aula de dança vou despertando minhas células para a vida. Me sinto vibrante e viva quando danço! Talvez eu nem consiga mais parar de dançar nessa existência, vício que tanto me ilumina a alma! Gratidão por esse encontro tão profundo com o movimento. Minha intersecção com a dança tem sido muito construtiva e reveladoramente positiva. Andando pela cidade percebi a beleza de poder expressar felicidade pelo suor do movimento coreografado! Marcado! Preciso! Muitas vezes repetidos e ensaiado! Quase parece improvisado, mas não! Muita transpiração para aproximar-me da perfeição. De repente, percebi que estava perto de casa e olhei para alguns rostos ao redor. Observei que tantas são as questões que nem mesmo se minha bola de cristal não estivesse quebrado não conseguiria, de fato, des
Louvor do Revolucionário* Quando a opressão aumenta Muitos se desencorajam Mas a coragem dele cresce. Ele organiza a luta Pelo tostão do salário, pela água do chá E pelo poder no Estado. Pergunta à propriedade: Donde vens tu? Pergunta às opiniões: A quem aproveitais? Onde quer que todos calem Ali falará ele E onde reina a opressão e se fala do Destino Ele nomeará os nomes. Onde se senta à mesa Senta-se a insatisfação à mesa A comida estraga-se E reconhece-se que o quarto é acanhado. Pra onde quer que o expulsem, para lá Vai a revolta, e donde é escorraçado Fica ainda lá o desassossego. *Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas' **Tradução de Paulo Quintela
Fragmentos de vida e poesia* "Amo as pessoas. Todas elas. Amo-as, creio, como um colecionador de selos ama sua coleção. Cada história, cada incidente, cada fragmento de conversa é matéria-prima para mim. Meu amor não é impessoal, nem tampouco inteiramente subjetivo. Gostaria de ser qualquer um, aleijado, moribundo, puta, e depois retornar para escrever sobre os meus pensamentos, minhas emoções enquanto fui aquela pessoa. Mas não sou onisciente. Tenho de viver a minha vida, ela é a única que terei. E você não pode considerar a própria vida com curiosidade objetiva o tempo todo..." *Sylvia Plath

Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes*

" (...)Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se levam anos para se construir confi
Fragmentos poéticos, filosóficos, delirantes* "(...) Quem Poderá Calcular a Órbita da sua Própria Alma? As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma? (...)" *Oscar Wilde, in 'De Profundis'
Lembrando Lou Salomé* A alma rufla para longe. O ser se vai em momentos de desespero da alma engaiolada. Em dor, o corpo exige primazia. Em posse dela, os seres se assemelham. Se arrastam pela noite da alma barbarizam seus rostos insanos arranham as paredes da vaidade não vêem a hora de dizer adeus a cada prova mais amarga a cada dia mais exposta e inexplicável. Sim, a vida da alma dói de tal modo que a irradiação nociva atinge camadas e vai penetrando pele e peles internas - mucosas; glândulas; seivas; veias rupestres; fibras nem tão inocentes; e, quando é funda demais, atinge os ossos e diz que veio pra ficar. Sim, a alma se vai como vão-se os anéis. É o divórcio imediato do qual resulta a depressão. Mas, se queres viver, viva por ela neste mundo de Maya. *Vânia Dantas Filósofa Clínica Brasília/DF

Os dons das fadas*

Era um grande encontro de fadas para proceder à distribuição de dons entre todos os recém-nascidos, chegados à vida, nas últimas vinte e quatro horas. Todas essas antigas e caprichosas Irmãs do Destino, todas essas mães bizarras da alegria e da dor eram bem diferentes: umas tinham o ar sombrio e ranzinza, outras um ar caçoador e malicioso; umas jovens que sempre foram jovens e outras velhas que sempre foram velhas. Todos os pais que tinham fé nas fadas vieram, trazendo, cada um deles, seu recém-nascido nos braços. Os Dons, as Faculdades, as Boas Sortes, as Circunstâncias invencíveis estavam acumuladas ao lado do tribunal, sobre o estrado, para uma distribuição de prêmios. O que havia ali de particular é que os Dons não eram a recompensa de um esforço mas, pelo contrário, uma graça concedida aquele que ainda não vivera e que poderia determinar seu destino e tornar-se tanto a fonte de sua infelicidade quanto a de sua felicidade. As pobres Fadas estavam muito ocupadas, pois a multi
Presente Lunar* O ponto é de chegada e, em breve, de partida novamente. O presente é esta estação que nos permite voltar a considerar e reconsiderar. Celebremos, pois muitos foram os contatos com vibrações felizes em nosso ser. A Lua anterior nos libertou de estados anteriores e nos aproximou de caminhos que desejamos mais, tanto de forma individual como coletiva, e a imobilização saiu de cena. Chegamos a este tempo lunar que abrirá as possibilidades de recomeço, quando tudo poderá ser mexido após ou ao final desse momento, mas ainda não. O silêncio é nossa recompensa para que haja usufruto e regozijo, de diversos modos, pois há ainda quem desfrute de forma violenta, devendo muita sutilização ser alcançada. O tempo localiza-se no agora, no estado corporal, com a respiração tranquilizadora. Reverências ao nosso esqueleto que nos permite elevação. Reverências também ao nosso anahata chakra (do coração) que nos permite enlevarmo-nos. E que sua fala, mesmo baix
Gaia* Você sabe como eu sou despreocupada que me encerro neste quarto e me permito todas as divagações, as fantasias obsessões, perseguições, todos os dias você sabe que eu me viro de inventos que eu me reparto e dou crias que eu mal me resolvo e me aguento carrego pedras no bolso e enfrento ventanias. Você sabe como eu sou desorientada raciocínio pelo instinto e cometo fugas de túnel de ladra de galeria uso malhas e madras manhas e lenhas e percorro superfícies em que você escorregaria Mas você sabe como eu sou de subsolos de subterfúgios, de subversos subliminares como eu sou de submundos subterrãneos, de sub-reptícias folias meio de circo, meio de farsa ervas, panfletos, fluídos, presságios quebrantos, jeitos, gírias, reviras de sensações e cismas, filosofias de como eu sou de estradas, andanças, pressentimentos atmosférica e vadia gato da noite, de crises, guitarras ouros e danças e circunstâncias de vinho azedo e companhia. Que eu sou d
Pretéritos futuros* “Mas a função do filósofo não será a de deformar o sentido das palavras o suficiente para extrair o abstrato do concreto, para permitir ao pensamento evadir-se das coisas ?” Gaston Bachelard A concepção de um esboço de como seria a tradução de ideias em atitudes, poderia dizer a vida em retrospectiva de amanhãs. Um lugar onde se alcançaria a perspectiva imaginada, como se fora uma invenção a transbordar oceanos. Uma linguagem do futuro pretérito se oferece na palavra tentativa de superar o instante_antítese entre o vivido e sua descrição. Existem pessoas aprisionadas nalguma página do grande álbum das suas vidas. Numa dialética entre passado, presente e futuro, nem sempre conseguem realizar uma desconstrução de qualidade, capaz de alterar aquilo que já deveria ter sido. Raros transitam com leveza e desenvoltura entre um lugar e outro de sua estrutura existencial. Partindo do viés singular, numa percepção reflexiva da realidade plural, é
Fragmentos poéticos, filosóficos* Minha vida não é essa hora abrupta Em que me vês precipitado. Sou uma árvore ante meu cenário; Não sou senão uma de minhas bocas: Essa, dentre tantas, que será a primeira a fechar-se. Sou o intervalo entre as duas notas Que a muito custo se afinam, Porque a da morte quer ser mais alta… Mas ambas, vibrando na obscura pausa, Reconciliaram-se. E é lindo o cântico. (...) As folhas caem como se do alto caíssem, murchas, dos jardins do céu; caem com gestos de quem renuncia. E a terra, só, na noite de cobalto, cai de entre os astros na amplidão vazia. Caimos todos nós. Cai esta mão. Olha em redor: cair é a lei geral. E a terna mão de Alguém colhe, afinal, todas as coisas que caindo vão. *Rainer Maria Rilke
A Filosofia da Criança* A observação é realmente algo bom para se começar um estudo. Antropologicamente falando, a observação de nós homens é boa para termos idéia de costumes locais, crenças, culturas e outras coisas mais. Filosoficamente falando, podemos compreender os sistemas éticos e morais e que nos cercam e nos formam. Mas observando, ainda sob o olhar filosófico, uma outra população formada por gente miúda, as crianças mesmo, podemos ter uma idéia muito boa sobre nós mesmos e sobre nossos sistemas políticos etc.. As crianças são extremamente sinceras e estão sempre prontas a “jogar” sua sinceridade na nossa cara. Não me canso de pensar que elas são o retrato mais puro do que há dentro de nós mesmos e nós nem nos damos conta do quão verdadeiro isso pode ser. Por exemplo: quando aprendemos a dividir? A criança não divide, é dela e ponto! Ela luta pelo que entende ser bom e seu, somente seu. Já tentaram tirar um brinquedo da mão de uma criança? Ela não deixa! Faz uma força inc

Visitas